Passando por “sérios e obscuros caminhos”, mas “sempre antenados na melhor e mais eficiente forma de abordar a doença ainda incompletamente conhecida”. Assim o trabalho médico frente à pandemia é definido pelo cirurgião António Joaquim Ferreira Leal, presidente da Associação Paulista de Medicina (APM) em Santos.
“Sob a coordenação responsável dos órgãos públicos de Santos, empreendemos inúmeros encontros com vários setores da comunidade, visando não apenas tratar, mas também orientar a prevenção. Nada faltou para que pudéssemos exercer dignamente a arte médica. Estresse, cansaço, insônia, e frustração frente ao eventual insucesso fazem parte do nosso dia a dia”, diz Leal.
Ele lembra que hoje também é Dia de São Lucas, “médico de homens e de almas”. “Precisamos e devemos comemorar, não apenas por nós estarmos vivos, mas principalmente por termos sido, durante os últimos dois anos, responsáveis por salvar milhões de vidas. A famosa frase de Hipócrates deve ser nosso guia: “curar quanto possível, aliviar quando necessário e consolar sempre”.
Leal ressalta que todo médico gosta de desafios e dificilmente se entrega fácil. “Nosso maior desafio é conseguir o reconhecimento daqueles dos quais cuidamos, nem que seja um simples e sincero ‘muito obrigado doutor’. Ser médico é percorrer uma estrada de sentido único, sem retorno, revestida de amor pelo próximo, condoer-se deste, utilizar-se de todos os meios tecnológicos e humanos que busquem dignificar a arte de curar”
Muitas felicidades
O presidente da APM-Santos diz que, apesar de “muitas vezes criticados, inadequadamente compreendidos e muito mal renumerados”, os médicos continuam a seguir o “dom que Ele nos deu”.
“Preocupa-me o futuro próximo. Com inúmeras faculdades de Medicina sendo abertas, sem qualquer critério sensato. Sem a mínima condição de preparar médicos pela falta de hospitais escola, de residências médicas supervisionadas por professores doutores compromissados com a missão de ensinar a nobre arte de curar”.