O real tem apresentado desde o início da crise da covid-19 comportamento descolado ante as demais principais moedas emergentes. Enquanto a divisa brasileira cede 16,6% ante o dólar desde março do ano passado, uma cesta que representa 16 dessas nações registra avanço de 1,7%. Entre janeiro de 2018 e fevereiro de 2020 - antes, portanto, da pandemia - essas divisas tinham comportamento semelhante. A conclusão é de um estudo realizado pela Austin Rating.
No estudo, as moedas de 16 países emergentes - China, Índia, Rússia, Indonésia, México, Arábia Saudita, Polônia, Tailândia, Filipinas, Malásia, Bangladesh, África do Sul, Colômbia, Romênia, Chile e Peru - formam um índice de referência ponderado pelo PIB de cada um. Esse indicador tem base 100 em 2 de janeiro de 2018.
Dessa data até fevereiro de 2020, a Austin constatou que o real acompanhou efetivamente o comportamento das demais moedas emergentes. A partir de 2 de março de 2020, contudo, a covid-19 começou a ganhar força pelo globo e o descolamento teve início.
São apresentados dois cenários: o primeiro mostrando a cotação nominal do real e o segundo o quanto estaria cotada a moeda brasileira, se ela tivesse acompanhado os emergentes. Desta forma, pelas contas da Austin, caso mantivesse o mesmo ritmo que os pares, a moeda americana teria fechado a R$ 4,40 no mercado à vista na sexta-feira. Na data, a divisa encerrou a R$ 5,39.
Conjunto
Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, além de fatores globais, como a pandemia, o Brasil tem um conjunto de condições internas que causa esse descolamento. “Podemos citar como principais fatores a taxa de juros baixa, o alto risco fiscal, a saída de investidores do País, o ambiente político conturbado e a demora na aprovação de medidas econômicas importantes”, destaca.