Calma e preparo são os segredos para ir bem no Enem, dizem especialistas

Candidatos contam seus truques para controlarem os nervos e conquistarem seus objetivos ao fazerem o exame

Por: Nathália de Alcantara  -  01/11/18  -  16:15
  Foto: Montagem/AT

Domingo (4) é dia da primeira prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para mais de 5,5 milhões de estudantes do País todo. Mais do que isso, é um ritual de passagem para uma vida nova, que começará dentro de alguns meses. E, para saber como andam a expectativa, os nervos e a ansiedade a dias da prova, A Tribuna** conversou com alguns dos melhores alunos da região, que contam como estão os detalhes finais para o tão esperado dia.


Segundo a psicóloga Maria Paula Carvalhaes, o Enem é muito mais do que um exame. “É uma prova feita para encerrar um ciclo e começar outro. É como a história do indiozinho que vai para a floresta sozinho e deve voltar com a caça”.


Para ela, que é especialista em atendimento de adolescentes, é o momento do jovem avaliar o lugar dele. “É um certificado na vida, do quanto se sabe. Por isso, é preciso ter definido o que se quer com maturidade e foco. O adolescente deixará de ser o rei da aldeia, o melhor da escola, para prestar a prova com os melhores do Brasil. Aí, ele verá onde se classifica”.


Ansiedade


“É natural, e até bom, sentir-se ansioso. Faz com que a pessoa faça um esforço para ter um desempenho melhor. Isso tudo está relacionado à parte das emoções”, explica o pós-doutor pela University of London.De acordo com o neurologista especialista em adolescentes Saul Cypel, o Enem gera expectativas, medos e preocupação. Tudo isso faz com que haja um aumento no nível de ansiedade, causado por processos bioquímicos no cérebro, que aparecem diante de um desafio.


Saul diz que o ideal é o candidato respirar fundo antes de começar a prova. Essa é a melhor maneira de driblar o famoso ‘branco’. “Todo o aprendizado está registrado nos circuitos cerebrais como um computador. Mas, quando a ansiedade sobe além do esperado, a capacidade de usar a memória e ter raciocínio mais cuidadoso fica comprometida”.


O especialista destaca que é natural ficar nervoso, mas que quem lidar melhor com o nervosismo sairá na frente. “É o futuro que está em jogo e a maioria dos jovens tem entre 17 e 19 anos. O Enem não é apenas uma prova, mas aprender a lidar com possíveis falhas e frustrações. É entender que a vida lhe trará desafios e experiências de vários tipos. Se der tudo certo, ótimo. Caso não, recupere-se e melhore para o futuro”.


"Diminuir a ansiedade"


É focado no Enem 2019 que o estudante Victor Lopes Carvalho Moreno, de 16 anos, prestará o exame este ano. Ele, que será treineiro, abrirá mão dos dois próximos domingos livres para mergulhar de cabeça em provas longas e intensas. A ideia é fugir dos imprevistos e da ansiedade do ano que vem, quando a prova for pra valer.


“Acho importante já ter conhecimento e saber como funciona o exame. Ajudará a diminuir a ansiedade. O pessoal que faz reclama que fica nervoso e esquece as coisas. Então, o psicológico conta bastante”, diz o aluno do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Universitas.


E, apesar de ainda faltar mais de um ano para garantir a tão sonhada vaga na universidade, Victor tem levado a rotina de estudos bem a sério desde já.


“Será meu primeiro vestibular. Para essa prova, me reuni com alguns amigos e analisamos as provas de outros anos. Selecionamos os principais temas de cada disciplina para ter atenção. Além da escola, tenho estudado em casa há uns cinco meses”.


Para o domingo, o estudante já tem tudo planejado, inclusive o lanchinho para a hora do exame. “Costumo ficar calmo, porque sei que me preparei antes e não tenho medo do que pode acontecer. Levarei um lanche rápido para não perder tempo e algo silencioso para não atrapalhar a minha concentração ou a dos outros”.


Para quem vai fazer o Enem junto com ele, a dica de Victor é bastante simples. “Programei de ficar tranquilo nos dias antes da prova. Não adianta deixar tudo para cima da hora, ainda mais em um exame importante desses”.


"Teste cansativo"


Ele já foi aprovado em Física na Fuvest - um dos vestibulares mais difíceis do País - no ano passado, como treineiro. Mas, este ano, a missão de Bruno Carvalho Brandão, de 17 anos, é encarar o Enem. E ele considera isso muito mais complicado.


“Estou focado para passar em Matemática aplicada a Negócios. Então, me preparei muito e me sinto pronto. Ao contrário da Fuvest, que tem uma prova enxuta e complexa, o Enem é muito longo e cansativo, exige leitura e compreensão. É um teste cansativo e o primeiro dia é só Humanas, meu ponto fraco”.


Aluno do Colégio Objetivo, ele é primeiro lugar, entre mais de 15 mil jovens do Brasil todo, em um simulado da escola chamado Fuvestão.


“Vou fazer o Enem por ser uma prova com maior amplitude e tenho me dedicado aos exercícios específicos de uma coleção voltada para esse exame”.


No último ano do Ensino Médio, ele tem se dedicado apenas às aulas que considera mais importantes. “Além do colégio, frequento as aulas do cursinho e estudo sozinho. De seis aulas da manhã, às vezes vejo apenas duas. Cada uma dura 1h e eu faço todos os exercícios de uma disciplina de Exatas, na biblioteca, em 20 minutos. É economizar tempo”.


Para Bruno, o professor é quem facilita o assunto, mas o estudante que quer se dar bem precisa ir além.


“Quem não entender isso, pode esquecer. É preciso praticar por conta própria para aprender de verdade. Foi a filosofia que adotei pra mim desde o primeiro ano”.


Para desestressar, ele não abre mão das aulas de teatro e natação, à noite. “É importante manter o que se gosta, alguma diversão. Além do corpo, a mente também precisa estar preparada. Ajuda a controlar a ansiedade”.


"É preciso atenção"


O melhor presente que a estudante Yasmin Suart poderia ganhar ao completar seus 17 anos no dia 14 de dezembro seria a sua vaga em Relações Internacionais na Universidade Mackenzie ou na Fundação Getúlio Vargas.


Aluna do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Notre Dame, ela já conhece o Enem e diz estar preparada para enfrentá-lo.


“Fiz a prova no ano passado, junto com vestibulares de universidades particulares. Achava que seria muito complicado, mas a prova é relativamente fácil. É preciso prestar atenção”.


Yasmin diz que o segredo é estar realmente concentrado. “O teste tem algumas tiradas. Não é impossível, mas pede atenção e esforço dos candidatos”.


Sua rotina de estudos nos últimos meses teve colégio de manhã e, à tarde, resolução de exercícios por conta própria, em casa.


“Baixei as provas de anos anteriores e fui refazendo. O material didático da escola também traz explicação e exercícios para fazer em casa. Isso me ajudou muito. Como gosto de escrever e adoro histórias, acredito que vou me sair bem neste domingo”.


Apesar do foco total, Yasmin destaca que não passou mais do que duas horas estudando todos os dias.


“Esta semana, inclusive, perguntei para a minha médica sobre o que fazer e ela disse pra descansar. Ela tem razão, porque quem se dedicou o ano inteiro e estudou de verdade não vai ter o mesmo desempenho de quem pegou no livro só na última semana”.


Para o final de semana, ela inclusive está focada e tem tudo planejado. “Sei que a minha alimentação antes da prova fará a diferença. Até nisso já pensei. Não posso comer algo que me deixe com sono, agitada demais ou lenta”.


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