Câmara de Guarujá aprova comissão do impeachment que analisará cassação do mandato de Válter Suman

Legislativo analisará a possibilidade de cassação do prefeito afastado pela Justiça

Por: Sandro Thadeu  -  05/04/22  -  21:47
Vereadores deram votação unânime pela abertura da comissão, como havia ocorrido no ano passado, quando se avaliou um pedido anterior
Vereadores deram votação unânime pela abertura da comissão, como havia ocorrido no ano passado, quando se avaliou um pedido anterior   Foto: Luciana Moledas/TV Tribuna

A Câmara de Guarujá aprovou, no início da noite desta terça-feira (5), a abertura de uma Comissão Processante para analisar o pedido de impeachment do prefeito afastado Válter Suman (PSDB).


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A solicitação que embasou a Comissão Processante foi apresentada pelo engenheiro e advogado José Manoel Ferreira Gonçalves e teve como base a decisão da Justiça Federal que suspendeu o chefe do Executivo do cargo.


Suman está fora do cargo desde o último dia 29, quando foi deflagrada a segunda fase da Operação Nácar-19.


Essa investigação conjunta da Polícia Federal, da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU) apura possíveis crimes de desvio de recursos públicos por um grupo criminoso mediante a contratação de empresas e organizações sociais para atuação nas áreas de Educação e Saúde do Município.


A Comissão Processante será formada pelos vereadores Fernando Martins dos Santos, o Peitola (MDB, presidente), Carlos Eduardo Vargas da Silva (PTB, relator) e Santiago Angelo (PP). Os nomes foram definidos por sorteio.


O terceiro integrante do colegiado é um dos seis vereadores acusados pela Polícia Federal de fazer parte de um esquema criminoso liderado por Suman.


Ao ver o nome sorteado, ele declinou da posição, mas foi informado de que seu pedido para não participar do grupo não poderia ser aceito.


Ao ser questionado por A Tribuna sobre o assunto no final da sessão, Angelo afirmou que “não tinha entendido o rito”.


Os outros integrantes do Legislativo citados na investigação policial são: Edmar Lima dos Santos, o Juninho Eroso (PP), que preside o Legislativo; Mário Lúcio da Conceição (PSB); José Francinaldo Ferreira de Vasconcelos, o Naldo Perequê (PSB); Sirana Bosonkian (PTB); e Walter dos Santos, o Nego Walter (PP).


José Manoel Gonçalves também solicitou que esses vereadores não participassem desse processo que avaliará o impeachment do prefeito, mas esse pedido acabou sendo rejeitado pela Mesa Diretora.


Em setembro do ano passado, quando a primeira fase da Operação Nácar-19 foi deflagrada, Gonçalves havia requerido o impeachment de Suman. Uma Comissão Processante foi aberta, mas os vereadores optaram por não cassar o prefeito, por 11 votos a cinco.


“A expectativa de agora é positiva. As pessoas perceberam a gravidade dos fatos. A leitura dos documentos desta segunda fase da investigação é estarrecedora. Não sobra nenhum espaço para qualquer aspecto de moralidade pública”, justificou.


Cidadania

O autor do pedido de impeachment de Suman explicou que decidiu tomar essa medida novamente em razão da indignação e da necessidade de a população se levantar diante das investigações feitas pela Polícia Federal.


“Vamos convocar um abraço simbólico no Paço Municipal, como um gesto de afeto e de carinho. É um momento muito difícil e triste para Guarujá. A Cidade precisa vencer essa etapa. A Comissão Processante é uma vitória da cidadania e da soberania popular tão necessária neste momento”, afirmou.


Novos elementos

O presidente da Comissão Processante, Fernando Martins dos Santos, o Peitola, evitou fazer comentários sobre a investigação relacionada ao prefeito Válter Suman, mas afirmou que a segunda fase da Operação Nácar-19 trouxe novos elementos que poderão ser explorados nessa apuração do Legislativo.


O vereador explicou que o colegiado terá 90 dias para concluir os trabalhos e votar o pedido de cassação do chefe do Executivo.


“Vamos aguardar a Mesa Diretora assinar a resolução que cria a comissão e a publicação disso no Diário Oficial. Após essa etapa, teremos cinco dias para notificar o acusado”, disse.


Depois de Suman ser comunicado, ele terá o prazo de dez dias para arrolar testemunhas e apresentar a defesa prévia.


“O relatório da comissão poderá deferir, ou não, o pedido de afastamento. Posteriormente, ele virá para o plenário da Câmara, que é soberano, para dar a decisão final”, explicou.


Peitola, que participou da Comissão Processante do ano passado, reiterou que o entendimento da Câmara é de que não havia elementos suficientes para cassar o prefeito naquela ocasião.


Peitola acredita que não há problema com o fato de vereadores investigados pela Polícia Federal votarem no processo de impeachment de Suman.


“Eles simplesmente forem citados, e as autoridades podem investigá-los. Caberá à Justiça julgá-los”, justificou.


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