Segundo reportagem do JT2, da TV
A negociação, segundo o Ministério Público Estadual, envolveria o pagamento de propina para quatro investigadores da Polícia Civil. Eles teriam recebido a informação de que uma grande quantidade de cocaína seria repassada de um caminhão para outro veículo, na Rodovia Cônego Domenico Rangoni. Dali, ela seria transportada ao Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Dos 958 quilos de cocaína apreendidos, o grupo teria desviado 790 quilos e apresentado somente 160 tabletes.
No mesmo dia da apreensão, 6 de agosto, o advogado João Armôa e o traficante Vinycius Costa teriam iniciado a negociação para devolução da cocaína. Inicialmente, eles combinam um encontro para a tarde do dia seguinte. Em áudio, o advogado questiona Rollo se o encontro poderia ser no 3º Distrito Policial (DP), na Ponta da Praia, e o investigador dá o aval para a reunião nessa unidade.
“Ele quer se encontrar na delegacia dele, que é ali atrás do distrito, terceiro DP. A gente vai ali atrás. O distrito tá fechado hoje, né? Ele vai abrir. A gente vai na sala dele conversar, tá? É isso aí. Beleza? Três e quinze eu tô lá. Um abraço”, diz Armôa ao cliente, braço direito de André do Rap.
Orlando Rollo responde: “Então, essa questão de horário é horário aproximado. Nós estamos aqui numa diligência com a Receita Federal, entendeu? Eu avisei dessa questão de horário”.
Na reunião, à noite, não houve acordo, porque Vinycius teria aceitado pagar apenas R$ 3 milhões pela droga, enquanto os policiais denunciados exigiam, no mínimo, R$ 4 milhões. Depois de intensa negociação, segundo o Ministério Público, Vinycius e Armôa aceitaram pagar o valor exigido. O advogado, no entanto, demonstra preocupação com a logística da devolução da droga.
A casa caiu
O acordo entre as partes, porém, não vingou, porque Vinycius foi preso no dia 8 de agosto. Um mês depois, o advogado João Armôa também foi detido.
“Nós oferecemos denúncia contra sete agentes, sendo quatro policiais civis, um advogado, o traficante da droga e o motorista que levava a droga até a apreensão pelos policiais civis envolvidos no desvio da droga”, disse o promotor Renato dos Santos Gama. Dos sete denunciados, apenas o motorista está foragido.
Além de investigar o envolvimento de outras pessoas no crime, o Ministério Público tem outra missão. “Necessário pontuar que há outros indivíduos ainda não identificados e, além disso, a droga, em tese, ainda está armazenada, não foi vendida totalmente, segundo informações. O objetivo segundo seria a localização dessas drogas”, afirma Gama.
Armando de Mattos, advogado de defesa de Orlando Rollo, prepara recurso para revogar a prisão. A defesa de João Armôa vai analisar a denúncia do MP e diz que recorrerá da prisão preventiva.