Conexão Irlanda: Molly Malone além da canção

Nesta edição da coluna, Camila Natalo fala sobre uma campanha inusitada de prevenção do câncer de mama

Por: Camila Natalo - De Dublin  -  07/11/18  -  18:02
  Foto: Reprodução/Twitter

Desde 1990, o mês de outubro é conhecido mundialmente pelas campanhas de conscien-tização sobre o câncer de mama. E, no último domingo desse mês, dia 28, Dublin foi palco de uma campanha um tanto quanto inusitada.


No centro da cidade, uma estátua de bronze de uma mulher com seios fartos, carregando seu carrinho de mão, se tornou uma das atrações mais conhecidos da Irlanda e do Instagram, atraindo diversos turistas diariamente.


A mulher em questão é Molly Malone, personagem da canção de mesmo nome que é tocada frequentemente em diversos pubs de Dublin, considerada uma espécie de hino não-oficial da cidade, imortalizado pela banda de música tradicional irlandesa The Dubliners.


A canção conta a história trágica da mulher que carregava seu carrinho de mão pela cidade vendendo amêijoas e mexilhões, que faleceu de febre, mas seu espírito continua a vagar por aqui vendendo seus frutos do mar. As origens da canção e da figura icônica que virou um dos símbolos de Dublin são rodeadas de mistério e incertezas. Uma das lendas em torno da estátua é que tocar seus seios traz sorte. A estátua de Molly Malone foi tocada por tantos que, inclusive, o tom de bronze começou a se desgastar nos seios.


Atenta à tal fama, a Marie Keating Foundation – uma fundação irlandesa focada em aumentar a conscientização sobre o câncer e sua detecção precoce – lançou a campanha Take Notice, colocando um pequeno nódulo (feito de massinha e pintado de bronze) no seio esquerdo da famosa estátua.


A cada ano, mais de meio milhão de mulheres pelo mundo morrem de câncer de mama. Na Irlanda, cerca de 3.500 casos são diagnosticados todos os anos, sendo o câncer de mama o mais comum entre as irlandesas. E de acordo com o Registro Nacional de Câncer no país, existem mais de 37 mil mulheres vivendo com a doença e uma a cada dez mulheres será diagnosticada.


Durante a campanha, que teve duração de um dia, o nódulo falso não foi notado pelo público em geral, que posava e tirava fotos, fazendo o que manda a lenda. E conforme a campanha questionou, “se um caroço no par dos seios mais famosos e vigiados da Irlanda pode passar despercebido, o que isso significa para todos os outros?”


O Outubro Rosa acabou, mas a mensagem fica. A ação deixa a reflexão tanto para quem vivenciou a campanha, quanto para aqueles que ficaram sabendo por outros meios, inclusive, por aqui. Uma doença que atinge tantas mulheres e muitas vezes ninguém repara por um mero descuido e pela falta da simples prática do autoexame. Portanto, mulheres, sejamos mais vigilantes e detalhistas com o nosso corpo.


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