Empresas mudaram de nome a cada 6 meses para lavar dinheiro do tráfico pelo Porto de Santos, diz PF

Documentos e celulares foram apreendidos em Santos e Praia Grande, matrizes das companhias

Por: Daniel Gois  -  31/08/23  -  07:19
Foram 17 toneladas de cocaína apreendidas ligadas à facção criminosa investigada
Foram 17 toneladas de cocaína apreendidas ligadas à facção criminosa investigada   Foto: Divulgação/Polícia Federal

Um grupo de empresas de fachada com matrizes em Santos e Praia Grande alterou as respectivas razões sociais para atuar na lavagem de dinheiro do tráfico internacional de drogas, com foco no Porto de Santos. Além dos nomes, os sócios também se alternavam durante o período. As investigações são conduzidas pela Polícia Federal (PF).


O delegado Fabrizio Galli, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes de São Paulo, explica que a corporação investiga a referida organização criminosa há três anos. Nesta quarta (30), foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão em endereços nas duas cidades.


"Funcionavam algumas empresas, que mudavam as razões sociais a cada seis meses, ou os sócios. Eles se alternavam na sociedade. As empresas operavam no Brasil inteiro. Se utilizavam de cargas de frutas, limões, mangas, farinha de trigo, açúcar, madeira. Era uma rede bem organizada para esse tipo de exportação", disse Galli em entrevista coletiva na Delegacia da PF, em Santos.


No decorrer das investigações, a PF efetuou 21 apreensões que totalizaram 17 toneladas de cocaína. Dessas, apenas uma ocorreu no Aeroporto Internacional de Guarulhos. As demais foram em portos brasileiros, com predominância para o Porto de Santos.


A droga vinha de países como Bolívia, Colômbia e Peru. O destino de exportação era a Europa, com predominância para a Bélgica. Na ação desta quarta, a PF apreendeu documentos e celulares ligados às empresas que efetuaram lavagem de dinheiro do tráfico.


Criminosos escondiam cocaína em cargas de frutas e outros produtos
Criminosos escondiam cocaína em cargas de frutas e outros produtos   Foto: Divulgação/Polícia Federal

Bloqueio bilionário

Para desarticular o esquema, foi decretado o bloqueio de R$ 2,8 bilhões em bens existentes nas contas bancárias e aplicações financeiras dos investigados, além do sequestro de 12 imóveis.


"Solicitamos mandados de prisão aos sócios das empresas, mas não aos funcionários. Em relação aos sócios, fizemos buscas nas casas, e cumprimos o mandado de busca. O material será analisado e, dependendo do que foi obtido, vamos apresentar novos pedidos à justiça. As matrizes das empresas se concentram na região de Santos", declarou.


Segundo o delegado, as empresas se intitulavam como bares, restaurantes e até casas de shows, mas não promoviam eventos, se concentrando apenas na lavagem de dinheiro.


Os investigados vão responder pelos crimes de organização criminosa, tráfico internacional de drogas, associação para fins de tráfico e lavagem de dinheiro.


Delegado Fabrizio Galli explicou atuação da organização criminosa durante entrevista coletiva em Santos
Delegado Fabrizio Galli explicou atuação da organização criminosa durante entrevista coletiva em Santos   Foto: Daniel Gois/AT

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