Ex-senador Aloysio Nunes diz que Lava Jato e Moro manipularam impeachment de Dilma Rousseff

Tucano, que foi um dos grandes defensores da operação, falou que força-tarefa vendeu "peixe podre para o Supremo Tribunal Federal"

Por: De A Tribuna On-line  -  27/09/19  -  15:33
Atualizado em 27/09/19 - 15:57
No Twitter, Aloysio Nunes diz que delação da OAS não se sustenta
No Twitter, Aloysio Nunes diz que delação da OAS não se sustenta   Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Um dos nomes mais fortes na oposição ao governo Dilma Rousseff (PT), o ex-senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) mudou o tom ao falar do impeachment. Defensor do afastamento da então presidente à época, o tucano disse, ao jornal Folha de S. Paulo, que houve uma "manipulação política do impedimento", por parte da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba e pelo ex-juiz Sergio Moro, atual ministro da Justiça e Segurança Pública. 


Recentemente, o político atuou à frente da Investe SP, no governo João Doria (PSDB), mas deixou o cargo após investigações da 60ª fase da Lava Jato, a Ad Infinitum. Anteriormente, ele havia sido ministro das Relações Exteriores do governo Michel Temer (MDB).


Nunes disse ter ficado "profundamente chocado" com o que aconteceu na Lava Jato. A fala remete ao vazamento de mensagens trocadas entre procuradores da operação, obtidas pelo site "The Intercept Brasil" e também analisadas por outros veículos.


"Acho que o Supremo tinha que tomar providências, uma vez que o Conselho Nacional de Justiça não sei se tomará" , avaliou o ex-ministro em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.


Para o tucano, "quando você fala na divulgação do diálogo de Lula com a Dilma, evidentemente você tem uma manipulação política do impeachment. Quando você tem a divulgação da delação de [Antonio] Palocci nas vésperas da eleição presidencial, você tem uma manipulação política da eleição presidencial. Isso feito de caso pensado, como os diálogos revelaram".


No primeiro trecho, o ex-senador faz referência ao diálogo entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que teve o conteúdo divulgado pelo Ministério Público Federal, após autorização do então juiz Sergio Moro. À época, a força-tarefa defendeu que o petista assumiria o cargo ministro-chefe da Casa Civil para que as investigações contra ele saíssem da esfera de Curitiba e migrassem para o STF.


Conversas obtidas pelo "The Intercept Brasil" mostraram que Lula relutou em aceitar o cargo, e só cedeu após pressão de aliados. "Não é uma coisa por inadvertência, foi de caso pensado. Então, isso para mim torna, não todos, porque não conheço todos, esses casos em que esse tipo de procedimento se verificou, nulos, porque atingiu um princípio fundamental do Estado de Direito, que é a garantia que a existência de um juiz imparcial dá ao direito de defesa", disse Aloysio Nunes.


"Eles manipularam o impeachment, venderam peixe podre para o Supremo Tribunal Federal. Isso é muito grave", afirmou o tucano. 


*com informações do jornal Folha de S. Paulo


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