Operação desarticula organização criminosa que pratica estelionato pela internet

Ao todo, 19 de 30 acusados foram capturados pela Polícia Civil. Líder do grupo, que reside em Bertioga, não foi localizado

Por: Eduardo Velozo Fuccia & De A Tribuna On-line &  -  19/11/19  -  22:58
Operação desarticulou organização criminosa que pratica estelionato pela internet
Operação desarticulou organização criminosa que pratica estelionato pela internet   Foto: Divulgação/Polícia Civil

A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta terça-feira (19), a Operação Magneto, para desarticular organização criminosa que pratica crimes de estelionato pela internet em todo o país. O líder do grupo reside em Bertioga. Além dele, mais 30 acusados foram identificados e todos tiveram a prisão temporária de cinco dias decretada. Dezenove foram capturados.


Com 27 anos de idade, sem antecedentes criminais e motorista de empresa terceirizada que presta serviços à Prefeitura de Bertioga, o cabeça é um dos 12 acusados que não foram localizados e já são considerados procurados da Justiça. De sua casa, onde reside com a mãe, o jovem cometia os golpes e delegava tarefas aos comparsas.


Além das 31 ordens de prisão temporária, a Justiça expediu 59 mandados de busca e apreensão para recuperar objetos adquiridos por meio de golpes e reunir provas contra a organização criminosa. Um filhote de cachorro da raça lhasa apso, obtido ilicitamente, foi achado na casa da namorada do líder, em Bertioga.


O cabeça quis presenteá-la e cometeu o golpe para adquirir o filhote. Como a vítima ainda não foi identificada, houve a apreensão do animal e a nomeação da própria namorada como fiel depositária.


“Esta medida visa a proteger o cachorro, que já criou laços afetivos com a namorada do líder e sofreria com a separação”, justifica o delegado Luiz Ricardo de Lara Dias Júnior, titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Santos.


Para o cumprimento dos mandados de prisão e de busca e apreensão na Baixada Santista, Grande São Paulo e Capital, foram mobilizados 217 policiais e 74 viaturas. A maioria dos acusados foi presa na região, embora a investigação tenha se iniciado em Teodoro Sampaio (SP).


Localizado na região de Presidente Prudente, Teodoro Sampaio faz divisa com o Paraná e fica a 660 quilômetros da Capital. Naquele município, o delegado Edmar Rogério Dias Caparroz, em março deste ano, começou a investigar um golpe que teve como vítima um morador da cidade. Ele sofreu prejuízo de R$ 12 mil na negociação de uma mesa de som.


Núcleo de inteligência


Operação Magneto investigou prática de crimes de estelionato
Operação Magneto investigou prática de crimes de estelionato   Foto: Divulgação/Polícia Civil

A vítima anunciou a mesa de som em um site de compra e venda. Suposta interessada entrou em contato com ela por meio da própria plataforma, no campo denominado “perguntas ao vendedor”.


“A operação foi batizada de Magneto porque os estelionatários atraem as vítimas para uma negociação direta, fora do ambiente do site, por meio da troca de e-mails, telefonemas ou mensagens por aplicativo”, explica Caparroz.


Porém, após ganhar a confiança do anunciante, o golpista produz um e-mail fake, como se fosse do site de compra e venda, e envia para a vítima. A mensagem eletrônica informa que já foi efetuado o pagamento, mediante depósito bancário, e orienta a vítima a despachar pelos Correios o produto vendido.


Após seguir as supostas instruções do site, a vítima constata que não houve o repasse da quantia, mas já é tarde, porque a mercadoria foi enviada para endereços de laranjas. “A vítima acredita estar realizando transação com alguém de boa-fé. A recomendação é que toda a negociação trafegue pelo site”, alerta Caparroz.


O delegado de Teodoro Sampaio apurou que no caso da mesa de som a negociação com a vítima foi realizada de um computador conectado em Bertioga, pertencente ao líder. A partir daí, mais golpes do cabeça foram descobertos, sendo acionada a DIG de Santos.


Caparroz estima em cerca de 30 as vítimas da organização criminosa, mas esse número tende a crescer quando a Polícia Civil de São Paulo tiver acesso a golpes do gênero que lesaram pessoas de outros estados. Por enquanto, os prejuízos contabilizados são de aproximadamente R$ 350 mil.


Eletroeletrônicos são os produtos mais visados pelos estelionatários. Mas os golpistas também têm predileção por outras mercadorias, desde que tenham até 30 quilos, pois mais fáceis de serem despachadas pelos Correios, possuam bom valor econômico e sejam de fácil revenda.


Durante entrevista coletiva para divulgar o balanço da Magneto, no Palácio da Polícia, em Santos, o delegado Lara destacou que “não existe mais anonimato atrás dos teclados. A Polícia Civil possui expertise para identificar autores de crimes eletrônicos”.


Detalhes da operação foram divulgados na tarde desta terça-feira (19)
Detalhes da operação foram divulgados na tarde desta terça-feira (19)   Foto: Eduardo Velozo Fuccia/AT

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