Doria sobe o tom em críticas a Bolsonaro após pronunciamento sobre coronavírus

Governador de São Paulo cobrou 'equilíbrio' e Bolsonaro disse que Doria está pensando na eleição de 2022

Por: Júnior Batista  -  25/03/20  -  23:40
Covid-19: SP vai anunciar nesta quarta-feira reabertura gradual
Covid-19: SP vai anunciar nesta quarta-feira reabertura gradual   Foto: Divulgação/Governo do Estado de SP

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), elevou o tom contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), nesta quarta-feira (25), durante coletiva no Palácio dos Bandeirantes. Na noite de terça-feira (24), o chefe do Executivo fez um pronunciamento criticando a quarentena instalada no país por conta da pandemia de coronavírus. Bolsonaro defendeu, inclusive, a volta às aulas, contrariando as recomendações internacionais de órgãos científicos e o próprio Ministério da Saúde.


Ao ser questionado por jornalistas, Doria disse que o presidente “perdeu a oportunidade de convidar as pessoas à solidariedade”. “Certamente, se o senhor não tem, deve ter tido, pessoas com mais de 60 anos na família, que precisam de respeito. Eu tenho e respeito”, alfinetou. 


Bolsonaro se reuniu com governadores do Sudeste, nesta quarta, por videoconferência. Estavam presentes, ainda, Wilson Witzel (PSC-RJ), Romeu Zema (Novo-MG) e Renato Casagrande (PSB-ES).


Na reunião, após Doria criticar o presidente pelo pronunciamento, respondeu ao governador. “Subiu à sua cabeça a possibilidade de ser presidente do Brasil. Não tem responsabilidade. Não tem altura para criticar o Governo Federal”, afirmou Bolsonaro, que também criticou o fato de Doria ter sido eleito por causa dele, em 2018. Na época, no segundo turno, João Doria declarou apoio público a Bolsonaro e criou a Campanha “BolsoDoria”.


Na coletiva, Doria disse, ainda, que não teme uma mudança de postura do Ministério da Saúde após a fala de Bolsonaro. “Não creio que o Ministério da Saúde vá adotar medidas diferentes que as tomadas até ontem. Ainda mais neste momento, em que não há razão para abrandamento do isolamento. Estamos seguindo recomendações internacionais, especialistas de renome. Nenhum deles tem tendências políticas”, afirmou. 


Respiradores


O governador também afirmou que não vai admitir confisco de respiradores e medicamentos por parte do Governo Federal. Doria ameaçou ir ao Supremo Tribunal Federal, se necessário, para manter os aparelhos em São Paulo. A fala aconteceu após Bolsonaro requisitar mais de 200 ventiladores pulmonares à Prefeitura de Recife, comprados pela prefeitura, para o combate ao coronavírus. Recife recorreu e a Justiça manteve os aparelhos na cidade.


“Não faz sentido, no caso de São Paulo, confisco de equipamentos e medicamentos. Tenho certeza que não ocorrerá, mas se ocorrer, entraremos na Justiça”, afirmou Doria. Das 57 mortes, até o momento, de coronavírus, 48 são no Estado de São Paulo.


A reunião tinha como intuito unificar pedidos dos governadores, que pediram ao Governo Federal o aumento para 12 meses do prazo de suspensão da dívidas dos estados com a União. São Paulo e Bahia haviam obtido no Supremo Tribunal Federal decisão liberando o pagamento por seis meses.


Os gestores também pediram a antecipação do pagamento de parcelas da Lei Kandir, a recomposição do Fundo de Participação dos Estados e a renegociação de dívidas dos estados com organismos internacionais.


Vacina antecipada


Doria antecipou a vacinação contra a gripe (Influenza) para policiais militares, civis e profissionais do Corpo de Bombeiros. Este grupo será imunizado a partir da próxima segunda-feira, dia 30. A vacinação deste público estava prevista para começar no dia 16 de abril, mas foi adiantada dentro das estratégias de combate ao coronavírus (Covid-19), em São Paulo. 


Lembrando que a vacina contra a gripe não imuniza contra o novo coronavírus, mas diminui sintomas respiratórios. “A antecipação para esse grupo é fundamental, pois eles estão na linha de frente da pandemia, junto com os profissionais de saúde. Nossa expectativa é imunizar cerca de 100 mil policiais em todo o estado”, explicou o Secretário de Estado da Saúde, José Henrique Germann.


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