Perfis misteriosos incitam massacres em escolas do litoral de SP: 'Me aguardem'

Contas com nomes parecidos ameaçaram cometer ataques a unidades de ensino da região, assustando pais e alunos

Por: Daniel Gois  -  03/04/23  -  10:17
Atualizado em 04/04/23 - 11:28
Escola Benedito Cláudio da Silva, em Guarujá, foi uma das que sofreu ameaças
Escola Benedito Cláudio da Silva, em Guarujá, foi uma das que sofreu ameaças   Foto: Hygor Abreu/Prefeitura de Guarujá e Reprodução/Instagram

Uma série de contas no Instagram ameaçaram cometer massacre em escolas de Guarujá, no litoral de São Paulo. Os perfis apresentam semelhança no nome de usuário e, em dois casos, na foto de perfil usada. A Prefeitura foi comunicada sobre os fatos e denunciou o caso à Polícia Civil, que vai investigar. Houve reforço no patrulhamento. (Veja as ameaças nas fotos mais abaixo)


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A primeira ameaça se deu contra a Escola Municipal Benedito Cláudio da Silva, na Vila Alice. Com o nome de usuário "m4tador_do_guaruja", o usuário afirma na descrição que cometerá o massacre nesta terça (4), pela manhã. "vcs (vocês) que me aguardem", escreveu. Foi observado que o perfil recebeu um aumento repentino de seguidores.


O perfil não está mais disponível no Instagram, mas outras duas contas, nomeadas "m4tador_do_rigotto" e "m4tado_do_napoleao" foram localizadas na rede social.


A primeira faz alusão à Escola Estadual Professor Waldemar da Silva Rigotto, localizada no Sitio Pae Cará. Sem informações na descrição, a conta usa a mesma foto de perfil do usuário ameaçador da escola Benedito Cláudio da Silva.


O outro perfil menciona a Escola Municipal Doutor Napoleão Rodrigues Laureano, no Jardim Maravilha. Dessa vez, a descrição afirma que o massacre acontecerá nesta segunda (3), entre 13h e 14h30. "Até amanhã meus amigos", disse o usuário.


A Reportagem apurou que mais duas contas foram criadas para ameaçar a Escola Estadual Marcílio Dias e a Escola Municipal Professora Lucia Flora do Santos. Todas as unidades de ensino ameaçadas ficam no distrito de Vicente de Carvalho.


Em uma delas, o usuário "mat4dor_do_marcilio_dias" afirma que, nesta quarta-feira (5), estará "equipado" na unidade, localizada na Vila Alice. "Vai ser um por um, vou comer o coração de cada aluno", escreveu. Dessa vez, a foto de perfil usada é diferente das contas anteriores.


Já o "mat4ador_do_lucia"afirma que estará na escola municipal, que fica no Jardim Progresso, nesta terça-feira (4). "Espero vcs (vocês)", disse.


Perfil ameaça cometer massacre contra outra escola municipal em Guarujá
Perfil ameaça cometer massacre contra outra escola municipal em Guarujá   Foto: Reprodução/Instagram

Escola estadual em Guarujá também foi alvo
Escola estadual em Guarujá também foi alvo   Foto: Reprodução/Instagram

Ameaça de massacre na escola Marcílio Dias, em Guarujá
Ameaça de massacre na escola Marcílio Dias, em Guarujá   Foto: Reprodução/Instagram

Ameaça de massacre na escola Lúcia Flora, em Guarujá
Ameaça de massacre na escola Lúcia Flora, em Guarujá   Foto: Reprodução/Instagram

Reforço na segurança


Em nota, a Prefeitura de Guarujá disse que acionou a Guarda Civil Municipal (GCM) e a Polícia Militar (PM) já no domingo (2), quando tomou conhecimento da ameaça no Benedito Cláudio da Silva, para reforçar o monitoramento.


"Viaturas da GCM e da PM permanecem de plantão na escola desde as primeiras horas da manhã desta segunda-feira (3) e há patrulhamento preventivo nas ruas adjacentes. As investigações do caso estão a cargo da Polícia Civil, com a colaboração da Secretaria Municipal de Educação (Seduc), no sentido de identificar o autor das ameaças", diz o município.


As aulas na unidade da Vila Alice, que possui cerca de 600 alunos, seguem normalmente, assim como nas demais escolas municipais de Guarujá.


A Prefeitura diz ainda que desenvolve ações, projetos e ciclos de palestras sobre bullying e outros temas socioemocionais em toda a rede municipal, para "trabalhar a conscientização com os quase 35 mil alunos matriculados". As atividades são elaboradas por equipe multidisciplinar, com psicólogos e psicopedagogos.


A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) declarou que as escolas da rede estadual estão "atentas aos comportamentos dos estudantes, atuando com a escuta ativa e mediação, buscando solucionar os conflitos identificados".


A pasta ressalta que, por meio da Plataforma Conviva (Placon), há a promoção de encontros voltados à promoção da paz, à valorização da vida e à mediação de conflitos em ambiente escolar. A Diretoria de Ensino de Santos segue à disposição para esclarecimentos.


A Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) disse que o aluno responsável pela ameaça ao Benedito Claudio da Silva foi identificado e levado à delegacia, juntamente com responsável. O menor foi liberado sob o compromisso de apresentação perante à Justiça. O caso foi registrado como ameaça e falso alarme no 2° DP do Guarujá.


Onda de ameaças


Mensagens com incitação à violência em escolas da Baixada Santista têm ganhado evidência desde o ano passado. A maioria delas é compartilhada em perfis e grupos de redes sociais. Houve ainda um caso de aviso em banheiro de uma escola.


Em agosto do ano passado, a Escola Estadual Olga Cury, na Aparecida, em Santos, teve um aviso sobre chacina pichado em um dos banheiros. A mensagem indicava que isso ocorria no dia 10.


Seis dias depois, as ameaças se voltaram a Escola Estadual Primo Ferreira, na Vila Belmiro, em Santos. Um grupo de WhatsApp, intitulado "Massacre dia 16/08", teve o compartilhamento de mensagens de ódio, incitando ataque a tiros na unidade.


A mesma escola voltou a sofrer ameaças em março deste ano. A unidade recebeu uma ligação anônima no dia 28 alertando que ocorreria um massacre no local. O caso foi levado à Polícia Civil. No mesmo dia, um homem, de 19 anos, e um adolescente, de 16, foram identificados como alguns dos responsáveis.


Faca apreendida


Um dia depois, na quarta passada (29), uma estudante levou uma faca para a Unidade Municipal de Ensino (UME) Professor Mário de Almeida Alcântara, em Santos.


Uma funcionária localizou a lâmina e entregou para a direção. A Polícia Militar foi acionada e registrou boletim de ocorrência.


Segundo a Prefeitura, a aluna disse que levou a faca para "se defender de outros colegas em eventual situação de conflito". Foi apurado que a jovem estaria sofrendo bullying e teria tido uma discussão com outros alunos em dias anteriores ao fato.


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