Crianças e jovens com menos de 18 anos ainda não têm data para tomar a vacina contra a Covid-19. O detalhe é que apareceu uma luz no fim do túnel, já que as farmacêuticas americanas Pfizer e Moderna convocaram crianças que estão na faixa dos 12 anos para testes clínicos de suas vacinas e esperam ter resultados até o meio do ano.
Na prática, isso significa que, dependendo do desempenho dos imunizantes nessa faixa etária, as empresas podem testá-las em crianças mais novas.
Segundo o infectologista Eduardo Santos, é importante lembrar que bebês, crianças e jovens também podem ser infectados, transmitir o vírus para pessoas mais velhas e até desenvolver complicações.
“É importante lembrar que os mais jovens têm a doença da forma menos grave. Isso tem a ver com o fato das chances de terem comorbidades ser muito menor. Mas eles também se contaminam e, por isso, devem se proteger”.
O infectologista pediátrico Marcelo Otsuka, vice-presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo, explica que a vacina ainda não foi testada em crianças, mas isso sempre funciona dessa forma.
“Elas não sabem dizer o que sentem, é preciso ter autorização dos pais, os efeitos adversos podem ser diferentes e é necessário alguém com noção para dizer o que pensa, o que sente”.
No caso da Covid-19, a situação é ainda mais difícil. “A criança tem muito menos sintoma. Para conseguir investigar, é preciso analisar muito mais crianças. É importante saber que a criança transmite menos a doença do que um adulto, além de ter um quadro muito menos grave”, alerta.
Para o infectologista pediátrico, é fundamental que se tenha comprovação de que a vacina é eficiente para todos. “Ainda não tem isso para as crianças. Mas, se tivesse, o ideal seria que todos fossem vacinados ao mesmo tempo”.
Quem concorda é o diretor da Sociedade Paulista de Infectologia, Evaldo Stanislau. Ele lembra que as crianças devem aguardar a sua vez para tomar a vacina.
“Eles são os últimos da fila, após toda a vacinação adulta. Os sintomas realmente são muito menores nos que têm menos de 18 anos, mas é necessário também usar máscara, evitar aglomerações e manter os cuidados básicos de higiene”, diz o médico, que atua no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.