Auxiliar de enfermagem é indiciada por atropelar casal em Praia Grande

Caso aconteceu no mês de março e deixou uma vítima fatal na avenida Presidente Kennedy. Mulher estaria ao celular no momento do acidente

Por: Eduardo Velozo Fuccia  -  14/05/19  -  12:02
"O brasileiro não está acostumado a assumir os seus atos”, disse Juvenal Marques Ferreira Filho   Foto: Divulgação

“Infelizmente, o brasileiro não está acostumado a assumir os seus atos”. A afirmação é do delegado Juvenal Marques Ferreira Filho, do 1º DP de Praia Grande, e refere-se à conduta de uma auxiliar de enfermagem que atropelou um casal ao dirigir falando ao celular e fugiu sem prestar socorro. Uma das vítimas faleceu.


Marques disse nesta segunda-feira (13) que indiciará em inquérito policial uma auxiliar de enfermagem, de 24 anos, por três delitos do Código de Trânsito Brasileiro (CTB): homicídio culposo (decorrente de imprudência, imperícia ou negligência) na direção de veículo automotor, lesão corporal culposa e afastar-se de local de acidente para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída.


Catadores de materiais recicláveis, Ruan Carlo Cardoso, de 40 anos, e a sua mulher, de 41, separavam objetos na Avenida Presidente Kennedy, no Boqueirão, à 1h40 do último dia 3 de março, quando foram atropelados. O casal foi encaminhado ao Hospital Irmã Dulce, onde o homem faleceu às 16h18.


Sobre o acidente, a mulher da vítima fatal contou que nada viu, porque tudo foi muito rápido. Ela disse que estava na calçada com o companheiro e foram atingidos por um “carro branco”, conforme lhe informou uma mulher. A testemunha caminhava pelo local e não conseguiu visualizar a placa e sequer o modelo do automóvel. Em estado grave, Ruan foi socorrido inconsciente e não chegou a ser ouvido.


No exato local do acidente não há câmeras. Porém, com base na informação sobre a cor do veículo envolvido no episódio, a equipe do investigador Olívio Bento se dirigiu à central de monitoramento de vídeo da Prefeitura de Praia Grande e identificou um Peugeot 208 Allure branco passando um minuto após o acidente pelo viaduto 22 da Via Expressa Sul.


“Checamos as imagens das câmeras existentes nas proximidades, possíveis rotas de fuga. Além da cor branca do Peugeot, o seu capô e para-choque dianteiro danificados sugeriam que ele poderia ser o carro do atropelamento. O veículo está em nome da auxiliar de enfermagem e a intimamos a comparecer ao distrito”, informou Bento.


Versão


A auxiliar de enfermagem prestou depoimento na última quarta-feira (8). Admitiu que dirigia o Allure falando ao celular com o ex-namorado e acelerou ao ver um homem agachado no meio-fio, perto de outra pessoa, no cruzamento da Presidente Kennedy com a Rua Guarujá. Segundo a indiciada, ela ficou assustada, imaginando que poderia ser um assalto. Por isso, imprimiu mais velocidade e abaixou a cabeça para se proteger de eventual arremesso de pedra ou disparo.


A motorista estava acompanhada de uma amiga e disse que, pelo retrovisor, viu o homem sendo arremessado pelo Peugeot para a calçada. Em seguida, ela foi até a casa da passageira, que a levou posteriormente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Quietude, apesar de o Irmã Dulce ficar mais perto. Ao médico que a atendeu, ela alegou que bateu o carro ao sofrer tentativa de roubo.


Liberada na mesma data da UPA, a auxiliar de enfermagem não trabalhou no dia seguinte e, por indicação de um colega de trabalho, levou o Allure para uma oficina no Melvi. Sobre o fato de não ter comunicado o ocorrido às autoridades, ela justificou que acreditava ter sido vítima de tentativa de assalto e, na sua visão, o ladrão jamais acionaria a polícia para socorrê-lo.


  Foto: Reprodução

Logo A Tribuna
Newsletter