Instituto Butatan amplia produção de vacinas com mais funcionários até abril, diz gerente

Atualmente, são produzidas 1 milhão de doses diárias. Número de trabalhadores na área de envase já aumentou de 150 para 373

Por: Nathália de Alcantara  -  27/02/21  -  12:13
21 milhões de doses da Coronavac serão repassados ao Ministério da Saúde
21 milhões de doses da Coronavac serão repassados ao Ministério da Saúde   Foto: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo

O Instituto Butantan ampliará, em março ou abril, a capacidade de produção de doses da vacina CoronaVac. O número de funcionários na área de envase já aumentou, de 150 para 373. Atualmente, produzem-se 1 milhão de doses diárias, segundo o gerente de Produção do Núcleo de Formulação e Envase da CoronaVac no instituto, Ênio Xavier.


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Os trabalhos de produção e envase já têm sido realizados todos os dias da semana, com trabalhadores em jornada de 12 por 36 horas. “É intenso, mas é por uma causa nobre. Estamos produzindo a vacina que vai atender a população. Todos devem se ajudar e entregá-la o quanto antes. O cansaço é grande, mas a dedicação em concluir o objetivo final é muito maior”, diz Xavier, que é farmacêutico.


Cada lote de matéria-prima oriundo do laboratório Sinovac, da China, com destino ao Brasil, chega em um contêiner com 200 litros de insumo. Essa quantidade de Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) permite produzir 322 mil doses, afirma o gerente.


O Butantan continua a produzir outras vacinas, como a que combate o vírus influenza, da gripe. “Mas, neste momento, a CoronaVac é a prioridade máxima e estamos todos muito focados nisso. (...) Vivemos um momento histórico, a população brasileira depende e necessita da vacina que estamos produzindo aqui.”


Entrevista


O que acontece quando a matéria-prima da vacina Coronavac, enviada pelo laboratório Sinovac, da China, chega ao Instituto Butantan?


Os insumos chegam da China para a produção e vêm prontos para serem envasados neste setor (de Formulação e Envase). Eles (funcionários) recebem o insumo e armazenam em câmara fria de acordo com a linha de produção. Acontece a transferência do contêiner que veio da China para outro, onde acontece uma agitação do material. Depois, começa o processo de envase, com o enchimento desse produto nos frascos de vidro, e o fechamento da embalagem com uma tampa de borracha. Isso é feito automaticamente. Em outra sala, que fica grudada nessa, é colocado um selo de alumínio para fechar, lacrar o frasco. O passo seguinte é a inspeção visual, onde tudo é feito manualmente. O objetivo é retirar tudo o que apresenta qualquer tipo de defeito. Após isso, (os frascos) vão para a rotulagem, são colocados em cartuchos da vacina, caixas de embarque, pallets e entregues ao estoque para a distribuição.


Esse material passa por análises de qualidade?


Quando chega ao meu setor, para o envase, esse material já passou pelo controle de qualidade e garantia. Ou seja, foi constatado que o lote se manteve nas especificações. Na minha parte, verificamos, principalmente, se o sistema de fechamento do frasco funciona, para que não aconteça contaminação, e depois liberamos.


Quanto tempo leva todo esse processo?


O envase leva umas quatro horas. A inspeção visual manual, por volta de oito horas, pois é um processo muito minucioso. A rotulagem gira em torno de cinco horas.


Quais os cuidados que os cientistas e técnicos que trabalham no núcleo que o senhor gerencia precisam tomar todos os dias para evitar acidentes ou falhas na manipulação do imunizante?


Todo o pessoal que trabalha no processo asséptico é qualificado para ter acesso adequado às áreas específicas, em setores restritos. Os funcionários são monitorados durante o treinamento para saber se vestir adequeadamente e entrar em área classificada. O treinamento é bastante rigoroso, pois é preciso muita atenção em todas as vacinas que forem produzidas. Os movimentos são controlados, e é necessário muito cuidado na vestimenta. O processo tem, ainda, controladores de partículas dentro da área. São muitos detalhes de assepsia de mão e de roupa que vêm de um bom treinamento. Existe muito rigor no comportamento.


Que sentimento o senhor tem em saber que está lidando com a vacina que pode salvar milhares de vida?


É um sentimento de orgulho poder fazer parte de uma instituição que completou 120 anos e trabalhar com a saúde pública com tanto afinco como trabalhamos aqui. Vivemos um momento histórico, a população brasileira depende e necessita da vacina que estamos produzindo aqui, e isso nos enche de orgulho.


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