Botijão de gás sobe até 30% em um ano na Baixada Santista e deve sofrer novo reajuste

André Braz, economista da FGV, prevê mais altas do gás de cozinha nas cidades da região

Por: Matheus Müller  -  19/06/21  -  15:30
  Consumidores chegam a pagar mais de R$ 100 pelo botijão de cozinha
Consumidores chegam a pagar mais de R$ 100 pelo botijão de cozinha   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

O preço do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) de 13 quilos, o botijão para cozinha, teve alta de até 30,6% nos últimos 12 meses, na Baixada Santista. Este aumento mais expressivo é observado em Cubatão, onde o valor saltou de R$ 71,15 para R$ 92,97. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).


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Em termos de comparação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que indica a inflação, está acumulado em 8,06%, percentual entre maio de 2020 e deste ano.


Segundo o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz, como o preço do GLP é influenciado pelo Índice Geral de Preço – Mercado (IGP-M), a tendência é que essa escalada de altas continue. Na última segunda-feira, inclusive, a Petrobras aplicou 5,9% de reajuste no produto, o quinto aumento em 2021.


“O IGP-M é muito correlacionado à taxa de câmbio, que é exatamente a variável que a Petrobras fica de olho para propor reajustes nos combustíveis, o que engloba gasolina e diesel, assim como GLP. Pelo aquecimento que estamos vendo no mundo, é provável que não só os derivados de petróleo, como outras commodities, continuem avançando de preço”, disse Braz.


A comerciante santista Elenilde dos Santos lembra que pagava pouco mais de R$ 66 no produto e hoje gasta R$ 85 – em alguns lugares o botijão de gás já é encontrado por mais de R$ 105. Ela entende que para muitas famílias, principalmente as mais pobres, esses aumentos são críticos. “Eu uso pouco, dura bastante, mas para muitos essa diferença é impactante”.


Braz, entretanto, espera mais altas do GLP. “Não descartaria novos aumentos em torno do gás (de cozinha) até o final do ano, o que é grave, porque o preço do botijão já está alto”.


O cenário nada favorável é agravado, segundo ele, pelo desemprego e aumento da energia elétrica, “que é um outro energético que as famílias não têm como abrir mão. O desafio é duplo e não tem muito o que fazer”.


O economista da FGV é contrário às estratégias para blindar aumento de preço, como adiamento ou descontos. “Só vira um problema maior para as famílias de baixa renda no médio prazo. Foram políticas fracassadas”.


“Muitas companhias desses segmentos são de capital aberto e uma parte da remuneração delas está associada à recomposição de valores dos produtos que vendem”, afirma ele.


“Então, se tiver alguma regra contra (descontos), isso pode prejudicar (o aporte de) investidores com uma repercussão negativa (e consequentemente os investimentos no setor)”, diz.


Petrobras


Procurada por A Tribuna, a Petrobras afirma que “busca evitar o repasse imediato para os preços internos da volatilidade externa”.


“Nossos preços seguem buscando o equilíbrio com o mercado internacional e acompanham as variações do valor dos produtos e da taxa de câmbio, para cima e para baixo”, diz a empresa.


A Petrobras ressalta, ainda que União zerou, por tempo indeterminado, os tributos federais PIS e Cofins sobre o GLP, quando destinado para uso doméstico e envasado em recipientes de até 13 Kg. Porém, o desconto de R$ 2,18 já foi superado há tempos pelos reajustes mensais, sempre acima de 5%.


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