Renda fixa perderá se Selic cair na quarta-feira

Mercado prevê que Banco Central reduzirá juros para 5,5% ao ano, com impacto direto na rentabilidade da aplicação conservadora

Por: Marcelo Santos & Com informações do Estadão Conteúdo &  -  14/09/19  -  21:32
Instituições oferecem renda fixa mais atraente, mas investidor recebe limitações ao resgate
Instituições oferecem renda fixa mais atraente, mas investidor recebe limitações ao resgate   Foto: Divulgação

Na próxima quarta-feira (18), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anuncia a nova Selic. Com inflação baixa e economia estagnada, a perspectiva é de redução da taxa básica da economia.


As previsões apontam para um corte de 0,50 ponto percentual, o que faria a Selic descer para 5,50% ao ano, reduzindo também os juros pagos pelas aplicações de renda fixa.


Pelo levantamento do buscador de investimento Yubb os papéis de renda fixa para aplicações pelo prazo de um ano oferecem mais que a poupança. Em troca, proporcionam pouca liquidez (menor possibilidade de saque). 


Se a queda da Selic for confirmada, é possível que esses papéis reduzam ainda mais a remuneração dos investimentos conservadores, com vencimento em até 12 meses.


A rentabilidade nominal pode parecer mirrada, pois vai de 4,89% a 5,29% ao ano. No entanto, se for comparada com as expectativas de inflação, de 3,59% para este ano, haveria aí uma boa margem de ganho real para o dinheiro aplicado.


Embora sejam aplicações que contam com a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) de até R$ 250 mil por CPF em caso de quebra do banco que emitiu o título, o investidor deve também buscar informações sobre as plataformas que oferecem esse título.


Algumas delas são ligadas a bancos ou corretoras que atuam no mercado há anos. Outras são fintechs, startups de finanças ainda desconhecidas do grande público. Todas estão sujeitas às normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).


Rendimento da caderneta em queda preocupa governo


Se a taxa Selic cair para 5,5% na próxima quarta-feira (18), o rendimento da caderneta da poupança, alvo de reclamação dos mais conservadores, vai recuar em consequência. 


Como a regra da aplicação estabelece que o rendimento é calculado pela TR (hoje zerada) mais 70% da Selic, a rentabilidade anual da caderneta passará dos atuais 4,2% para 3,85%.


Se for considerado o critério de superar a inflação para manter o poder de compra, a caderneta ainda cumprirá sua missão, pois ganha do Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), de 3,43% para 12 meses até agosto.


Entretanto, é possível que ocorra mais uma queda da taxa Selic, depois desta de quarta-feira, com os juros a 5% no início de novembro. Neste caso, a poupança irá para 3,5% ao ano. 


A expectativa do mercado, segundo o Boletim Focus do Banco Central, para a inflação anual em dezembro é de 3,54%. Assim, o investidor perderá. 


O desinteresse pela caderneta acendeu o alerta no governo, tamanha é a campanha do setor financeiro para convencer o investidor a procurar opções mais atraentes. 


Crédito mais barato


Pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) aponta queda dos juros em seis linhas de crédito no mês passado. Na média, o cheque especial ficou em 277% ao ano, os do cartão em 267%, do crédito pessoal em bancos em 52% e em financeiras em 116%. O de veículos fechou em 20% e do crédito direto ao consumidor em 78%.


Novas regras


Segundo o UOL, o governo estuda formas de melhorar o rendimento da caderneta. Uma das possibilidades, tal como no caso do financiamento habitacional da Caixa, é trocar a TR pelo IPCA. 
Como a TR é zero e o IPCA é de 3,43% ao ano, a poupança, por essa regra em estudo, renderia por volta de 7%.


Essa mudança faria a caderneta superar importante fonte de recursos do governo, os títulos públicos. Fica difícil imaginar, em tempos de queda de arrecadação, uma medida dessa contra o próprio caixa.


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