Depois das perdas nos períodos mais restritivos da pandemia, entre 2020 e o ano passado, as empresas do setor de turismo aceleram a retomada. Segundo executivos que participaram da 49ª Abav Expo, evento da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav), realizada em Olinda (PE) na semana passada, há muita demanda reprimida – quem não viajou, pretende fazê-lo agora.
Porém, conforme os relatos, há entraves, como empresas turísticas endividadas devido às restrições na pandemia e efeito da inflação nas passagens.
Consultoria do segmento de hoteís, a Índigo nota um cenário atual de recuperação. “O mercado deu uma aquecida com o fluxo de viagem tanto de lazer como corporativo. O lazer sinalizou uma reação antecipada, enquanto o de negócios ainda sofre para retomar atividades principalmente pelo custo dos aéreos”, diz o diretor da Índigo, Ricardo Assalim.
No entanto, ele diz que o período é de recuperação, já que houve muito prejuízo no tempo em que as redes hoteleiras ficaram sem receita nenhuma. Desta forma, a estratégia adotada pelos hotéis para chamar atenção dos clientes e se destacar no mercado tem sido apostar em pacotes. “Existe pouca margem para promoção em tarifa, então cria-se pacotes com atividades e benefícios”.
Jalapão
Por outro lado, o presidente da Associação Tocantinense de Turismo Receptivo (ATTR), Fernando Torres, diz que o cenário é de preocupação na região turística de Jalapão neste ano. Isso porque os consumidores que ficaram um tempo sem poder sair de casa decidiram viajar para a região de uma só vez no ano passado.
“Teve um ‘boom’ de pessoas depois de nove meses fechado, mas ainda há empresas com dificuldades, pois pegaram empréstimos e financiamentos durante as restrições e lutam para pagar as contas enquanto atualmente há uma queda de mercado por conta do preço da passagem aérea”.
Segundo o representante das empresas turísticas de Tocantins, o cenário aponta para uma queda de 30% do turismo na região do Jalapão neste ano em comparação ao ano passado. “Como as empresas não tiveram apoio, muitas quebraram”.
Dólar
Para Christian Neme Soliva, coordenador do clube de turismo e agência de viagens Bancorbrás, a “euforia” de turistas com o retorno das viagens e a mensalidade do clube ajudou na recuperação econômica.
Porém, ainda há obstáculos rumo ao cenário ideal. “O turista ainda vai sofrer um pouco com as tarifas, porque o dólar segue alto, bem como o aéreo”.
Veículos
Em contrapartida, a gerente comercial da Hertz Internacional, Flávia Schimidt, está otimista com o setor de aluguel de veículos. “O mercado está superaquecido novamente e 2023 vai ser o ano”. Ela afirma que o lucro de alguns estados já é maior do que em 2019, antes da pandemia.
Muito disso se deve à demanda reprimida de turistas para fora do País. “O brasileiro está desesperado para viajar e hoje a covid-19 não é mais impedimento”.
Ainda de acordo com ela, durante a pandemia, a Hertz reembolsou os clientes em 100% e sem multa. “Agora é momento de colher os frutos”.