Imóvel se destaca como um ativo ‘seguro’ pós-crise causada pela pandemia da covid-19

Setor da construção civil antevê brechas para negociação de preços

Por: Rafael Motta & Da Redação &  -  13/04/20  -  00:05
Descontos podem favorecer quem tem dinheiro para comprar à vista e mesmo quem financiou a compra
Descontos podem favorecer quem tem dinheiro para comprar à vista e mesmo quem financiou a compra   Foto: Matheus Tagé/AT

O mercado imobiliário, paralisado por causa da disseminação do novo coronavírus e das medidas de isolamento social para conter a pandemia, deverá se abrir a negociações com clientes para recuperar o fôlego.


Descontos no preço de imóveis podem favorecer quem tem dinheiro para comprar à vista, e mesmo quem financiou o valor terá como conseguir prestações menores.


As projeções são do diretor regional do Sindicato da Habitação (Secovi), Carlos Meschini. “Num primeiro momento, ninguém vai mexer em preço. Mas, daqui a 15 ou 20 dias, se alguém chegar dizendo ‘eu compro, mas com 20% ou 30% de desconto’, será como acontece na Bolsa”, compara.


A segurança do imóvel enquanto “ativo mais seguro” do que ações também é destacada por Ricardo Beschizza, presidente da Associação dos Empresários da Construção Civil da Baixada Santista (Assecob), instituição que reúne 41 empresas do setor na região.


“Para quem tiver dinheiro na mão, será uma oportunidade de comprar imóvel com bons valores”, considera Beschizza. “O ativo imobiliário talvez fique mais forte que aplicação em Bolsa de Valores, pois poderá sair fortalecido e ter procura para fins residenciais, de locação e por investidores”.


Ainda que com relutância de quem vende e aluga imóveis, a pechincha é preferível a distratos e à inadimplência, na visão de Meschini. Segundo ele, locações comerciais vêm tendo abatimentos de 50% a 60%, numa compreensão de que, sem movimento nas lojas, não há receita para honrar o aluguel.


ESFORÇO FEDERAL


Os empresários não conseguem prever quando nem como ocorrerá a retomada dos negócios. Porém, Ricardo Beschizza afirma que, desde antes do temor com a covid-19, o Governo Federal fazia “um esforço enorme em incentivar a construção, com juros menores (em empréstimos)”.


A medida mais recente surgiu na última quinta-feira, véspera do feriado prolongado, quando o Brasil acumulava 17.857 casos confirmados e 941 mortes por coronavírus: a partir de segunda-feira, a Caixa Econômica Federal porá R$ 43 bilhões à disposição do setor imobiliário.


O dinheiro servirá para novos contratos de financiamento e acordos em andamento, com carência de meio ano na tomada de empréstimos para compra e construção de imóveis por pessoas físicas e empresas.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), representante nacional do setor e de sua cadeia produtiva, vê as novidades com otimismo.


Em nota, o presidente do órgão, José Carlos Martins, julgou que o conjunto de medidas “reduz substancialmente o risco sistêmico do mercado imobiliário” e ajudará a reeguer o setor no “pós-guerra” – após o pico da doença.


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