A questão da emissão de carbono pelo setor cafeeiro é um desafio que ganhou prioridade nas discussões sobre sustentabilidade no setor. Não foi diferente ontem, no último dia do 23º Seminário Internacional do Café, organizado pela Associação Comercial de Santos (ACS) e realizado no Sofitel Guarujá Jequitimar.
O gás carbônico retém calor nas camadas mais baixas da atmosfera, desequilibrando o clima e aumentando as médias da temperatura. Para especialistas ligados à sustentabilidade, o momento é de conscientiza-ção e busca pelo equilíbrio na balança entre captura e emissão.
“O carbono é a ‘moeda da hora’ da atualidade. Ele é o quarto elemento mais abundante na Terra. Está na planta, no solo, na água, na atmosfera, em nós. Ele não tinha uma visão como indicador de processos que vão desde a agricultura, passando pelos transportes e indo até a indústria, mas ganhou uma notoriedade. Grande parte dessa dinâmica do carbono se dá no meio agrícola, no campo”, diz o professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) Carlos Eduardo Pellegrino Cerri.
Para ele, as técnicas para quantificação de carbono são extremamente criteriosas, onerosas e também demandam tempo e pessoal especializado. “Esses processos são condicionados por solos diferentes, climas diferentes e culturas diferentes. Há uma grande variedade de café e de práticas de manejo. Isso tudo impacta nesse carbono”.
Cerri diz que a cafeicultura é uma atividade que emite carbono, mas que pode recapturá-lo, com um resultado benéfico. “É algo que melhora o ambiente sob o ponto de vista de carbono”.
De acordo com o professor, a indústria ligada ao café está entendendo esse processo. “A indústria, seja qual for, ela é só emissora. Não tem como retirar. Então, tem que se associar, cada vez mais, com a cadeia e com o elo de produção, que ali que é possível a remoção”, comenta ele.
Para a coordenadora de Projetos de Clima e Emissões do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), Renata Fragoso Potenza, é importante monitorar os resultados do carbono das fazendas, mas não apenas isso. “Também devemos abranger o escopo para a cadeia do café e isso também é importante para ir agregando atores e players desse processo como um todo”, complementa.
O evento
O seminário, que durou dois dias, contou com a participação de mais de 500 profissionais de 21 países, que acompanharam debates de assuntos ligado à cafeicultura, como tecnologia, inovação, sustentabilidade e logística.