Março ainda pode ter chuvas fortes e litoral de SP fica em alerta

Moradores de áreas de risco devem redobrar atenção aos sinais de perigo

Por: *Daniel Rodrigues, Caroline Melo e Luzia Souza  -  17/03/23  -  11:02
ONG aponta que o mês de março tem potencial para tempestades rápidas
ONG aponta que o mês de março tem potencial para tempestades rápidas   Foto: Reprodução

A previsão de chuvas para o mês de março mantém as noves cidades da Baixada Santista em alerta. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão é de 260 milímetros (mm) a 300mm para o mês. Moradores de áreas de risco, como encostas e morros, devem ficar atentos aos sinais de perigo.

Segundo o consultor da ONG Amigos da Água, o climatologista Rodolfo Bonafim, março ainda tem potencial para tempestades rápidas, que podem trazer alagamentos e transtornos em locais pontuais.


Diferentemente de fevereiro, março tem como característica um maior índice de chuvas na região. Para o climatologista, o alto nível pluviométrico registrado pelo Inmet não é comum. Isso ocorreu devido ao temporal ocorrido durante o final de semana do Carnaval, dia 23 de fevereiro, quando as cidades do litoral paulista sofreram com a tempestade que durou em média 16 horas e devastou diversos municípios da região. Apenas em Bertioga, por exemplo, o índice pluviométrico chegou a 683mm.


Roda de conversa


Por conta da situação prevista ser preocupante na região, o Comitê de Bacias Hidrográficas da Baixada Santista (CBH-BS) organizou uma roda de conversa com especialistas.


O pesquisador Renan Braga Ribeiro disse que as conversas abordaram os projetos financiados pelo CBH-BS, que têm como objetivo auxiliar na tomada de decisão, principalmente nessas situações de eventos extremos.


Segundo Ribeiro, o CBH-BS se preocupa em monitorar essa quantidade de água, tanto a da chuva, que irá ”alimentar” nossas bacias, quanto a que temos nos rios. Por conta disso, o comitê tem financiado projetos para medição desses dados para conhecer a região, o regime de chuvas e o quanto episódios dessas chuvas intensas afetam o nível e a vazão dos rios. Além disso, o CBH-BS começou a trabalhar com projetos para fazer a previsão desses eventos extremos tanto de precipitação, quanto de vazão dos rios e de ressacas.


“Como todos sabemos, esses eventos causam impactos na nossa região, vivemos em uma baixada, uma planície costeira baixa e próxima do nível do mar, então quando temos um evento de chuva intensa associado a ressaca com o nível do mar elevado é o pior cenário, pois causa alagamentos e inundações principalmente”, explica o pesquisador.


Esses eventos vêm aumentando, tanto na frequência quanto na intensidade, ou seja, o cenário tem piorado. “Tivemos uma chuva histórica na região da Baixada Santista e Litoral Norte, nunca houve registro de uma chuva dessa magnitude no Brasil como um todo. Além disso, com relação aos eventos de ressaca, a gente também observa um aumento da frequência desses eventos”, relata Ribeiro.


Para ele, as prefeituras e órgãos responsáveis vêm aprendendo cada vez mais com esses eventos. Entretanto, argumenta que é sempre um desafio se preparar para eventos como esses, ainda mais quando se tem pessoas vivendo em áreas de risco. “Não tem sido feito de um modo geral é justamente tentar realocar as pessoas que estão nessas áreas de risco, ou mesmo impedir novas ocupações nessas áreas. Essa realocação e contenção precisam ser feitas, pois os eventos extremos continuarão acontecendo, não tem como evitarmos que uma chuva ou uma ressaca intensa aconteça”.


Na cidade de Itanhaém, há a Sala de Situação de Gerenciamento de Recursos Hídricos, um espaço físico, com computadores e monitores para que equipes responsáveis possam acessar as informações dos recursos hídricos da região, como dados hidrológicos (taxas de precipitação, nível dos rios e vazão em tempo quase real, além das previsões).


Prefeituras


Santos destaca que emitiu alertas para a população sobre a previsão de forte chuva na Cidade, no período do último Carnaval, em fevereiro, e que não houve ocorrências graves. A Defesa Civil da Cidade segue as diretrizes do órgão estadual acerca dos métodos de alertar a população para eventuais situações de riscos.


Praia Grande afirma que as nove cidades fazem parte da Agência Metropolitana (Agem) e aderiram ao Plano Preventivo de Defesa Civil (PPDC) que todos os anos tem início em 01 de dezembro e vai até 31 de março do ano seguinte, podendo ser prorrogado caso as chuvas persistam. No PPDC, são adotadas medidas de monitoramento dos índices pluviométricos através dos pluviômetros automáticos do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), com vistorias nas áreas de riscos a deslizamentos e inundações quando emitidos os alertas pelo Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD) pelas equipes da Defesa Civil e Guarda Civil Municipal Ambiental.


Na cidade são realizados constantemente estudos de mapeamentos para as áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações/alagamentos pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e pelo Serviço Geológico do Brasil-CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais).


Com relação a parte da educação ambiental, a Defesa Civil de Praia Grande conta com um trabalho voltado para a prevenção chamado Defesa Civil nas Escolas, onde os alunos recebem de forma lúdica o conhecimento básico sobre as atribuições da Defesa Civil. Dentre elas, destaca-se o conteúdo sobre sustentabilidade e descarte incorreto do lixo, que muitas vezes está diretamente ligado aos problemas com alagamentos.


Segundo a Defesa Civil de Bertioga, para prevenir ocorrências, é realizado o anúncio de alertas e avisos das condições meteorológicas para toda a população. Os canais utilizados são os oficiais da Prefeitura e o SMS da Defesa Civil para os números cadastrados.


Por meio do Plano Preventivo de Defesa Civil (PPDC), a Comissão Municipal de Defesa Civil (Comdec) – órgão ligado à Secretaria Municipal de Segurança Pública e Cidadania (Seseg) – Cubatão monitora as áreas vulneráveis e de alto risco com uso de instrumentos de identificação: previsão meteorológica, índices pluviométricos e vistorias em campo.


A cidade segue o PPDC, que foi criado pelo Governo do Estado após os escorregamentos ocorridos no ano de 1988. Na época, o Governo determinou ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) que realizasse estudos sobre o mapeamento dos problemas e a elaboração de propostas. Uma dessas foi o Plano Preventivo de Defesa Civil, que tem objetivo de evitar a perda de vidas humanas e bens materiais decorrentes de escorregamentos, inundações, enxurradas e outros processos geológicos e hidrológicos.


Em Mongaguá, o combate às enchentes é feito por meio de um conjunto de esforços da Defesa Civil e das diretorias de Obras Públicas, Serviços Externos, Obras Particulares e Meio Ambiente. Dentro do planejamento municipal, as obras de drenagem e as limpezas de córregos e valas são as principais ações para evitar alagamentos.


Já foram executadas obras na Avenida Nossa Senhora de Fátima, Rua Marcelo Batista, Avenida José Jacob Seckler, Rua Rui Barbosa, Rua Brasília Teixeira Seckler, rua Bolívia e muitas outras. Além disso, as equipes da Diretoria de Serviços Externos realizam serviços periódicos de manutenção e limpeza de valas, com máquina anfíbia e motoniveladoras em todos os bairros.


A Defesa Civil de Mongaguá passa por diversas capacitações anuais para se preparar para os momentos de chuva forte, principalmente, as de março e, recentemente, conseguiu novos equipamentos e veículos para o setor. As diretorias de Obras Particulares e Meio Ambiente atuam com a fiscalização de obras em áreas proibidas, sendo que a última também atua na parte de conscientização ambiental para moradores.


*Reportagem feita como parte do projeto Laboratório de Notícias A Tribuna – UniSantos sob a supervisão do professor Marcelo Di Renzo e do diretor de Conteúdo do Grupo Tribuna, Alexandre Lopes.


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