Joice Hasselmann acusa Carlos e Eduardo Bolsonaro de controlarem 'milícias virtuais'

Ex-líder do governo no Congresso, deputada federal prestou depoimento na CPMI das Fake News

Por: Do Estadão Conteúdo  -  04/12/19  -  21:33
Joice Hasselmann prestou depoimento na CPMI das Fake News nesta quarta-feira
Joice Hasselmann prestou depoimento na CPMI das Fake News nesta quarta-feira   Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Ex-líder do governo no Congresso, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) prestou depoimento na tarde desta quarta-feira (4) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News.


Na apresentação, Joice expôs capturas de telas de internet que mostram conversas entre supostos grupos de políticos, assessores parlamentares e influenciadores digitais que seriam ligados ao presidente Jair Bolsonaro nas quais articulam ataques a ex-aliados dele.


Segundo Joice, um dos mais ativos grupos de propagadores de notícias falsas e difamações seria o chamado "Gabinete do Ódio", que seria integrado pelos assessores especiais da Presidência da República Filipe Martins, Tercio Arnaud, José Matheus e Mateus Diniz.


Para ela, esses assessores são pautados por filhos de Bolsonaro, em especial o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSC). Outro influenciador ligado ao grupo seria o escritor Olavo de Carvalho.


"Eu quero crer que o presidente não sabe disso", disse Joice, ao citar a ação das supostas redes de difamação que, de acordo com dados apresentados por ela, fazem amplo uso de perfis falsos em redes sociais. Joice disse que o próprio presidente tem publicações impulsionadas por robôs. "São quase dois milhões de robôs seguindo dois perfis, sendo 1,4 milhão no perfil de Jair Bolsonaro e 468 mil no perfil de Eduardo Bolsonaro", disse.


A deputada do PSL de São Paulo afirmou ter começado a investigar as estratégias de difamação de antigos aliados de Bolsonaro desde que foi destituída da liderança do governo e passou ela própria a ser alvo dos ataques.


Em sua pesquisa, que teria gerado 174 páginas salvas e já autenticadas por um especialista, Joice contou ter encontrado o valor médio de R$ 20 mil para a contratação de campanhas impulsionadas por robôs.


Além da própria deputada do PSL, teriam sido vítimas das milícias virtuais ex-ministros, como Gustavo Bebianno e Carlos Alberto Santos Cruz, além do vice-presidente Hamilton Mourão.


Também citou como alvos o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), os deputados Alexandre Frota (PSDB-SP), Dayanne Pimentel (PSL-BA), Delegado Waldir (PSL-GO) e youtubers e artistas.


Joice também afirmou não saber quem financia tal cadeia de difamação, mas sugeriu à comissão que "siga o rastro do dinheiro porque estamos falando de milhões de reais". Apesar de não apontar eventuais financiadores do esquema, a deputada declarou que boa parte da fonte das notícias falsas e campanhas difamatórias tem origem em gabinetes de políticos aliados, tocadas por assessores e pelos próprios legisladores.


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