Reservas do Banco Central encolhem US$ 39 bilhões em um ano

Saldo em moeda estrangeira recuou de US$ 387 bi há um ano para atuais US$ 348 bi, como reflexo de intervenções no mercado

Por: Júnior Batista & Da Redação &  -  12/07/20  -  19:36
Para assumir o cargo, Campos Neto precisa ser sabatinado pelo Senado
Para assumir o cargo, Campos Neto precisa ser sabatinado pelo Senado   Foto: Agência Brasil

As reservas internacionais do Banco Central encolheram 11,2% em um ano. O saldo foi de US$ 387 bilhões em julho de 2019 para US$ 348 bilhões neste mês – uma redução de US$ 39 bilhões. 


O levantamento, feito por A Tribuna, considerou o dia 1° de cada mês. O valor chegou a ficar em US$ 338 bilhões em maio, menor valor dos últimos 12 meses.


O dinheiro é a reserva em moeda estrangeira que o Banco Central possui. Ele fica aplicado de diversas formas, como títulos da dívida americana. 


As reservas são importantes porque cobrem despesas em moeda estrangeira, tanto do setor público quanto do privado, como dívidas, importações, remessas de lucro ao exterior e investimentos lá fora. 


Esse dinheiro funciona como colchão de proteção. Ao longo da história, o Brasil viveu crises econômicas por não ter recursos suficientes em caixa. 


Em 2006, eram apenas US$ 85 bilhões em reservas. A partir de 2007, houve salto para US$ 180 bilhões. Em 2018, atingiu-se o recorde da série histórica – US$ 374,7 bilhões. 


De acordo com a economista de macroeconomia brasileira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Margarida Gutierrez, a queda não representa preocupação. “Nessa questão (das reservas), não temos problemas. A atuação do Banco Central tem sido boa nesse sentido”.


Desde o ano passado, o BC mudou sua política com relação às reservas internacionais. Margarida explica que se começou a vender dólar à vista, por exemplo, o que não acontecia há mais de uma década. “No ano passado, houve intervenções do BC no câmbio porque o real de desvalorizou muito em relação ao dólar. Ele também intensificou os swaps e criou o que chamamos de reserva ajustada”.


Com o swap cambial, o BC garante a variação da moeda. Esses contratos são geralmente usados para hedge (proteção), quando o comprador tem compromissos em dólar, como dívidas e insumos importados. Se a cotação subir, a valorização do swap vai compensar o aumento dos custos. 


Quando a demanda por moeda aumenta, o que pressiona a cotação para cima, o BC vende swaps. 


Neste ano, de acordo com a economista, as vendas são feitas para dar liquidez (mais dólar para o investidor comprar). “Faz parte das atuações do BC para garantir um bom funcionamento do mercado”.


Margarida destaca que, segundo o próprio BC, as atuações vêm diminuindo com relação às vendas de swap. Em março, houve venda de US$ 10 bilhões, em abril, US$ 6,6 bilhões, maio, US$ 520 milhões e junho, US$ 530 milhões. “Essas vendas definitivas e com recompra são justamente para atender essa escassez de liquidez, atuações comuns ao meu ver”.


Resposta do BC


Procurado, o Banco Central afirma que não tem meta para o volume de reservas internacionais. 


De acordo com o BC, as variações das reservas resultam das atuações da autoridade monetária no mercado e da rentabilidade das aplicações desse dinheiro (por exemplo, em títulos americanos). 


Anos 1980


Nos anos 1980 e 1990, as reservas insuficientes eram o pesadelo do País. Como o governo não tinha dólares para pagar a dívida externa e petróleo importado, o governo recorria ao FMI, que exigia austeridade fiscal. Devido à demanda, o câmbio disparava e fazia dívidas e importações ficarem mais caras ainda na moeda local da época.


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