Guerra inaceitável: especialistas do litoral de SP condenam ação russa e falam em impactos no mundo

Profissionais analisam Brasil em situação delicada após invasão da Rússia ao território da Ucrânia

Por: Daniel Gois  -  25/02/22  -  07:03
Atualizado em 25/02/22 - 15:25
Invasão da Rússia ao território da Ucrânia é vista como inadmissível por especialistas em relações internacionais
Invasão da Rússia ao território da Ucrânia é vista como inadmissível por especialistas em relações internacionais   Foto: Sergei Grits/Associated Press/Estadão Conteúdo

A invasão da Rússia ao território da Ucrânia é vista como inadmissível por especialistas em relações internacionais ouvidos por A Tribuna. Eles consideram que o ataque pode trazer prejuízos econômicos para todo o mundo, além de verem o Brasil em uma situação bastante delicada.


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Coordenador da pós-graduação em Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, o professor Gilberto Rodrigues explica que a Ucrânia tem se movimentado para tentar ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) – que é a aliança militar do Ocidente –, o que seria considerado inaceitável pelo presidente russo Vladimir Putin.


Além disso, Putin reconheceu as regiões separatistas de Luhansk e Donetsk como independentes da Ucrânia. A invasão, com uso de bombardeios e mísseis, seria uma resposta a uma possível ofensiva ucraniana contra os separatistas.


“Do ponto de vista do Direito Internacional e das relações internacionais, a invasão é algo inaceitável. A Ucrânia é um Estado independente que não agrediu a Rússia e Putin ordenou uma invasão para ocupar a Ucrânia. O que estamos vendo é a destruição rápida de pontos do país, principalmente de infraestruturas. Pelo discurso do Putin, o que se imagina, depois, é uma destituição do governo da Ucrânia, que é pró-Ocidente”.


Depois dos ataques, que fizeram o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky decretar Lei Marcial em todo o território local (norma implementada em situações de crise política e civil), os Estados Unidos e a União Europeia decidiram impor sanções econômicas à Rússia, o que pode afetar a comercialização de diversos produtos. O País, comandado por Putin desde 1999, possui uma vasta quantidade de recursos, como petróleo, gás e fertilizantes.


O professor Fabiano Menezes, coordenador do curso de Relações Internacionais da Universidade Católica de Santos (UniSantos), entende que o conflito vai gerar um efeito em cascata na maioria dos países. “Qualquer retaliação mais pesada da União Europeia contra a Rússia prejudicaria não só os russos, mas também a União Europeia, os Estados Unidos e o mundo inteiro. Países que dependem de importação vão sofrer as consequências dos produtos derivados de petróleo”.


Brasil

Os especialistas entendem que a situação brasileira é bastante complicada, uma vez que o presidente Jair Bolsonaro (PL) visitou Putin pouco antes da invasão. Por outro lado, o País é aliado da Otan e tem interesse em entrar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).


Um ponto destacado por Rodrigues é a cooperatividade entre os militares brasileiros e norte-americanos. Sendo assim, um eventual posicionamento pró-Rússia poderia não ser visto com bons olhos pelas Forças Armadas.


“Os militares brasileiros têm acordo de cooperação com os militares norte-americanos. Eles recebem muito dinheiro de cooperação. Não interessa às Forças Armadas brasileiras ficar do lado do Putin e perder a cooperação com os Estados Unidos”.


Menezes diz que a política externa brasileira sempre teve como princípios a paz e a não anexação de territórios. “O que a Rússia fez é uma violação dos princípios da política externa brasileira”.


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