PF faz devassa para coibir tráfico de cocaína pelo Porto de Santos

Polícia Federal de Curitiba apura participação de várias pessoas acusadas de envolvimento com o tráfico internacional de drogas no cais santista

Por: Eduardo Velozo Fuccia  -  18/04/20  -  21:43
Atualizado em 18/04/20 - 21:44
Associação Comercial de Santos bate recorde e emite quase 9 mil Certificados de Origem
Associação Comercial de Santos bate recorde e emite quase 9 mil Certificados de Origem   Foto: Carlos Nogueira/AT

Investigação deflagrada pela Polícia Federal (PF) em Londrina (PR) realiza devassa para apurar a participação de várias pessoas acusadas de envolvimento com o tráfico internacional de cocaína pelo Porto de Santos e com o crime de lavagem de dinheiro.


A pedido do delegado Roberto Biasoli, da PF, o juiz Nivaldo Brunoni, da 23ª Vara Federal de Curitiba, decretou no mês passado as prisões temporárias de 11 pessoas. As investigações ainda recaem sobre outros suspeitos e prosseguem sob segredo de justiça.


O juiz federal também deferiu pedido da PF para que os investigados tenham os sigilos bancários e fiscais quebrados. Por ocasião do cumprimento das ordens de captura, os acusados tiveram os seus endereços revistados com autorização judicial.


Celulares, computadores, documentos e outros objetos de interesse das investigações foram apreendidos e são analisados pelos policiais federais. Eles também apreenderam dinheiro, joias, veículos e outros bens para a apuração da procedência.


Esquema empresarial


A PF batizou a investigação de Operação Tifeu. Ela é desdobramento da Operação Spectrum, também conduzida pela PF em Londrina, que apura “complexa organização criminosa” chefiada pelo megatraficante Luiz Carlos da Rocha, o Cabeça Branca.


Considerado “embaixador do tráfico”, com o nome inserido nos arquivos da Interpol e procurado havia 13 anos, Cabeça Branca foi preso pela PF em 2017, em Sorriso (MT). Ele chegava em uma casa de luxo onde costumava passar alguns dias.


Na Spectrum, apurou-se que a organização negociou cerca de 26 toneladas de cocaína entre 2014 e 2017, movimentando US$ 138 milhões (cerca de R$ 750 milhões). Na Tifeu, são investigadas duas remessas de cocaína para a Europa, a partir do Porto de Santos.


Em agosto de 2018, houve apreensão de 1.930 quilos da droga no porto belga de Ghent. O entorpecente estava em uma carga de ardósia. Em março de 2019, também em Ghent, foram achados mais 1,5 tonelada de cocaína em um carregamento de suco de laranja.


Viagem sob suspeita


Dias após a segunda apreensão em Ghent, uma analista de importação e exportação de um terminal portuário santista, pelo qual passou o suco de laranja, viajou para a Bélgica para supostamente se encontrar com um dos alvos da Tifeu.


Ela é mulher do sócio de duas empresas que atuam nos ramos de logística e de comércio exterior. A PF investiga o casal, que não está na relação de presos, mas que teve sigilos bancário e fiscal levantados.


A quebra de sigilo se estendeu às empresas do marido da analista de importação e exportação do terminal do Porto de Santos. Com autorização judicial, a PF também revistou os endereços vinculados ao casal.


Presos e soltos


Entre os presos da Tifeu estão um empresário argentino e um escrevente de cartório na Baixada Santista. O primeiro teve a temporária de 30 dias decretada, mas foi solto antes de desse prazo, após prestar depoimento na Polícia Federal.


O advogado Marcelo Cruz encaminhou à PF documentos contábeis das 12 empresas do estrangeiro antes do depoimento. “Demonstramos que as movimentações financeiras do cliente são compatíveis com o faturamento das pessoas jurídicas”, afirmou.


O escrevente passou a ser investigado após supostamente informar um dos alvos da Tifeu sobre a operação da PF. Ele ficou preso temporariamente por cinco dias e o delegado Biasoli considerou desnecessário mantê-lo encarcerado por mais tempo.


O funcionário do cartório disse que não teve a intenção de alertar ninguém, em detrimento da investigação em andamento. No entanto, afirmou estar “arrependido e envergonhado” pelo que fez.


Advogado Marcelo Cruz representa Guilherme Villani
Advogado Marcelo Cruz representa Guilherme Villani   Foto: Alberto Marques/AT

Logo A Tribuna
Newsletter