Monte Sião é muito mais do que o tricô

Cidade do sul de Minas, na divisa com o Estado de São Paulo, oferece mais atrações do que as malharias

Por: Reginaldo Pupo, especial para A Tribuna  -  11/07/21  -  15:07
  A famosa Praça Prefeito Mário Zucato é uma atração por si só, no paisagismo com formas lúdicas que encantam crianças e adultos
A famosa Praça Prefeito Mário Zucato é uma atração por si só, no paisagismo com formas lúdicas que encantam crianças e adultos   Foto: Jéssica Aquino/Especial para A Tribuna

Igrejas, mosteiros, praças, museus, cachoeiras, artesanatos e até produtores de queijos, vinhos e doces são alguns dos muitos atrativos da pacata e acolhedora Monte Sião, no Sul de Minas Gerais, na divisa com Águas de Lindóia. A cidade está a 270 km de Santos.


Esses pontos turísticos fogem do tradicional roteiro de malhas e tricô, que fazem a fama do destino desde 1973, quando o município recebeu, oficialmente, o título de Capital Nacional da Moda Tricot.


Um dos lugares mais visitados é a Praça Prefeito Mário Zucato. O espaço é tomado por diversas espécies de árvores e plantas que foram primorosamente podadas, dando formas a desenhos de bichos como elefantes, aves, coelhos e até dinossauros. Há até filas de turistas para fazer fotos nessa verdadeira obra de arte da jardinagem.


Ainda na praça, turistas moderninhos contrastam com alguns de seus moradores mais antigos, que ainda mantêm as características típicas do interior, como o uso do chapéu de palha. Hospitaleiros e bons de “prosa”, alguns deles mascam fumo enquanto contam seus “causos” e depois vão embora a cavalo pelas ruas movimentadas do centro.


Na praça ainda é possível colocar as crianças para pilotar carrinhos de madeira, para tomar sorvete à moda antiga, naquelas máquinas que transformam líquidos coloridos na guloseima. Nada de carros barulhentos ou rebaixados. Muitos jovens saem com as namoradas pilotando charretes.


Museu


E se a ordem é voltar ao tempo, a alguns quarteirões dali, programe uma visita ao Museu Histórico e Geográfico de Monte Sião, que exibe a cultura local e as tradições, em objetos e utensílios de épocas remotas.


Entre os destaques, está a réplica de uma casa feita do mesmo material usado antigamente, técnica de pau a pique, e bonecos de cera representando cenas do cotidiano dos antepassados, além de objetos que eram utilizados para o trabalho.


Conta também com uma réplica de cavernas de Minas Gerais e uma gruta artificial com representação realista, única construída em um museu brasileiro.


Barbearias, farmácias, sapatarias e até um consultório dentário móvel, de 1924, são reproduzidos fielmente com objetos originais de suas respectivas épocas. A primeira máquina de fazer tricô de Monte Sião também está exposta.


Os apaixonados por automobilismo vão vibrar ao se deparar com um caminhão Chevrolet de 1927, de quatro cilindros e 40 cavalos, montado nos Estados Unidos.


Porcelana, tradição e marca registrada


  Há cerca de 200 tipos de peças produzidas artesanalmente no local
Há cerca de 200 tipos de peças produzidas artesanalmente no local   Foto: Jéssica Aquino/Especial para A Tribuna

Um ícone de Monte Sião, as porcelanas que levam o nome da cidade são objetos de desejo de muitos turistas por causa das formas, da qualidade e, principalmente, da pintura feita à mão, que remete às porcelanas portuguesas coloniais fabricadas desde o século passado. Os cerca de 200 tipos de porcelanas produzidos artesanalmente na fábrica, que existe desde 1959, são as únicas patenteadas nas cores azul e branca do País.


A produção começa com a junção dos quatro minérios necessários para a formação da massa que, ao final, se transformará na porcelana: caulim, feldspato, argila e quartzo. Após a formação de uma matriz, que posteriormente gerará cópias dos produtos a serem produzidos, após 60 horas girando em um gigantesco tambor, a massa é estocada para depois ser reidratada.


Após esse processo, são feitos os moldes de pratos, xícaras, jarras, pratos, tigelas, travessas, floreiras, vasos, entre outras centenas de produtos, e objetos de decoração. Depois de tudo ir ao forno a 1.300°C, queimando por 40 horas por 70m3 de lenha, os produtos passam a ganhar sua principal característica e identidade visual, que é a pintura, feita de tinta azul de cobalto.


As queimas são quinzenais e são utilizadas madeira de reflorestamento. Essa técnica é a única no Brasil. Outra parecida existe apenas na Holanda.


Centro das atenções


Localizado na Praça Prefeito Mário Zucato, o receptivo turístico de Monte Sião acabou se tornando um dos atrativos mais visitados (e fotografados) do lugar: funciona em um micro-ônibus totalmente “envelopado” e decorado com tricô. Algumas peças do veículo, como os parafusos da roda, ganharam decoração feita em peças de porcelana. O receptivo funciona desde 2019 e a cada ano o envelopamento muda para dar lugar a outro tema escolhido pelos idealizadores. O tema deste ano é Tudo O que É Feito com Amor Floresce. Passam pelo receptivo, em média, 1,5 mil turistas apenas aos sábados, segundo a coordenadora Marivani Ruiz. No interior do ônibus, funciona uma espécie de empório onde são expostos produtos artesanais da cidade ou região, como cafés, cachaças, doces, porcelanas, vinhos, roupas e objetos de decoração.


Do Estado inteiro


Aproveite também para fazer uma visita às lojinhas que vendem doces típicos mineiros e lembrancinhas. São uma infinidade de produtos como cachaças artesanais, queijos, vinhos e conservas. Em uma das lojas mais tradicionais, a Estação Mineira, 99% dos produtos vendidos são produzidos em Minas Gerais. O proprietário Rodrigo de Castro Ribeiro aproveita os finais de semana livres para rodar o estado em busca de novidades. “Aqui valorizamos tudo o que é produzido em Minas”. O resultado é a oferta de produtos de qualidade, como os queijos da Serra da Canastra e de Alagoa; cachaças artesanais de Salinas e vinhos de Andradas, por exemplo. Além de produtos alimentícios e bebidas, a loja também tem uma infinidade de lembranças, artesanatos, brinquedos e itens para decoração.


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