Dia do Médico: notícias falsas se tornam mais um desafio para os profissionais da Baixada Santista

Sindicato afirma que profissão está longe do glamour

Por: Maurício Martins  -  18/10/21  -  11:05
 Maria Cláudia: “Além de dar um diagnóstico, temos que lutar para esclarecer informações errôneas”
Maria Cláudia: “Além de dar um diagnóstico, temos que lutar para esclarecer informações errôneas”   Foto: Divulgação/Sindimed

Desinformação excessiva, principalmente via internet. Esse é um dos maiores desafios dos médicos, na opinião da clínica geral Maria Cláudia Santiago Cassiano, presidente do Sindicato dos Médicos de Santos, São Vicente, Cubatão, Guarujá e Praia Grande (Sindimed). Ela é a primeira mulher a ser eleita comandar a entidade, que tem 65 anos de história.


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“Hoje os pacientes já chegam com ideias preconcebidas na nossa frente, diferentemente de antes, quando as pessoas vinham buscar informações com o médico. Além de dar um diagnóstico, temos que lutar para esclarecer informações errôneas. Acho que essa é a maior dificuldade dos médicos”, analisa na data em que os profissionais comemoram seu dia.


Maria Cláudia afirma que a situação na Medicina é bem diferente da imagem glamourosa que muitos imaginam. “O médico é um profissional que trabalha muito, dando plantões em vários lugares e que está sempre exausto. Temos que trabalhar em dobro para conseguir momentos de lazer, ou mesmo para estudar. Um médico não é aquela pessoa que trabalha pouco e recebe bem”.


A presidente do Sindimed lembra, ainda, das dificuldades em trabalhar na saúde pública. Segundo ela, o setor sempre foi carente quanto à falta de recursos. “É lógico que existem lugares melhores que outros, mas, infelizmente, nunca vamos achar um espaço público com abundância de recursos”


Pandemia foi lição
Maria Cláudia acha que a pandemia de covid-19 deixou algumas lições: que isso pode acontecer novamente, que devemos nos preparar melhor e que os nossos governantes deveriam se preocupar mais com a área de saúde.


“De modo geral, acredito que a categoria dos médicos enfrentou muito bem toda essa situação, mesmo aqueles que nunca haviam atuado nessa área. Nós fomos, literalmente, para a linha de frente de uma guerra, que nos deixou exaustos física e emocionalmente”.


Ela lembra que em muitos momentos, os médicos precisaram dar notícias de mortes de pacientes aos familiares, e cada um tenta lidar com isso de uma maneira. “É difícil assistir tantas famílias despedaçadas, projetos à deriva, esperanças sufocadas, potenciais perdidos. A conta de lidar com o luto dessas famílias, a perda de tantos pacientes em tão pouco tempo, agravou o estresse dos médicos, nos lembrando que somos apenas humanos”.


Maria Cláudia decidiu ser médica aos 13 anos. Com 25 anos de profissão ela diz, emocionada, que não consegue se imaginar em outra profissão. “Meu objetivo de vida sempre foi ser médica. Eu vivo para ser médica e acho que a maioria dos meus colegas respiram Medicina como eu. Acho que ser médica é isso: a gente acorda e dorme pensando nos pacientes”, afirma


Objetivo
"Meu objetivo de vida sempre foi ser médica. Eu vivo para ser médica e acho que a maioria dos meus colegas respiram Medicina como eu. Acho que ser médica é isso: a gente acorda e dorme pensando nos pacientes”
Maria Cláudia Santiago Cassiano, médica clínica geral epresidente do Sindimed


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