O brutal assassinato de um morador de rua que ocorreu na madrugada da última terça-feira (6), na Vila Mathias, em Santos, já está esclarecido, com o seu autor confesso preso. O caso traz à tona uma mazela social, que transcende a esfera policial.
Marco Antônio Martins de Souza, de 32 anos, também morador de rua, disse que praticou o homicídio por causa de desentendimentos com a vítima, em datas anteriores, devido à disputa por lençóis, cobertores, materiais recicláveis e até alimentos.
“O acusado disse que a vítima ameaçou matá-lo enquanto dormia por causa desses conflitos. Receoso de a promessa ser cumprida, ele tomou a iniciativa de assassinar o desafeto, aproveitando-se do fato de ele ter adormecido”, contou o chefe dos investigadores do 2º DP, Marcos Pina.
O crime ocorreu na esquina da Rua Almeida de Morais com a Avenida Ana Costa, na Vila Mathias. Policiais militares detiveram o acusado por volta do meio-dia de quarta-feira (7), na Avenida Washington Luiz com a Rua Barão de Paranapiacaba, na Encruzilhada.
“Policiais civis e militares já suspeitavam de Marco Antônio, porque ele usa uma luva preta na mão esquerda, como o homem que aparece na imagem captada por uma câmera de segurança matando o morador de rua com pauladas na cabeça”, explicou Pina.
No momento da detenção, o acusado usava a luva. No distrito policial, além de confessar o homicídio e apresentar a sua versão sobre a motivação, ele justificou a utilização do acessório ao fato de já ter sofrido corte profundo na mão esquerda ao vasculhar sacos de lixo em busca de alimentos e materiais recicláveis.
Com passagem por furto, Marco Antônio é conhecido pelo apelido de Cabeludo. Ele contou que utilizou um pedaço de madeira para golpear a vítima. O delegado Francisco Garrido Fernandes irá requerer à Justiça a sua prisão temporária.
Por se tratar de crime hediondo, a temporária pode ter prazo de 30 dias, prorrogáveis uma vez por igual período. Nesse tempo, Garrido espera concluir o inquérito policial e requerer a prisão preventiva de Cabeludo, para que aguarde o julgamento na cadeia.
Na hipótese de condenação, o acusado está sujeito a pena de 12 a 30 anos de reclusão. Até quarta-feira, o nome do morador de rua morto era ignorado. Na tentativa de identificá-lo, foram coletadas as suas impressões digitais no Instituto Médico-Legal (IML) de Santos.