Gaeco reúne provas que incriminam ex-presidente do Santos e advogado por desvio de cocaína; VÍDEO

Orlando Rollo e João Manoel Armôa Jr são 2 dos 6 presos investigados por negociar carga do tráfico com facção criminosa

Por: ATribuna.com.br  -  21/12/22  -  08:39
Atualizado em 21/12/22 - 08:42
Investigação reuniu provas que incriminariam o investigador da Polícia Civil e ex-presidente do Santos Futebol Clube, Orlando Rollo
Investigação reuniu provas que incriminariam o investigador da Polícia Civil e ex-presidente do Santos Futebol Clube, Orlando Rollo   Foto: Reprodução/TV Tribuna

Investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) reuniu imagens, fotos e áudios que incriminariam o investigador da Polícia Civil e ex-presidente do Santos Futebol Clube, Orlando Rollo, e João Manoel Armôa Junior, advogado do traficante Vinycius Soares da Costa, pelo desvio de parte de uma carga de cocaína apreendida na Rodovia Cônego Domenico Rangoni, em agosto. (veja o vídeo mais abaixo)


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Segundo reportagem do JT2, da TV Tribuna, veiculada na noite desta terça-feira (20), Costa seria o braço direito de André Oliveira Macedo, o André do Rap, conhecido traficante internacional. Rollo, Armôa e Costa estão presos.


No material, obtido com exclusividade pela emissora, Rollo troca mensagens de áudio com Armôa. “Eu tenho interesse total, entendeu? Em ir contigo o quanto antes, até porque eu preciso agilizar meu trabalho. O problema é que a Receita Federal foi acionada, por causa do contêiner, e só tem nós pra fazer esse trabalho de apoio, entendeu?”, diz o policial.


A negociação, segundo o Ministério Público Estadual, envolveria o pagamento de propina para quatro investigadores da Polícia Civil. Eles teriam recebido a informação de que uma grande quantidade de cocaína seria repassada de um caminhão para outro veículo, na Rodovia Cônego Domenico Rangoni. Dali, ela seria transportada ao Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Dos 958 quilos de cocaína apreendidos, o grupo teria desviado 790 quilos e apresentado somente 160 tabletes.


No mesmo dia da apreensão, 6 de agosto, o advogado João Armôa e o traficante Vinycius Costa teriam iniciado a negociação para devolução da cocaína. Inicialmente, eles combinam um encontro para a tarde do dia seguinte. Em áudio, o advogado questiona Rollo se o encontro poderia ser no 3º Distrito Policial (DP), na Ponta da Praia, e o investigador dá o aval para a reunião nessa unidade.


“Ele quer se encontrar na delegacia dele, que é ali atrás do distrito, terceiro DP. A gente vai ali atrás. O distrito tá fechado hoje, né? Ele vai abrir. A gente vai na sala dele conversar, tá? É isso aí. Beleza? Três e quinze eu tô lá. Um abraço”, diz Armôa ao cliente, braço direito de André do Rap.



Encontro adiado

Apesar do combinado, a reunião foi adiada porque a Receita Federal estava acompanhando a apreensão da droga. “Meu amigo, não fica bravo comigo. Eu tô à disposição. Ele (Rollo) acabou de remarcar para sete e meia... Dezenove e trinta, tá?... Agora são meio-dia e meio (sic). Dezenove e trinta. Por quê? Porque a Receita Federal vai nesse horário comparecer lá, e não tem nada a ver a gente ir junto lá”, desculpa-se Armôa ao cliente.


O adiamento deixa o advogado tenso e faz com que ele e Rollo troquem novos áudios. “Só te peço um favor de não passar desse horário, porque é uma coisa aí delicada e séria, que várias coisas estão em jogo, entendeu? E as pessoas, desde que eu marquei ontem, desmarcaram todas as coisas e estão esperando só isso aí pra conversar contigo, entendeu? Então, por favor, agiliza aí. Esteja lá no horário. A gente vai estar no horário, entendeu?”, cobra Armôa.


Orlando Rollo responde: “Então, essa questão de horário é horário aproximado. Nós estamos aqui numa diligência com a Receita Federal, entendeu? Eu avisei dessa questão de horário”.


O advogado João Manoel Armôa Junior está preso desde setembro passado
O advogado João Manoel Armôa Junior está preso desde setembro passado   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Na reunião, à noite, não houve acordo, porque Vinycius teria aceitado pagar apenas R$ 3 milhões pela droga, enquanto os policiais denunciados exigiam, no mínimo, R$ 4 milhões. Depois de intensa negociação, segundo o Ministério Público, Vinycius e Armôa aceitaram pagar o valor exigido. O advogado, no entanto, demonstra preocupação com a logística da devolução da droga.


“Arruma três telefones pra ficar falando eu, tu e ele, porque nós vamos ter que falar de carro, cor de carro, placa, onde é que vai entregar o carro, onde é que vai pegar outro carro. De repente, o cara fala: ‘Pô, doutor, não tô achando esse lugar aqui no Guarujá que vocês pediram. Onde que é mesmo? Não, é aqui, assim, assim, assim’... Então, é uma coisa muito delicada, entendeu? É um trabalho que vale vida, né? Então me entende que a gente tem que ter essa cautela. Faz isso, por favor?", diz Armôa para Rollo em novo áudio.


A casa caiu

O acordo entre as partes, porém, não vingou, porque Vinycius foi preso no dia 8 de agosto. Um mês depois, o advogado João Armôa também foi detido.


Orlando Rollo e os outros três policiais civis foram presos em 18 de novembro. Após a apresentação da denúncia, os promotores pediram para a Justiça a conversão da prisão temporária em preventiva, o que foi acatado pelo juiz do caso.


“Nós oferecemos denúncia contra sete agentes, sendo quatro policiais civis, um advogado, o traficante da droga e o motorista que levava a droga até a apreensão pelos policiais civis envolvidos no desvio da droga”, disse o promotor Renato dos Santos Gama. Dos sete denunciados, apenas o motorista está foragido.


Orlando Rollo foi preso após ser denunciado na investigação do Ministério Público
Orlando Rollo foi preso após ser denunciado na investigação do Ministério Público   Foto: Reprodução/TV Tribuna

Além de investigar o envolvimento de outras pessoas no crime, o Ministério Público tem outra missão. “Necessário pontuar que há outros indivíduos ainda não identificados e, além disso, a droga, em tese, ainda está armazenada, não foi vendida totalmente, segundo informações. O objetivo segundo seria a localização dessas drogas”, afirma Gama.


Armando de Mattos, advogado de defesa de Orlando Rollo, prepara recurso para revogar a prisão. A defesa de João Armôa vai analisar a denúncia do MP e diz que recorrerá da prisão preventiva.


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