
O Dongwon Global Terminal, no Porto de Busan, na Coreia do Sul, foi reinaugurado há três meses em um novo espaço integralmente automatizado (Rodrigo Nardelli/TV Tribuna)
O Dongwon Global Terminal, no Porto de Busan, na Coreia do Sul, foi reinaugurado há três meses em um novo espaço integralmente automatizado. Não há trabalhadores operando na área interna do pátio de contêineres e todas as operações são realizadas por robôs. Empresários e autoridades que integram a Missão Internacional Porto & Mar Brasil - Coreia do Sul 2024, do Grupo Tribuna, visitaram o terminal ontem, no penúltimo dia da viagem.
O caminhoneiro chega no Dongwon Global Terminal, recebe a informação sobre em qual baia estacionar o veículo, faz a manobra e pronto, é só aguardar. Aí é com a tecnologia. Um robô vai pegar o contêiner que aquele caminhoneiro precisa levar para o interior da Coreia do Sul. Mas antes de estar no pátio do terminal, o contêiner estava no navio. A operação para retirá-lo da embarcação foi feita por um operador que estava numa sala, com ar-condicionado. Nem mesmo o veículo que leva o contêiner para o pátio tem motorista.
“As únicas pessoas que a gente vê são os motoristas de caminhões, do lado externo. Eles deixam o caminhão, inclusive, a cabine, para poder receber o contêiner”, destaca o diretor-executivo da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra), Angelino Caputo.
É o primeiro terminal totalmente automatizado do país e funciona desde março. Mas a história da empresa com Busan não é recente. O primeiro terminal ficava no Porto Norte de Busan, a área portuária mais antiga. Pensando na expansão, a companhia optou por investir num novo terminal, na região que está sendo chamada de Novo Porto de Busan.
A Autoridade Portuária local criou a área projetando o crescimento até 2040. Dessa forma, o que tinha da Dongwon no Porto Norte foi desativado. Mas todos os trabalhadores foram mantidos na empresa. A diferença é que eles foram preparados para ocupar novas funções.
“Quando eles desenvolveram e mudaram o terminal, é lógico que eles queriam e querem produtividade, redução de custo e dar competitividade ao comércio exterior do país. Este é um país em que 75% do PIB (Produto Interno Bruno) está relacionado com comércio exterior”, diz o presidente da Federação Nacional das Operações Portuárias (Fenop), Sérgio Aquino.
A requalificação profissional dos trabalhadores faz parte da cultura coreana. “Por isso, foi importante o roteiro da viagem, que começou mostrando a visão e a importância que a população dá para pesquisa e desenvolvimento tecnológico no país”, afirma Aquino.

Empresários e autoridades que integram a Missão Internacional Porto & Mar Brasil - Coreia do Sul 2024, do Grupo Tribuna, visitaram o terminal nesta quinta-feira (20) (Rodrigo Nardelli/TV Tribuna)
Inteligência artificial ajuda a atingir automação necessária
Para atingir esse nível de automação, a empresa contratada pelo o Dongwon Global Terminal para executar o serviço introduziu inteligência artificial, IoT (internet das coisas), big data, hyper automation (concepção de automatizar tudo aquilo que puder ser automatizado) e digital twin (tecnologia que espelha o mundo real).
A vice-presidente da Associação do Parque Industrial e Portuário da Alemoa (AMA), Rose Fassina, destacou a complexidade que foi desenvolvida para que terminal tivesse este nível de inovação. “O modelo que vimos aqui é de uma relevância muito grande. Não sei quanto tempo demoraremos para alcançar um sistema tão complexo assim, mas estamos no caminho”.
O diretor-presidente da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), Murillo Barbosa, acredita que essa tecnologia poderá chegar ao Brasil. “É o nosso futuro. Teremos que, em algum momento, perseguir essa automação”, diz ele, ressaltando que o processo dentro do terminal muda com a robotização. “Os caminhões com motoristas são atendidos do lado de fora e por um guindaste”.
Segurança
Eduardo Freire, CEO da Yaman, empresa que atua na área de vigilância patrimonial, viu na automação um aumento na segurança. Na questão patrimonial, ele acredita que “com uma movimentação muito menor de pessoas dentro do terminal, o controle de acesso fica menor e mais eficiente”.
Em relação à segurança do trabalho, Freire destacou que a quantidade de acidentes diminui. “Só tem máquinas trabalhando o terminal”.
Angelino Caputo também observou a segurança nas operações. “Tarefas repetitivas e arriscadas assim, a tendência mundial é que não sejam mais desempenhadas por pessoas”.
Outro terminal
A delegação também visitou o terminal PSA Pnit, no porto novo, cuja movimentação é parcialmente automatizada. A maior parte da operação é de transbordo, o contêiner chega em um navio e embarca em outro.
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