Conexão Portugal: Mais uma vez, Portugal entra em confinamento obrigatório

Muitos acusam o afrouxamento de Natal, dado pelo governo com o apoio de todos os partidos políticos, por esta terceira vaga da pandemia

Por: Luiz Plácido - De Coimbra  -  27/01/21  -  17:09
Conexão Portugal: A Europa e o racismo
Conexão Portugal: A Europa e o racismo   Foto: Unsplash

Para quem esperava por um “ano novo, vida nova”, as coisas não andam bem, devido ao aumento dos números de infectados e de mortos decorrentes da covid-19 nesta que chamam de 3ª onda por aqui. O País entrou em novo confinamento às vésperas das eleições presidenciais, no dia 24. Inclusive no final de semana de 16 e 17 de janeiro, começaram as votações antecipadas para evitar aglomeramentos no dia das eleições. E o resultado foi uma multidão fazendo filas de dar a volta em um quarteirão, sem distanciamento e sem nenhuma autoridade policial presente para organizar a fila afim de evitar o ajuntamento de tantas pessoas.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Muitos acusam o afrouxamento de Natal, dado pelo governo com o apoio de todos os partidos políticos, por esta terceira vaga da pandemia. Durante a época natalícia, o governo cedeu ao ajuntamento de até seis pessoas por residência para os festejos do dia 25 de dezembro.


Mas os que acusam são os mesmos que não cumprem as medidas. Para mostrar como funciona o confinamento em Portugal, gostaria de utilizar como exemplo o Aníbal (pessoa fictícia): o Aníbal levanta-se de manhã, pelas 8 horas, e vai passear com o cachorro, porque a lei permite. Pelas 9 horas, ele vai comprar pão e, às 10 horas, vai fazer exercício, porque a lei permite. Às 11 horas, vai às compras de bens essenciais e, ao meio-dia, o Aníbal vai buscar o almoço a um take away, porque a lei permite. Pelas 14 horas, o cão tem de ir novamente à rua e, às 14h30, o cidadão vai ao banco. Pelas 16 horas, vai visitar os seus pais que precisam de companhia, porque a lei permite, e, pelas 18 horas, vai buscar os filhos à escola. Depois do jantar, o Aníbal vai fazer uma caminhada de curta duração.


Antes de se deitar, o Aníbal, recostado na sua poltrona, sente-se feliz por ter cumprido a lei mantendo-se confinado, enquanto culpa o governo ou as outras pessoas que “não respeitam o confinamento”.


O problema é que enquanto a lei permite ao Aníbal fazer tudo isso, ela obriga o setor do turismo, os restaurantes, bares e outros estabelecimentos a fechar as portas novamente, terminando de falir aqueles que ainda resistiram até aqui. A polícia não fiscaliza filas ou Aníbals que andam pelas ruas todos os dias, mesmo durante o confinamento, mas chegam com uma rapidez impressionante quando é para fiscalizar estabelecimentos comerciais passíveis de multas.


O que causa ainda maior estranheza são as novas medidas implementadas que fogem do contexto da pandemia. Por exemplo, supermercados foram proibidos de vender roupas, artigos de decoração e livros, pelo fato de tais lojas destinadas a estes produtos serem obrigadas a fechar. Foi proibida a venda ou entrega ao postigo de “qualquer tipo de bebidas, incluindo cafés”, fora de estabelecimentos de ramo alimentício. E nenhuma empresa pode fazer saldos ou promoções de produtos, entre outras medidas sem sentido. Mas as escolas, essas continuam abertas e a todo vapor.


O confinamento em Portugal é para inglês ver, enquanto o país fica submetido às regras da União Europeia para acelerar a campanha de vacinação, tudo isso enquanto o atual presidente Marcelo Rebelo de Souza é reeleito em primeiro turno, na eleição presidencial.


O número de pessoas falidas, desempregas ou em situação de extrema pobreza, o governo não passa à população. Mas os números da covid estão todos os dias estampados nas capas dos jornais e, até o dia 19, eram os seguintes em solo português: foram realizados no país um total de 6.451.846 testes, dos quais 566.958 confirmaram a contaminação. Destes, 135.841 permanecem ativos, enquanto as mortes chegam a 9.246 e 421.871 se recuperaram da doença.


Logo A Tribuna
Newsletter