ONG promove oficina de bonecas africanas em morro de Santos

Ação ensinou jovens sobre racismo e autoaceitação

Por: ATribuna.com.br  -  26/11/22  -  20:44
O brinquedo ensinado foi a boneca abayomis, feita por uma técnica de amarração, que não envolve costura em nenhuma das etapas.
O brinquedo ensinado foi a boneca abayomis, feita por uma técnica de amarração, que não envolve costura em nenhuma das etapas.   Foto: Carlos Nogueira / Prefeitura de Santos

Para conectar jovens do Morro da Penha, em Santos, ao símbolo de resistência que marcou o período da escravatura no Brasil, a ONG Pró- Viver realizou uma oficina de bonecas africanas na quinta-feira (24).


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O brinquedo ensinado foi a boneca abayomis, feita por uma técnica de amarração, que não envolve costura em nenhuma das etapas.


Para produzir a abayomis, é dado um nó em cada extremidade do tecido para nascerem as mãos, os pés e a cabeça da boneca. Nos turbantes, vestidos, camisetas e calças que ensinadas a produzir, também são utilizados apenas criatividade e destreza para prender os tecidos.


Segundo a responsável pela oficina, Gabrielle Regina Assis da Silva, também agente comunitária da unidade de saúde do bairro, a versão do brinquedo ensinada durante a oficina ainda é sustentável, pois é confeccionada com sobras de tecidos.

Os ‘corpos’ já Letícia Abraão, de 12 anos.prontos que levou para a aula eram feitos em lycra preta que recebe de doação. E a chita colorida, utilizada pelos alunos para confeccionar as vestes das bonecas, vem de retalhos excedentes dos trabalhos na Policlínica do Morro da Penha. “Fizemos um painel de gestantes e reaproveitamos os materiais”, explicou.


Além de aprenderem a confeccionar a boneca, os participantes ainda falaram sobre racismo e autoaceitação. “A história por trás das abayomis é uma lenda africana que diz que as mães faziam bonecas com pedaços das próprias roupas para distrair as crianças durante as viagens a bordo dos navios negreiros com destino ao Brasil, trazendo um pouco de alegria a elas”, conta.


Os jovens que participaram da oficina frequentam o Programa de Educação para o Trabalho (PET), dos ministérios da Saúde e Educação, tocado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), por meio do curso de Terapia Ocupacional, em conjunto com o Núcleo de Apoio a Saúde da Família (Nasf) da Prefeitura de Santo e em parceria da ONG Pró-Viver, que cede o espaço.


Os atendidos na ação, possuem faixa etária de 10 a 14 anos, e se reúnem toda quinta-feira para discutir temáticas relativas à saúde e à vida do jovem adolescente, como saúde mental, papéis de gênero, sexualidade, projetos de vida, entre outros.


A aluna Letícia Abraão, de 12 anos, aprovou as atividades e principalmente os ensinamentos sobre aceitação. “É Importante para mostrar para as pessoas que todo mundo é perfeito e que a gente tem que se amar do jeito que é”, afirmou.


Um outro aluno, Renan de Assis, de 14 anos, também achou a temática interessante. “Mostra uma coisa que acontece atualmente, todos os dias, em qualquer lugar, seja no trabalho, na escola, na rua. E é um problema que não é de hoje, mas que foi estruturado tempos atrás. E é sempre importante falar sobre isso”, disse o menino.


De acordo com a professora, o objetivo da atividade não foi só reforçar a temática do racismo, da herança negra e da autoaceitação, mas ensinar os jovens a respeitar as diversidades e aproximá-los dos serviços de saúde ofertados pelo Município. “Às vezes eles têm um afastamento muito grande da unidade de saúde e essas ações acabam aproximando-os da gente, porque a população adolescente apresenta um acesso mais difícil do que as demais. Então é importante que a gente possa ocupar outros espaços além da policlínica”, conta.


ONG PRÓ-VIVER A ONG Pró-Viver foi fundada em 1992, com o objetivo de modificar o quadro de miserabilidade em que se encontravam crianças e adolescentes moradores da região central de Santos, com o oferecimento de reforço escolar e cestas básicas.


Hoje o projeto conta com cinco unidades, onde atende a mais de 500 crianças, servindo mais de mil refeições por dia e oferecendo atividades ligadas a inúmeras áreas, como oficinas lúdico-pedagógicas, esportes, informática, dança, artesanato, educação, recreação, entre outras.


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