Projeto busca dar visibilidade ao trabalho de catadores de recicláveis em Peruíbe

Locomotiva do Bem já cadastrou 125 catadores na cidade. Iniciativa faz parte de TCC de estudante da PUC-SP

Por: Marcela Ferreira  -  18/08/20  -  20:26
  Foto: Divulgação

Observando a falta de iniciativas que fomentassem a reciclagem e coleta seletiva na cidade de Peruíbe, litoral Sul de São Paulo, Talita Guandalini, de 34 anos, que finalizou sua terceira graduação, começou o projeto Locomotiva do Bem. A iniciativa começou como um Trabalho de Conclusão de Curso, mas agora a ativista busca seguir dando visibilidade aos catadores de recicláveis a longo prazo, inclusive com parcerias.


Talita formou-se em Gestão de Organizações Sociais neste ano pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Moradora de Peruíbe, e já envolvida com outros projetos sociais, ela pensou em investir na sustentabilidade para trazer maior qualidade de vida para o município, e melhores condições de trabalho aos catadores de recicláveis.


A Locomotiva do Bem partiu da ideia de promover, dentro do condomínio onde vive, a coleta seletiva, que não era feita na cidade, e contratar catadores para que eles destinassem corretamente estes resíduos sólidos recicláveis. “Em questão de dois meses fui conhecendo os catadores de recicláveis. Eu conversava com eles e perguntava o que eles precisavam. Eles diziam que em alguns dias ganhavam R$ 2,00, e em outros ganhavam R$ 40,00. É uma vida muito triste”.


Comovida, Talita buscou parcerias com projetos mais conhecidos em âmbito nacional, como o ‘Pimp My Carroça’, que levanta fundos para auxiliar os catadores de recicláveis, e ainda promove a restauração com pinturas e reparos das carroças. A parceria com a Locomotiva do Bem rendeu frutos. “Eu acabei virando embaixadora do projeto. Eles conseguiram fazer um ‘crowdfunding’ arrecadando R$ 1,5 milhão. Mais de 2.400 pessoas físicas e outras multinacionais doaram”, conta.


O catador de recicláveis Eduardo Paulino Lopes foi um dos beneficiados pelo projeto em Peruíbe
O catador de recicláveis Eduardo Paulino Lopes foi um dos beneficiados pelo projeto em Peruíbe   Foto: Divulgação/Locomotiva do Bem

Agora, os 125 catadores de Peruíbe cadastrados na Locomotiva do Bem serão beneficiados pelo valor arrecadado pelo Pimp My Carroça, através da parceria. No dia 29 de agosto, haverá um evento para a entrega de cartões com saldo, e equipes irão auxiliar no desbloqueio do valor para uso dos beneficiados, e ainda haverá a entrega de kits da ‘Locomotiva’ para os catadores de recicláveis.


“O meu sonho é conseguir um piso salarial para os catadores. O Brasil recicla em torno de 4% de todo o resíduo que a gente gera, e 90% desses 4% são reciclados pelos catadores. O setor ainda não é regulado, então essa é uma ideia de fomentar isso, para fortalecer o papel dos catadores aqui”, diz Talita.


A ativista ainda conta que tem um plano a longo prazo para a Locomotiva do Bem. “Temos também decretos municipais que falam sobre a destinação correta de resíduos sólidos, mas nada ainda foi aplicado. Nossa ideia é criar algumas ferramentas, identificar o que há no Brasil e no mundo, para aplicar aqui”, revela.


“Eu vejo uma riqueza muito grande, muita oportunidade, no lixo. É uma engrenagem financeira para a gente viabilizar soluções para um monte de problemas socioambientais”, finaliza.



Como as pessoas podem ajudar?


O movimento tem apenas dois meses de existência, e por isso ainda carece de auxílio para divulgação e produção de conteúdo digital. “É tudo muito recente, nós temos o Instagram, e estamos fazendo uma vaquinha virtual pelo 'Benfeitoria' para arrecadar dinheiro para fazer kits para os catadores. Essa campanha vai até o dia 25 de agosto, porque no dia 29 faremos o evento de entrega dos cartões do Pimp My Carroça para eles”, diz Talita.


Quem tiver interesse em ajudar, pode entrar em contato com a Locomotiva do Bem pelo Instagram (@locomotivadobemperuibe), além de usar o aplicativo Cataki, que é gratuito, para apoiar o trabalho dos catadores solicitando os serviços deles.


Como empresas podem ajudar?


A Locomotiva do Bem tem alguns dias para arrecadar cerca de seis mil reais para investir em camisetas, mochilas e bandeiras para montar os kits que serão entregues aos catadores durante o evento, a ser realizado no dia 29 de agosto.


“A gente precisa que empresas possam oferecer produtos ou serviços pró-bono. Precisamos muito de uma agência de publicidade, para dar visibilidade ao movimento, precisamos gerar conteúdo. Os catadores precisam de EPIs, coletores refletivos, luvas, álcool gel, boné, galões de água e sabão”, pede a idealizadora do projeto.


Logo A Tribuna
Newsletter