
A tia de Carlos sofreu uma ameaça de um perfil fake nesta terça-feira (30) ( Foto: Reprodução e Arquivo Pessoal )
A família de Carlos Teixeira Gomes Ferreira Nazara, adolescente de 13 anos que[sofria bullying e morreu em decorrência de uma suposta agressão em Praia Grande rel:noreferrer](https://www.atribuna.com.br/noticias/policia/aluno-de-13-anos-morre-apos-agressao-dos-colegas-em-escola-de-praia-grande-afirma-familia" aria-label="sofria bullying e morreu em decorrência de uma suposta agressão em Praia Grande" target="_blank), está sofrendo ameaças de morte após a divulgação de dados pessoais de menores e servidores públicos nas redes sociais. A última aconteceu após um perfil[ listar ‘envolvidos’ expondo o rosto até mesmo dos pais dos estudantes na última segunda-feira (29). rel:noreferrer](https://www.atribuna.com.br/noticias/policia/menores-e-servidores-sao-associados-a-morte-de-aluno-agredido-em-praia-grande-em-post-na-internet" aria-label=" listar ‘envolvidos’ expondo o rosto até mesmo dos pais dos estudantes na última segunda-feira (29)." target="_blank)
Depois da repercussão de mais de 4 milhões de visualizações, o perfil apagou a publicação que divulgava em uma thread o rosto de menores de idade, familiares deles e servidores públicos da Escola Estadual Professor Julio Pardo Couto, cenário das agressões que Carlos sofria.
Entretanto, a advogada Amanda Mesquita- que representa a família- explica que a divulgação das imagens, que acontece de forma ilegal, vem causando transtornos para a família, principalmente pelo fato de nem todos os rostos e nomes expostos serem realmente ligados ao caso. A thread publicada no X (antigo Twitter) citava que parentes do meninos haviam confirmado a participação deles no crime, o que a advogada ressalta que é mentira.
“Infelizmente, tem muitas pessoas que estão usando o caso do ‘Carlinhos’ para ganhar engajamento na internet, o que é lamentável, porque a gente está falando de uma criança que perdeu a vida e as pessoas estão usando isso para conseguir curtidas. Então, isso demonstra o quanto a nossa sociedade está doente”, relata a defensora.
Os perfis que estão divulgando detalhes do caso, atrelados com desinformações, estão gerando consequências diretas para a família. Amanda conta que a situação ‘perdeu o controle’ quando contas falsas começaram a ser criadas para ameaçar parentes do adolescente.
“A família do Carlinhos, a família dos meninos que estão sendo culpados, está todo mundo sendo ameaçado. Essas pessoas que estão sendo divulgadas estão correndo risco de morte. Os meninos estão sendo ameaçados, as famílias dessas pessoas estão sendo ameaçadas e, por consequência, a família do Carlinhos também está sendo ameaçada. Então assim, virou uma bola de neve”, comenta.
Amanda relata que uma série de informações falsas estão sendo divulgadas sobre o caso, inclusive com um diagnóstico falso de que Carlinhos teria autismo e inventaram que ele teria uma madrasta que o agrediu. Essas informações vêm sendo publicadas em todas as redes sociais, do TikTok ao X (antigo Twitter).
“Eles (familiares) estão assustados, porque estão tentando lidar com o luto e tem um turbilhão de coisas acontecendo enquanto isso. As pessoas estão curiosas para saber quem cometeu e isso atrapalha a própria investigação. Como as pessoas querem pedir Justiça, se elas estão atrapalhando o trabalho da justiça?”, questiona Amanda.
Agora a defensora está divulgando atualizações sobre o caso nas redes sociais para combater as notícias falsas e futuramente não descarta a possibilidade de tomar medidas legais contra esses perfis. Amanda publicou na tarde desta terça-feira (30) um apelo sobre a disseminação dessas informações errôneas. (Veja em vídeo abaixo)
“Passou o limite do aceitável e do que seria o bom senso, o limite da humanidade. As pessoas perderam a noção, tudo por um like. E a vida das pessoas tem preço, tem valor. A mãe do Carlinhos falou que o filho tem uma história e a história do Carlinhos está sendo manchada por isso”.
Investigação
Recentemente, foi [divulgada a declaração de óbito de Carlos que indica que a causa da morte do adolescente foi uma broncopneumonia bilateral. rel:noreferrer](https://www.atribuna.com.br/noticias/policia/documento-do-iml-aponta-causa-da-morte-de-aluno-que-foi-agredido-em-escola-de-praia-grande" aria-label="divulgada a declaração de óbito de Carlos que indica que a causa da morte do adolescente foi uma broncopneumonia bilateral." target="_blank) O documento foi emitido pelo Instituto Médico Legal (IML) de Praia Grande. O caso ainda está em fase de investigação.
A advogada Bruna Cabral explica que, como são crianças e adolescentes ainda em formação, a imagem de menores- mesmo que investigados por uma possível participação na agressão do adolescente- não pode ser divulgada sem a autorização dos responsáveis. Ela cita que o ordenamento jurídico dá proteção à imagem da criança e do adolescente tanto na Constituição Federal de 1988 (CRFB/88) quanto na Lei Federal nº 8.069 de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA).
“Quando alguém divulga o nome ou usa a imagem de um adolescente em notícias publicadas em qualquer meio de comunicação sem autorização, não é preciso provar que houve algum dano específico, porque o dano é considerado evidente por si só. O artigo 143 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) garante a proteção à divulgação de atos judiciais, policiais e administrativos que atribuam ao menor a autoria de ato infracional”, informa a advogada.
A Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP) informou que o caso é investigado pelo 1° Distrito Policial (DP) de Praia Grande, com apoio da Diretoria de Ensino de São Vicente. Entretanto, explicou que a autoridade policial aguarda a elaboração dos laudos solicitados ao Instituto Médico Legal (IML) para serem analisados, enquanto isso realiza oitivas com as partes para auxiliar no esclarecimento.
Ainda segundo a SSP, todos os fatos são analisados pela unidade policial. Contudo, sobre a divulgação de imagens atrelando menores ao caso, a secretaria ressaltou que mais detalhes serão preservados para garantir autonomia do trabalho policial. Sendo assim, não há confirmação oficial de que qualquer rosto exposto é parte das investigações.
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