Presidente do CDL Santos Praia fala sobre recuperação econômica

Em entrevista, Nicolau Obeidi comenta o cenário na região, preços, expectativas e mais

Por: Júnior Batista  -  20/01/22  -  20:50
Obeidi: “Se tivermos piora no sentido da covid-19, pode ser que prejudique mais, mas a expectativa é de melhora”
Obeidi: “Se tivermos piora no sentido da covid-19, pode ser que prejudique mais, mas a expectativa é de melhora”   Foto: Divulgação

Para o presidente do Centro dos Dirigentes Lojistas (CDL) – Santos Praia, Nicolau Miguel Obeidi, o comerciante sempre tem boas expecativas. “O comerciante é otimista. Se não for, não abre a porta”. Para Obeidi, que também é presidente da Sociedade União Antioquina de Santos, a recuperação de 2022 foi segurada pela variante Ômicron do coronavírus, mas a partir de maio novos prumos serão tomados.


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O sr. espera um cenário de recuperação neste ano?


Nós estamos com expectativa de boa recuperação para este ano. A variante Ômicron deu uma embargada nas coisas, haja visto que as vendas estão crescendo no ambiente on-line, superando as lojas físicas em alguns segmentos. No entanto, acredito que isso é porque as pessoas não estão circulando e ficaram com medo. Mas tenho fé que isso passe, até por conta da vacinação aumentando a cada dia.


A variante Ômicron bagunçou o comércio, então?


Sim, no entanto se mostra menos letal. Acredito que, com todos os cuidados, máscaras e álcool, as lojas conseguem atender os clientes com segurança. Esse começo de ano deu uma encurtada na temporada por enquanto, a Cidade deu uma esvaziada, o clima também não nos favoreceu. Mas isso é passageiro.


A pandemia afetou os preços. Eles se normalizam?


Os aumentos prejudicaram os comerciantes. Em média, 40% a 50% de aumentos gerais nos produtos. Mas, como bons comerciantes, somos otimistas. Para ser comerciante, temos que ser otimista. Se tivermos uma piora no sentido da covid-19, pode ser que prejudique mais, mas a expectativa é de melhora. A cobertura vacinal está se mostrando eficaz para nos proteger. Voltando à vida normal, o que pode ocorrer em março ou abril, deveremos melhorar. Tivemos inflação por conta de mão de obra em falta, indústrias paradas. Isso foi no País inteiro. Até carros foram afetados. Mas esses segmentos melhorarão com o retorno das atividades e o mercado tem demanda para suprir.


Um segundo semestre, então, é mais bem visto?


Sim. Mas estamos otimistas e cautelosos, porque 2021 surpreendeu na questão de mortes em relação a 2020. Mas eu tenho fé em 2022 porque acho que agora realmente é o final da pandemia. Eu tenho fé que, comercialmente falando, vai melhorar. Hoje, o comércio não aguentaria mais um fechamento. Muita gente quebrou. Quem tinha reserva, usou.


Mas nem todos os segmentos sentiram.


Não, como os supermercados. E eles vendiam comida, roupa, eletrônicos. Eles não foram muito prejudicados. A locação não teve crise também, porque muitas pessoas quiseram morar em apartamentos melhores após ficarem muito tempo em casa. Isso mudou também. Há os que trabalham em home office até hoje. Por outro lado, o ramo das salas comerciais foi muito prejudicado. O que era um bom negócio se tornou um mau negócio. Por qual motivo? Porque mudou o perfil.


E o turismo sofreu também.


Sim, mas olhando o copo meio cheio, a Baixada se deu bem. O dólar disparou e isso fez o turismo internacional cair, aumentando o local. Uma capital de 15 milhões de pessoas como São Paulo trouxe turistas para cá. Restaurantes por quilo tiveram muito mais impacto, porque justamente o público que mais frequentava, os idosos, deixou de ir. Mas os bares estão lotados de jovens e nunca se viu tanto delivery nas ruas.


As vendas on-line vieram para ficar?


Em um ano, ocorreu o desenvolvimento previsto para dez anos. A internet se desenvolveu na marra e as pessoas estavam perdidas ao fazer isso. Não tinha para onde correr. A internet vinha caminhando bem, com crescimento anual de vendas em sites mais tradicionais. Depois, surgiram os marketplaces, com as vendas internacionais. A pandemia fez crescer em um ano o que era para crescer em dez anos. E isso vai ficar.


E as lojas físicas?


Com as lojas físicas, não existe competição. A internet começa a nivelar as lojas físicas, que deverão estar na internet. A pequena e microempresa encontrou seu espaço no Facebook, Instagram. O pequeno comerciante está vendendo seu patrimônio no Mercado Livre. O que ele fabrica, produz, coloca na internet. No ramo da alimentação, o mesmo. Então, tem nicho para todos.


A pandemia também mudou a forma de deixar reserva?


Com certeza. Muitos quebraram porque não tinham reservas. Quem não tinha, quebrou ou está devendo. E outros regrediram de patamar. Essa é uma lição da pandemia também.


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