Marido matou esposa a facadas por ciúmes em Santos

Leandro Gonçalves Santana, de 36 anos, prometeu tirar a vida de Valquíria Ferreira Pedroso Santana, de 25, depois de separação

Por: Eduardo Velozo Fuccia  -  14/12/18  -  17:11

Um homicídio anunciado. Cerca de um mês após agredir a mulher e ameaçá-la de morte, o pescador Leandro Gonçalves Santana, de 36 anos, cumpriu a promessa. Armado com uma faca, ele golpeou a balconista Valquíria Ferreira Pedroso Santana, de 25, no peito e fugiu. A vítima gozava de medida protetiva de urgência, prevista na Lei Maria da Penha, que se mostrou insuficiente para impedir o desfecho trágico.


O assassinato aconteceu às 5h30 desta sexta-feira (14), em frente ao número 78 da Rua da Paz, no bairro Boqueirão. Valquíria foi morta a poucos metros da Panificadora Karícia, na esquina com a Rua Minas Gerais, onde trabalhava na seção de pães. Imagens da câmera de segurança de um prédio, observadas por policiais civis e militares, não deixam dúvidas de que o pescador foi o autor das facadas.


Valquíria e Leandro eram casados havia cerca de um ano, mas mantinham relacionamento havia aproxidamente dez. O casal tem um filho, de 6 anos, e estava separado desde o dia 13 do mês passado. Após sofrer duas agressões e ser ameaça de morte em um período de 72 horas, a balconista decidiu dar um basta à conturbada relação, mudando-se para a casa da mãe.


Polícia confirma que marido matou esposa por ciúmes
Polícia confirma que marido matou esposa por ciúmes   Foto: Divulgação

O pescador e a balconista residiam em Guarujá. Na madrugada de 11 de novembro, ela estava na moradia da mãe, que fica ao lado, e foi agredida pelo marido ao retornar para casa. Acometido de uma crise de ciúme, Leandro agrediu Valquíria com socos nas pernas e na barriga. Ele ainda utilizou um pedaço de cano para golpeá-la nas pernas e nos braços.


Essas informações foram prestadas pela própria vítima ao delegado Thiago Nemi Bonametti, na Delegacia de Guarujá, dois dias depois, quando decidiu registrar boletim de ocorrência. Segundo a balconista, o pescador é “muito ciumento” e há cinco anos a agredia com frequência. Porém, tais violências nunca foram reveladas por Valquíria aos familiares ou à polícia.


A balconista também contou que o marido não batia no rosto. Preferia espancar em partes do corpo que pudessem ser cobertas por roupas para as marcas da violência não ficarem aparentes. Na mesma madrugada do dia 11 de novembro, no momento em que a mulher se preparava para ir ao trabalho, às 4h30, Leandro lhe pediu desculpas e disse que não mais a agrediria.


Pé de cabra


Porém, ainda nesta data, o pescador ficou rondando a padaria onde Valquíria trabalhava, conforme ela declarou na Delegacia de Guarujá. Às 15h, ao retornar para a residência do casal, a balconista era aguardada pelo pescador. Acusando-a de ter um amante, ele a agrediu com socos na cabeça e no estômago. A vítima acrescentou que o marido tentou obter a confissão dela da suposta traição encostando um pé de cabra em sua cabeça.


Mais uma vez, Valquíria não denunciou Leandro, que voltou a ameaçá-la de morte no dia 13 novembro. O pescador exigia da balconista a revelação do nome do suposto amante dela. Considerando insustentável a situação, a mulher decidiu quebrar o silêncio. Após relatar ao irmão o que estava acontecendo, mudou-se com o filho para a casa da mãe e registrou o boletim de ocorrência.


Orientada pela Polícia Civil, Valquíria requereu à Justiça medida protetiva de urgência. O pedido foi atendido e Leandro não podia se aproximar da vítima, sob pena de ser preso em flagrante por descumprir essa decisão judicial. Punível com detenção de três meses a dois anos, o descumprimento é crime que não permite arbitramento de fiança por parte do delegado.


A restrição judicial imposta e as consequências legais previstas na hipótese de seu descumprimento, no entanto, se revelaram inócuas. Conhecedor da rotina de Valquíria, Leandro preparou a emboscada fatal. Ele não só se aproximou dela como a matou a facadas, após breve discussão, quando a vítima se aproximava do serviço. Titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos, a delegada Fernanda dos Santos Souza registrou o homicídio.


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