Santos demite Diego Aguirre, o oitavo técnico contratado na gestão Rueda

Uruguaio não suportou a pressão após a melancólica derrota para o Cruzeiro, que aumentou a chance de rebaixamento

Por: Régis Querino  -  15/09/23  -  14:55
Atualizado em 15/09/23 - 19:18
 Aguirre foi demitido nesta sexta (15), um dia após a derrota melancólica para o Cruzeiro por 3 a 0 na Vila
Aguirre foi demitido nesta sexta (15), um dia após a derrota melancólica para o Cruzeiro por 3 a 0 na Vila   Foto: Silvio Luiz/AT

Diego Aguirre não é mais o técnico do Santos, que comunicou a demissão do uruguaio na tarde desta sexta (15). A passagem do treinador pelo clube foi ainda mais meteórica do que a de seu antecessor, Paulo Turra, que comandou o time em apenas sete jogos. Com quatro derrotas em cinco partidas, Aguirre foi demitido um dia após a derrota melancólica para o Cruzeiro por 3 a 0 na Vila.


Aguirre foi o oitavo treinador contratado na gestão de Andres Rueda, iniciada em janeiro de 2021. A lista inclui ainda Ariel Holán, Fernando Diniz, Fábio Carille, Fabián Bustos, Lisca, Odair Hellmann e Paulo Turra.


Neste período, o clube também teve três técnicos interinos, Marcelo Fernandes, Orlando Ribeiro e Claudiomiro, num total de 11 profissionais, o que dá a média de pouco mais de três meses para cada um no comando do time em 32,5 meses de gestão.


Mais um interino
Para o jogo contra o Bahia, na próxima segunda (18), às 20 horas, na Arena Fonte Nova, em Salvador, pela 24ª rodada do Brasileirão, Marcelo Fernandes, que voltou a fazer parte da comissão técnica permanente em agosto, assume interinamente a equipe.


Contra um adversário direto na luta contra o rebaixamento, o jogo é decisivo para o Santos, que mesmo com uma vitória, não deixará a zona de risco. Em 17º lugar, o Alvinegro tem 21 pontos, contra 25 do Bahia (15º), que na quinta (14) goleou o Coritiba por 4 a 2, na estreia do técnico Rogério Ceni, em Curitiba. O Goiás, 16º com 25 pontos, joga nesta sexta (15) contra o Palmeiras no Allianz Parque.


A atuação da equipe e o resultado na capital baiana serão determinantes para que a diretoria decida pela permanência do interino ou se vai ao mercado novamente em busca de um treinador que possa salvar o clube daquele que seria o capítulo mais triste de sua história.


Instabilidade e ineficiência

Apesar de ter 11 dias livres para treinos, durante a Data Fifa, o Santos repetiu, contra o Cruzeiro, os velhos erros da temporada e foi presa fácil para a Raposa, que não vencia há oito jogos e passeou no alçapão santista.


Após um primeiro tempo equilibrado, o gol de Matheus Jussa de cabeça, aos 39 minutos da etapa inicial, em cobrança de escanteio, desestabilizou a equipe, que demonstra total falta de confiança e instabilidade emocional. Este aspecto foi abordado por Aguirre na entrevista após o jogo.


O treinador, por sua vez, também vinha cometendo muitos erros em suas escolhas. Na partida de quinta, sacou Jean Lucas, um dos poucos jogadores lúcidos e com qualidade técnica do time, e o meia Nonato no intervalo.


Optando pelo volante Tomás Rincón e o atacante Julio Furch em seus lugares, o Peixe ficou sem armador no meio-campo. Com dificuldades para criar, a equipe também se defendia mal e acabou tomando mais dois gols em contra-ataques.


A insistência do técnico em manter os limitados Rodrigo Fernandez e Mendoza como titulares, a decisão de tirar Marcos Leonardo e a demora em recompor o meio-campo com um meia de ligação, Lucas Lima, na etapa final, também mostram uma desconexão do treinador com o delicado momento vivido pelo Santos.


Sobra tempo e falta futebol
Jogando uma vez por semana desde que assumiu o clube, no dia 13 de agosto, Diego Aguirre só conseguiu fazer o Santos vencer um jogo, na heroica virada sobre o Grêmio, por 2 a 1, o dia 20 de agosto na Vila. Nos demais, quatro derrotas e um saldo, em cinco partidas, de dois marcados e 12 sofridos.


Na estreia do treinador, uma semana antes, o time foi goleado pelo Fortaleza, na capital cearense, por 4 a 0. Após um primeiro tempo equilibrado, que terminou empatado sem gols, o Peixe desandou em campo na etapa final, após sofrer o primeiro gol.


Do triunfo sobre o Grêmio, no entanto, o Santos desceu a ladeira. Foram duas derrotas, para Atlético e América, em Minas Gerais, ambas por 2 a 0.


A parada na Data Fifa deu a Aguirre 11 dias livres para que ele testasse novos esquemas, recuperasse jogadores e definisse uma estratégia para vencer o importante jogo contra o Cruzeiro, que faria o time respirar novamente no campeonato.


O que se viu em campo, porém, foi um time desorganizado, cedendo espaços para os rápidos contragolpes do time mineiro, e sem criatividade para incomodar o goleiro Rafael Cabral, que teve pouco trabalho na partida.


Há seis rodadas patinando na zona de descenso, restam 15 jogos para o Santos salvar a temporada e não manchar a sua história e a já abalada imagem do clube, desgastada durante a gestão de Rueda, evitando um inédito e vexatório rebaixamento.


Fato que, se acontecer, trará consequências financeiras ainda piores na próxima temporada. Fora da Copa do Brasil e da Sul-Americana em 2024, o clube ainda veria o seu cofre ainda mais vazio, com a queda de cota de patrocínio na Série B e provável saída de patrocinadores.


Nota do Santos


Confira abaixo a íntegra da nota do Santos sobre a demissão de Aguirre e a confirmação de Marcelo Fernandes como interino no jogo contra o Bahia:


"Por decisão do Comitê de Gestão e da coordenadoria de futebol, o técnico Diego Aguirre não comanda mais o time profissional do Santos Futebol Clube. O treinador foi comunicado da decisão pelo coordenador técnico Alexandre Gallo, na tarde desta sexta-feira (15). Também deixam os cargos os auxiliares-técnicos, Juan Verzeri e Juan Andres Iraola, e os preparadores físicos Fernando Piñatares e Ignácio Piñatares. O Santos FC agradece os serviços prestados e deseja boa sorte em novos desafios."


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