Onde investir: Seja conservador

Como a injeção de recursos do Governo Joe Biden dá sinal de expandir a economia com alta inflacionária, começa a haver a tendência de aumento de juros

Por: Marcelo Santos  -  27/02/21  -  15:35
  Foto: William Iven/Unsplash

Mesmo que o investidor queira correr riscos pelas oportunidades que o mercado oferece, da bolsa às criptomoedas, este ano todo cuidado é pouco. Um dos pilares dos investimentos, as taxas de juros entraram em rota de alta, nada muito elevado, mas que poderá sacudir os mercados. Na última quinta-feira, alguns dos Treasuries, títulos do Tesouro americano, se valorizaram, o que fez as bolsas dos EUA e de São Paulo caírem. Como a injeção de recursos do Governo Joe Biden dá sinal de expandir a economia com alta inflacionária, começa a haver a tendência de aumento de juros. No Brasil, no próximo dia 17, o Banco Central vai aumentar a taxa Selic provavelmente em 0,25 ou 0,5 ponto percentual como remédio para conter a escalada dos preços.


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Não são subidas de taxas como até pouco tempo atrás – na época de Dilma Rousseff, a Selic atingiu 14,25% ao ano (agora está a 2%). Mas qualquer alteração pode causar efeito muito maior na bolsa, tal como foi visto na quinta – o Ibovespa caiu 2,95%.


O problema é que esses movimentos podem ocorrer em meio a outras fragilidades, o que é muito sério no Brasil. Aqui, o governo tenta retomar o auxílio emergencial, ainda que de menor valor, mas o rombo nas contas públicas está bem maior. Por outro lado, o presidente Jair Bolsonaro na prática enterrou suas promessas liberais. Se de um lado promete privatizar, do outro diz que as estatais têm função social, como é o caso da Petrobras. Lembre-se ainda que o Centrão ambiciona cargos nas companhias do governo e se alguma disputa vazar para a imprensa pode ser sinal de risco para a manutenção da base de apoio no Congresso.


São possibilidades e, se acontecerem, podem não sacudir o mercado o suficiente, mas o investidor precisa ficar atento. Por via das dúvidas, o melhor jeito é diversificar, o que permite continuar na bolsa para aproveitar as volatilidades – inclusive comprando ações de boas empresas que ficam baratas. Quando se recomenda ser conservador não é fugir da renda variável (ações e moedas), mas ter um base firme na fixa, lembrando que os juros vão subir ainda que pouco. Dos seus recursos, destine 70% (ou mais se muito conservador) para Tesouro Direto, fundo DI, CDB e LCI. Se o mercado cair de surpresa, não vai perder tanto. Basta se acalmar e esperar a normalidade voltar.


Dividendos na conta


Se sua meta é faturar com dividendos, preste atenção em quanto a empresa vai pagar por ação e quando será a data limite, por exemplo, 2 de março, para poder ter direito ao dividendo. Depois, vem o ex-dividendo a partir do dia seguinte (o caso, o dia 3), quando não se tem direito ao dividendo. Muitos ficam de olho nessas datas para faturar um extra, mas pense no longo prazo. Busque boas empresas que ao longo dos anos têm garantido dividendos recorrentes.


Gangorra do bitcoin


Se você se encantou pela disparada de 76% do bitcoin neste ano após subir 622% no ano passado, não se iluda: ele teve algumas quedas de 10% ao dia, como na última terça. As correções de ativos voláteis são comuns e até saudáveis para conter exageros. Para começar nesse mercado, não invista muito de uma vez. Aplique um valor modesto por semana ou mês, diluindo o preço caro ao longo tempo se for momento de subida. Se for de queda, aproveite para comprar mais.


Dúvida da leitora


Quero aplicar em ações, mas não sei como procurar uma corretora


A procura por uma corretora começa no site da B3: entre selecione corretoras. Escolha uma que não cobre taxa de corretagem e, se não gostar do atendimento, você poderá fazer portabilidade (tal como conta-salário ou empréstimo nos bancos) para outra casa. Os bancos geralmente têm corretoras, mas prefira casas independentes para ter produtos de múltiplas instituições.


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