Mapa da Economia Paulista: Entre o potencial e o desafio

Estudo aponta forte base para negócios na Baixada Santista, mas alerta para problemas sociais e estruturais

Por: Rafael Motta & Da Redação &  -  17/12/19  -  21:29
Cotação do bitcoin chegou a subir 37% em um ano
Cotação do bitcoin chegou a subir 37% em um ano   Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Nem tudo são flores na Baixada Santista. A região tem uma forte base para negócios e potencial de crescimento, mas sofre com problemas sociais e estruturais e precisa superar ameaças externas.


Em resumo, é o que se conclui das informações sobre as nove cidades locais reunidas no Mapa da Economia Paulista, um retrato de cada uma das 16 regiões administrativas do estado, com dados reunidos pela Fundação Seade.


O trabalho foi lançado neste mês pela Desenvolve SP, instituição financeira do governo estadual que oferece linhas de crédito a juros baixos para micro, pequenas e médias empresas. Levou mais de um ano para juntar dados e deixá-los disponíveis na Internet.


A superintendente de Comunicação, Sabrina Henrique, salienta que o Mapa não é uma perspectiva de futuro, mas um resumo de informações que mostram a realidade local para governos, empresários, investidores e população.


A iniciativa é continuação de outra medida estadual: a criação, em maio, de 11 polos de desenvolvimento econômico em São Paulo, quatro deles formalmente instalados na Baixada – Derivados de Petróleo e Petroquímicos; Biocombustíveis; Farmacêutico; Químico, Borracha e Plástico.


Ambas servirão para atração de investimentos e possível abertura de empregos, mas têm uma diferença. Enquanto o Mapa aponta segmentos existentes e áreas de oportunidades, os polos visam a impulsionar ações como o surgimento de empresas, de empregos e qualificação profissional.


“Quanto mais os empresários e, mesmo, o estudante, porque a gente está falando nos futuros empreendedores, conhecerem sua região, vão fazer melhores negócios, ver oportunidades, analisar tendências e fazer mais sua parte no dia a dia de sua cidade”, diz Sabrina.


Quem somos


A única projeção do levantamento é a de que, em 2030, a Baixada terá 1,3 milhão de pessoas em idade para trabalhar. Trata-se de um dos pontos fortes da região, segundo o estudo. Entre os demais, estão o Porto e o Polo Industrial, com destaque para petróleo, gás e exploração da Bacia de Santos.


>> Veja infográfico <<


O documento também cita oportunidades, como a construção civil, a expansão da rede hoteleira e do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), e os projetos do Aeroporto Metropolitano e para uma zona retroportuária em Guarujá.


Porém, há fraquezas (escolaridade inferior à média estadual e tráfego entre Santos e Guarujá) e ameaças (como a oscilação do preço do petróleo e a concorrência com o aço da China).


O documento também aponta que a região responde por 8,8% das exportações paulistas. Em termos de tecnologia, 51,1% das exportações são de produtos não industriais e zero em alta tecnologia (no Estado, esse tipo de embarque equivale a 12,5% do total geral).


Estudo recebe crítica sobre atualidade


O fato de o Mapa indicar o que é a região, mas sem apontar possíveis alternativas à realidade, incomoda um dos representantes do Inova Baixada Santista, instituição da sociedade civil sem fins partidários e que visa ao desenvolvimento e à criação de empregos com qualidade de vida.


Marcos Medina Leite, que é reitor da Universidade Católica de Santos (UniSantos), criticou o estudo publicamente na semana passada, na Associação Comercial de Santos. Para ele, é um equívoco dar importância destacada a negócios ligados à exploração de gás e petróleo no pré-sal – algo ultrapassado, segundo ele.


“Não há qualquer menção, por exemplo, à economia criativa, e Santos foi a primeira Cidade Criativa reconhecida pela Unesco no campo do audiovisual e com potencial para outras áreas”, exemplificou.


Sem dar certo


O consultor Sílvio Barros, que foi prefeito de Maringá (PR) entre 2005 e 2012 e orienta a criação de conselhos de desenvolvimento pela sociedade com base no sucesso em seu município, se disse “arrepiado” com o comentário do reitor.


“Demonstra claramente que o planejamento do futuro está focado no passado. Isso não tem como dar certo”, declarou Barros.


Conforme a CIA, agência de inteligência dos Estados Unidos, o Brasil ainda tem reservas de 12,7 bilhões de barris de petróleo. “É óbvio que você não vai jogar fora uma oportunidade dessa, mas construir o seu futuro em cima disso é uma burrice”, julgou Barros.


O presidente do Conselho de Desenvolvimento da Baixada (Condesb), Luiz Maurício (PSDB), também prefeito de Peruíbe, viu no Mapa oportunidades de desenvolvimento e salientou que Estado, prefeituras e sociedade devem trabalhar juntos para “o maior aproveitamento do que cada município pode oferecer”.O estudo pode ser visto no site.


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