Em meio à polêmica do aumento do preço do arroz de 19% no ano, o investidor deve prestar atenção ao Índice de Preços Amplo ao Consumidor (IPCA) de agosto, que já embutiu a alta desse alimento. No acumulado de 12 meses, o IPCA indica 2,44% de inflação. Já a taxa Selic está a 2% ao ano. Portanto, o País está com juros reais negativos (diferença de 0,44%). Isso significa que quem é remunerado pelos juros básicos da economia perde 0,44% de poder aquisitivo ou patrimônio. Isso não é uma novidade, porque essa taxa real negativa já está em seu terceiro mês. O problema é que essa diferença aumentou porque a inflação subiu. O que se tem a fazer é olhar para a próxima quarta-feira, quando o BC vai discutir a nova Selic. Uma possibilidade é a Selic ficar congelada e a outra é cair mais 0,25% para estimular a economia. A taxa subirá só se ficar claro que a inflação pegou para valer e vai precisar de uma cavalo de pau para domá-la.
Esse juro real negativo merece atenção de todos os investidores – conservadores, moderados e arrojados, novatos ou experientes, de poucos recursos ou graúdos. Em menor ou maior grau, todos precisam ter renda fixa, tanto para manter a parte aplicada como reserva para surpresas, como a porção que vai contrabalançar com a bolsa. Se a bolsa cair, a parte na renda fixa não deixa o patrimônio encolher demais.
De qualquer forma, a regra para todos é não se render ao juro real negativo. O jeito é buscar renda fixa que paga acima da Selic – são aplicações de baixa liquidez (é mais demorado resgatar). Ao invés de investir em fundo ou CDB de resgate imediato, veja a parte do seu patrimônio que não é reserva (você dificilmente vai usar em caso de emergência) para diversificar em papéis mais alongados. Na plataforma de comparação de investimentos do Yubb, há opções de CDB a 3,04% e LCI de 3,25%, ambos ao ano, desde que o resgate seja feito daqui 12 meses para aplicação de R$ 1 mil. Valores e prazos maiores tendem a pagar mais.
Mesmo sendo conservador, isso não significa ignorar fundos com renda variável (ações e moedas), que são bem mais arriscados. Se o vaivém deles te incomoda, invista só um pouquinho para ir se acostumando. Mantenha por um tempo 5% do seu patrimônio nesses fundos e observe, principalmente quando houver quedas acentuadas, se você suporta a pressão.