Estava tudo marcado e planejado há mais de um ano. O jovem Vitor Virgiliano Gonçalves, de 22 anos, que morreu na última sexta (5) quando trabalhava na manutenção de uma escola municipal em Santos, iria realizar o sonho de se mudar para Portugal em maio, dias depois de se casar. Antes planejando a viagem, a família agora cobra justiça após afirmar que Vitor trabalhava sem os equipamentos de segurança adequados.
Vitor Gonçalves realizava manutenção no telhado da quadra da Unidade Municipal de Educação (UME) Rubens Lara, localizada no Morro da Nova Cintra, em Santos, quando despencou de uma altura de dez metros, junto com parte da estrutura. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
A família relatou à Polícia Civil que o jovem trabalhava apenas com cinto de segurança, já que a construtora responsável pela obra não teria oferecido os equipamentos de segurança necessários.
"Não tinha onde ele amarrar o cinto. Ele precisava estar amarrado e com trava quedas. A empresa tinha que fornecer isso. Ele estava sem capacete, bota, luva, óculos. Não tinha nada. Estava pela força de vontade dele”, afirma o irmão de Vitor, Thiago Henrique da Silva, de 27 anos.
Thiago, que trabalha como montador de andaime, conta que Vitor trabalhava para a construtora há quatro meses, mas sem carteira assinada. Segundo o irmão, o jovem de 22 anos teria começado trabalhos de reparo em telhado há menos de uma semana, sem receber treinamento adequado.
“O sonho dele era ir para Portugal. Ele estava há mais de 1 ano programando isso. Por causa da pandemia, foi cancelando. O casamento estava marcado para 1º de maio. A viagem já estava marcada para 7 de maio. Vi ele crescer, era uma relação muito boa. Ele sempre me escutava", recorda Thiago, sobre a relação com o irmão.
O enterro de Vitor Gonçalves aconteceu no último domingo (7). Ele morava no Parque das Bandeiras, em São Vicente, com a mãe Marina Aparecida Virgiliano da Silva, de 46 anos. Ela recorda o planejamento da mudança para Portugal e lamenta a morte precoce.
“Meu filho só tinha 22 anos, era estudioso e morreu trabalhando. A gente já tinha arrumado tudo. As passagens estavam pagas. Desde o ano passado estava tudo sendo programado, nos mínimos detalhes. Sempre conversávamos. Acabaram com o sonho do meu filho, e com o meu junto”, desabafa a mãe.
Resposta
A prefeitura de Santos disse, em nota, que exige que as empresas vencedoras de licitações forneçam Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e coletiva para seus funcionários e garantam a sua utilização em todas as atividades.
Ainda segundo a nota, a empresa terceirizada responsável pelo serviço alegou à prefeitura que entregou EPIs aos funcionários da referida obra.
A Polícia Civil disse que já ouviu todas as partes e aguarda laudos do Instituto de Criminalística (IC) e do Instituto Médico Legal (IML) para prosseguir com as investigações. O caso é investigado pelo 5º DP de Santos.