Conexão Estados Unidos: Mais protestos contra o muro em San Diego

Nesta edição da coluna, Fernanda Haddad fala sobre o protesto que aconteceu no Dia do Presidente, contra a medida emergencial de Donald Trump

Por: Fernanda Haddad & De San Diego &  -  20/02/19  -  18:32
Donald Trump
Donald Trump   Foto: Nicholas Kamm/AFP

Os Estados Unidos celebraram, na última segunda-feira (18), o feriado chamado de President’s Day- o Dia do Presidente. O dia, que seria de folga e lazer, serviu para que centenas de pessoas se reunissem em San Diego para protestar contra o presidente Donald Trump. O grupo de manifestantes se opõe à medida emergencial recém-anunciada para a construção do tão falado muro na fronteira com o México. De acordo com o site de notícias CBS, 250 pessoas se dirigiram para a frente da Prefeitura de San Diego para o manifesto, totalmente pacífico e organizado. “Show me what democracy looks like” – “me mostre o que é democracia” –, gritava um dos líderes do protesto no microfone, enquanto o grupo repetia.


Cartazes com os dizeres – “Não ao muro” – e bandeiras dos Estados Unidos faziam parte do cenário montado pelos manifestantes em frente ao prédio administrativo. O grupo de pessoas alegava que os bilhões de dólares movidos por Trump para a construção do muro deveria servir para outras prioridades, como prevenção da violência armada e energia renovável.


Um pequeno grupo pró Trump também apareceu em frente à prefeitura para fazer oposição ao protesto. Eles gritavam contra a manifestação “Build the Wall” - “construa o muro”. 


O feriado do Dia do Presidente também marcou uma mobilização nacional contra Trump. Sem embrulho, o presidente do país ganhou de presente um processo endereçado por 16 estados contra sua medida emergencial.


A Califórnia, onde eu moro, está entre os estados descontentes com a medida anunciada por Trump. Ela e os outros 15 estados regidos por governos democratas resolveram se unir e usar a Justiça contra o presidente, que é republicano.


Sexta-feira passada, Trump estampava todos os canais de notícias, sites, televisões e jornais com o anúncio de emergência nacional. Ele veio a público anunciar a medida, com intuito de tirar do papel uma de suas maiores promessas de campanha. Como justificativa, o presidente americano disse que o muro vai prevenir os Estados Unidos da invasão de drogas, do tráfico de pessoas e de todos os tipos de criminosos e gangues. 


A emergência nacional nada mais é do que tirar recursos de outras repartições do governo e realocar a verba para determinada finalidade, nesse caso, o muro. Trump quer pegar US$ 600 milhões dos fundos do Departamento de Tesouro direcionados inicialmente para segurança, outros US$ 2,5 bilhões do fundo antidrogas do Exército e mais US$ 3,6 bilhões do fundo de construções, também das forças armadas.


Durante o anúncio da medida, o presidente se exaltou algumas vezes. “We do not control our own border. We are going to face the national security crisis in our southern border and we will do it, in one way or another, we have to do it” – “Nós não conseguimos controlar a nossa fronteira. Nós vamos enfrentar a crise de segurança nacional na nossa fronteira do Sul [borda com o México], de um jeito ou de outro, nós temos que fazer isso”.


Em entrevista para o canal de notícias Fox, o professor da Universidade do Texas Robert Chesney, que trabalhou para o Departamento de Justiça do governo americano, explicou como funciona o decreto de emergência nacional. Segundo ele, a medida pode durar por um ano e então ser finalizada, a não ser que o presidente dos EUA renove por mais um ano. A cada seis meses, o Congresso Nacional tem o poder de fazer uma resolução conjunta para cancelar o decreto emergencial.


De acordo com o Instituto de Leis Brennan Center, os Estados Unidos tiveram 58 emergências nacionais decretadas de 1978 até ano passado. Desse número, 31 estão ativas até hoje. 


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