Ah, a paixão… que até os corações mais difíceis se rendem. É, a paixão mexe com todos. Mas, o sentimento que é cantado, escrito e vivido por tanta gente, tem lá seus efeitos em nosso cérebro.
Para o mestre e doutor em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo (USP), Mohamad Ali Abdul Rahim, os primeiros sinais da paixão envolvem um estado de excitação emocional, pensamentos obsessivos dirigidos à pessoa, bem como estados de insegurança e ansiedade.
Mohamad também ressalta que estar apaixonado, geralmente, ativa no cérebro a produção de dopamina, a oxitocina e a serotonina, bem como os hormônios testosterona e estrogênio.
Já a psicóloga Stefani Reis, explica que as combinações químicas do cérebro resultam em dilatação das pupilas, respiração curta e nervosismo. “A intensidade do comportamento depende da experiência em contato com a emoção e a possível, ou não, reciprocidade”.
Tempo
Apesar dos últimos dados apontarem que a paixão dura de 12 a 48 meses, Mohamad acredita que essa é uma questão amplamente subjetiva.
“Já que encontramos pessoas que se apaixonaram e perderam o interesse em poucas semanas, e outras que se mantêm obcecadas pelo outro por anos”, conta.
Mohamad ainda destaca que nesses casos é preciso ter cuidado, pois muitos acabam cometendo crimes ao sentirem ameaças de abandono. “Se estamos apaixonados, a relação nunca pode terminar. Mas, se amamos, admitimos a possibilidade do fim”.
Apaixonei
Se você já se apaixonou, provavelmente se viu com o seguinte pensamento: o que é que eu vi nessa pessoa?. São muitos os fatores que podem gerar em nós um sentimento que, às vezes, parece ser arrebatador.
“Nosso psiquismo é influenciado, entre outros elementos, pela atração física, compartilhamento de interesses e valores comuns, bem como por fatores culturais e sociais que predispõem cada um a se sentir atraído por uma ou outra pessoa. Mas esses elementos são geralmente conscientes”, diz o psicólogo.
Ele também explica como o sentimento age de acordo com o ponto de vista da psicanálise. “Nós somos amplamente afetados por motivações inconscientes que nos fazem realizar uma escolha amorosa. Entre essas motivações está o Complexo de Édipo, pelo qual todos passamos quando nutrimos sentimentos de amor e ódio pelas figuras maternas e paternas, e que nos predispõe a buscar relações amorosas baseadas nesses primeiros vínculos”, complementa.
Amor à primeira vista
Segundo Mohamad, para a psicanálise, o amor à primeira vista não é exatamente um sentimento que surge repentinamente quando encontramos alguém que conquista nosso coração.
De acordo com o conceito de transferência, o que sentimos é, na realidade, a reedição de sentimentos que já desenvolvemos no passado pelas pessoas que cuidaram de nós. “A pessoa que encontramos no presente, de alguma forma, nos liga à experiências do passado que foram muito significativas”, explica.
É amor
"É o amor, que mexe com a minha cabeça e me deixa assim; que faz eu pensar em você e esquecer de mim…" Será?
Para o professor, a paixão é uma forma infantil de amar, enquanto o amor representa um sentimento mais maduro. Durante o período da paixão costumamos sentir:
Já no amor conseguimos admitir as qualidades e os defeitos, bem como toleramos o fato de que podemos amar e odiar a mesma pessoa. Louco, não é mesmo?
Mas é quando a paixão se transforma em amor, que nos tornamos mais tolerantes e conseguimos ter um relacionamento mais duradouro e significativo. “O amor é uma decisão mais voltada ao racional do que ao emocional”, explica Stefani.
Beijo apaixonado
Se beijar é bom, beijar apaixonado é ainda melhor!
Isso porque, segundo a Stefani, a troca de carinho pode causar diversos efeitos em nós.
“Os impulsos causados aumentam a comunicação entre o nosso cérebro e as partes envolvidas do nosso corpo. Durante o beijo, neurotransmissores são liberados e resultam em como iremos nos sentir e pensar. É envolvido diretamente com a dopamina, substância que ocasiona o sentimento de prazer, ânimo e motivação”, explica.
“Ele leva a redução do estresse e da ansiedade e melhoria do humor, dando sensação de felicidade”, conta Mohamad.
Errado
"Eu me apaixonei pela pessoa errada, ninguém sabe o quanto que eu estou sofrendo…"
Já no lado comportamental, levar “um fora” pode causar:
A pessoa também pode ficar obcecada em tentar entender os motivos que levaram o alvo da paixão a não correspondê-la.
Apaixonadinhos
E no clima do Dia dos Namorados, nos resta algumas perguntas: estamos apaixonados ou não? É recíproco? O que o sentimento tem causado em nós? Este é um ótimo período para refletirmos sobre.