Santos e Palmeiras brigam por maior prêmio da história e para reduzir prejuízos

Vencedor da Libertadores irá receber 15 milhões de dólares, o que equivale a R$81,6 milhões

Por: Por Estadão Conteúdo  -  29/01/21  -  14:13
Atualizado em 29/01/21 - 14:25
Ano de 2020 não foi fácil para os dois clubes, que negociaram redução dos vencimentos com elenco
Ano de 2020 não foi fácil para os dois clubes, que negociaram redução dos vencimentos com elenco   Foto: Divulgação/Conmebol

Palmeiras e Santos definem neste sábado (30) quem terá o direito de receber o maior prêmio da história da Copa Libertadores. A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) vai pagar ao vencedor da grande final no Maracanã o valor de 15 milhões de dólares (R$ 81,6 milhões), montante que jamais um time brasileiro recebeu por ter sido campeão de qualquer torneio. A quantia será quase uma salvação para uma temporada marcada por prejuízos financeiros, renegociação de dívidas e redução salarial provocada pela pandemia do novo coronavírus.


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Ao longo de 2020 os dois clubes negociaram com o elenco e funcionários a redução dos vencimentos enquanto se mobilizaram para diminuir os custos. Ainda assim, a situação não está fácil. O balanço do Santos apresentou até setembro um prejuízo de R$ 59 milhões no ano passado. No caso do Palmeiras, o balancete registrou até novembro um déficit operacional de R$ 135 milhões.

Os números ruins se explicam principalmente pela pandemia ter afetado uma das principais fontes de receita dos clubes: a venda de jogadores. O mercado europeu sentiu os efeitos da crise econômica e diminuiu a procura por reforços no Brasil. Por aqui, os times tiveram de refazer as contas sem negociar atletas nem conseguir vender ingressos para as partidas.

Um estudo feito em junho pela consultoria E&Y estimou que o impacto da pandemia deve chegar aos R$ 2 bilhões no futebol brasileiro. Santos e Palmeiras estão entre os times a sofrerem com esses feitos, mas podem ter um alento com o título. No entanto, isso está longe de significar um alívio.

"São dois clubes que tiveram problemas pelo impacto da pandemia, mas o Palmeiras estava mais respaldado do que o Santos para enfrentar essa crise", explicou ao Estadão o diretor executivo para o Mercado Esportivo da EY, Pedro Daniel. "Pela divulgação dos balanços trimestrais, o Santos não tem uma geração de caixa tão forte. O Palmeiras tem um patrocínio forte, um programa de sócio-torcedor mais robusto e também tem recentes recorrentes mais robustas", acrescentou.

A recompensa paga pelo título se soma aos outros prêmios fracionados distribuídos de acordo com o avanço por fase na competição. Até a semifinal cada equipe já embolsou R$ 41 milhões e mais outros R$ 81,6 milhões estarão em disputa neste sábado. Quem der a volta olímpica no Maracanã vai poder comemorar a conquista e a certeza de que a Copa Libertadores rendeu a premiação acumulada de R$ 122 milhões. Até mesmo o vice-campeão não voltará para casa de mãos vazias e vai receber R$ 32 milhões.

Em comparação com outros torneios, a Copa Libertadores paga bem mais até mesmo do que a valiosa Copa do Brasil, cujo prêmio ao campeão pode chegar até R$ 72,8 milhões nesta edição. O Campeonato Brasileiro tem uma recompensa muito menor: R$ 33 milhões. O Campeoenato Paulista deste ano pagou R$ 5 milhões ao campeão.

"A premiação (da Libertadores) vai fazer o Palmeiras neutralizar uma boa parte do prejuízo e para o Santos valor vale mais ainda. Nenhum time faz planejamento financeiro esperando ganhar uma Libertadores, porque sempre é com base em uma perspectiva mais conservadora", avaliou o especialista em marketing esportivo Amir Somoggi, diretor da consultoria Sports Value, especializada em finanças e balanços de clubes. Em um estudo recente, a empresa projetou que as receitas de 2020 dos times brasileiros podem ser até 46% menores em comparação a 2019.

"Conquistar um título internacional (nesta temporada) é como encontrar petróleo na avenida Paulista", resumiu o advogado especializado em direito desportivo Eduardo Carlezzo, atuante há cerca de 20 anos no mercado. Pela estimativa dele, os valores das transferências internacionais tiveram uma queda de 25% nesta temporada, valor que impacta diretamente na entrada de recursos

Efeitos indiretos


Mais do que o depósito valioso da premiação da Libertadores na conta bancária, Santos ou Palmeiras vão desfrutar de outros efeitos pelo título. A chance de jogar o Mundial de Clubes da Fifa é um deles. O outro é a forte possibilidade de a conquista desencadear a nova entrada de receitas. A venda de camisas, aumento da adesão ao programa sócio-torcedores e possíveis premiações extras previstas em contrato estão entre elas. O Palmeiras, por exemplo, tem direito a um bônus de R$ 12 milhões a ser pago da Crefisa em caso de conquista.

A simples aparição na final significa uma possibilidade interessante. A partida terá o alcance recorde de ser transmitida para 191 países. "Você traz um jogo único para um sábado e em um horário que você consegue atingir os mercados desejados. Você consegue chegar ao mercado americano e também ao europeu", disse Pedro Daniel, diretor da E&Y. Até 2018 a Conmebol realizava a decisão da Libertadores em duas partidas realizadas quase sempre à noite e no meio de semana.

Para o especialista em inovação e novos negócios na indústria do esporte Bruno Maia, mesmo que só um time possa sair como campeão, Santos e Palmeiras já saem no lucro pela presença nessa decisão graças ao alcance do evento. "A Libertadores fez grandes avanços enquanto produto nos últimos anos. A padronização das transmissões, por exemplo, é um desses fatores. Tudo isso está por trás do crescimento de receitas do torneio também", comentou Maia, que é autor do livro Inovação é o Novo Marketing.


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