Três envolvidos no assalto cinematográfico à empresa de transporte de valores Prosegur, em Santos, que resultou em três mortos e um baleado, foram condenados nesta quarta-feira (16). As penas variam de 70 a 110 anos de reclusão.
Para se ter dimensão do roubo, o Ministério Público descreveu em sua denúncia que, na madrugada de 4 abril de 2016, a cidade de Santos foi palco da maior, mais violenta e ousada ação criminosa de sua história.
Em sentença de 50 laudas, a juíza Lívia Maria de Oliveira Costa, da 6ª Vara Criminal de Santos, condenou Daniel Donizetti Colantuono, Hélcio Ananias Vilela de Oliveira e Cleber Dorama Lima Rodrigues, mais conhecido por Tatu.
A maior pena - 110 anos de reclusão - foi imposta a Daniel. Tatu foi condenado a 106 anos e quatro meses. A magistrada sentenciou Hélcio a 70 anos, dez meses e 20 dias. Para que não haja risco à ordem pública, os réus não poderão apelar em liberdade.
Um quarto réu foi absolvido por insuficiência de provas, e a juíza determinou a expedição do seu alvará de soltura. A ação penal tem um quinto acusado (Leandro Gabino), que está foragido e, citado por edital, sequer constituiu advogado. Por isso, em relação a ele, o processo e o prazo prescricional foram suspensos.
Porém, pelo menos 30 criminosos participaram da ação. Suspeitos de integrar o Primeiro Comando da Capital (PCC), os marginais teriam se revezado para praticar outros roubos a empresas do mesmo segmento em várias cidades do país e até no Paraguai.
Poderio bélico
Armada com fuzis calibres 5.56 e 7.62, metralhadora .50, pistolas e explosivos, a quadrilha veio a Santos preparada para uma guerra. Para o sucesso da empreitada criminosa contra a filial da Prosegur localizada na Rua Silva Jardim, no bairro Macuco, ela também furtou e roubou caminhões e outros veículos.
Parte do bando invadiu a empresa, projetando um caminhão contra o portão principal para arrombá-lo. Depois, explodiu cerca de cinco dinamites para chegar aos cofres, nos quais era guardado o dinheiro.
Os demais assaltantes atuaram na contenção. Eles bloquearam ruas e avenidas com os veículos, alguns incendiados, e dispararam contra policiais militares que tentavam se aproximar.
O bando levou da empresa de transporte de valores R$ 12.167.591,38, mas perdeu alguns malotes de dinheiro durante a fuga, no momento em que trocava de carros. Policiais militares conseguiram recuperar R$ 8.794.408,57.
Mortos e ferido
No local do roubo e durante perseguição, vários tiroteios foram travados entre policiais militares e os ladrões, que conseguiram escapar. Porém, a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Santos identificou os cinco réus, dos quais quatro foram capturados.
A juíza reconheceu, na sentença, o trabalho da DIG, que contou com o apoio do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Ela ainda destacou a “valorosa e destemida” ação dos policiais militares, por não se intimidarem com o poder de fogo superior dos criminosos.
Uma das vítimas é um soldado da PM. Ele foi baleado na cabeça ao se aproximar de viatura da Prosegur, mas sobreviveu ao atentado. Na mesma rua da empresa de transporte de valores, o morador de rua Dejair Zizuino foi atingido por um disparo e morreu.
Quando um dos veículos da megaquadrilha passava pelo Km 51,8 da Via Anchieta, na pista sentido São Paulo, os seus ocupantes viram uma viatura da Polícia Rodoviária parada e abriram fogo contra ela. Os disparos acertaram os policiais Leonel Almeida de Carvalho e Alex de Souza da Silva, que morreram.