Próximo do Santos, Sampaoli divide opiniões de quem conviveu com ele

A Tribuna On-line foi em busca de referências sobre o treinador com quem acompanhou de perto alguns dos seus trabalhos

Por: Bruno Lima  -  15/12/18  -  00:49
Treinador esta 'apalavrado' com o Peixe para trabalhar em 2019
Treinador esta 'apalavrado' com o Peixe para trabalhar em 2019   Foto: Robbie Jay Barratt - AMA/Getty Images

Em vias de se concretizar, a chegada de Jorge Sampaoli ao Santos é aguardada sob um misto de expectativa e desconfiança. E isso se deve aos seus brilhantes trabalhos à frente do Universidad de Chile e da seleção chilena, e do decepcionante desempenho no comando da seleção da Argentina na Copa do Mundo da Rússia, entre junho e julho deste ano.


Para entender quem é o novo técnico do Peixe, A Tribuna On-line foi em busca de referências sobre o treinador com quem acompanhou de perto alguns dos seus trabalhos. E as opiniões sobre ele são bem divergentes.


Chefe da assessoria de imprensa da Universidad de Chile desde 2008, o jornalista Marcelo López define Sampaoli como um treinador obsessivo por trabalho e muito estudioso. Para ele, um dos melhores que já passaram pelo clube.


“Ele é muito sério. É um treinador que gosta do jogo ofensivo e de pressionar o adversário em seu campo. Se pensarmos pelos resultados, foi um dos maiores nomes da Universidade do Chile. Ganhou o tricampeonato chileno e a Copa Sul-Americana (2011) de maneira invicta, com a equipe jogando em grande nível e superando grandes times do continente”, relembra.


Durante a convivência com Sampaoli, Marcelo se deparou com um técnico que analisa os times adversários de maneira jamais vista. “A sua comissão técnica tem profissionais altamente treinados para ajudá-lo, mas ele se envolve demais com o trabalho. É um treinador que assiste várias vezes aos jogos dos adversários à procura de pontos fracos ou maneiras de enfrentá-los”, acrescenta.


Uma outra característica de Sampaoli é o cuidado com os jogadores jovens. Segundo Marcelo, o argentino costuma usar bastante garotos nos treinamentos para ir conhecendo as suas caraterísticas e depois lancá-los na equipe. Contudo, é um profissional de pouca paciência com atletas preguiçosos. “Ele é exigente e alguns jogadores podem não gostar. Porém, com os resultados os jogadores acabam se acostumando ao seu estilo e acreditando naquilo ele propõe”.


Se no Chile, onde posteriormente assumiu a seleção nacional, Sampaoli é idolatrado, na Argentina o seu trabalho não deixou saudades. Contratado no meio das Eliminatórias da Copa do Mundo da Rússia para levar o selecionado do seu país ao Mundial, o técnico deixou o cargo após a competição sob diversas críticas – o time caiu nas oitavas de final, após perder para a França por 4 a 3.


Gustavo Yarroch, da Rádio La Red, de Buenos Aires, acompanhou Sampaoli durante a Copa do Mundo e não tem dúvidas em dizer que a sua passagem pela Albiceleste foi “uma profunda decepção”.


“E digo isso porque a equipe em nenhum momento jogou como os outros times que se diferenciaram pelo estilo de Sampaoli. A Universidade de Chile conquistou a Sul-Americana jogando muito bem, o Sevilla também teve as caraterísticas de Sampaoli. Já a Argentina nunca adotou o seu estilo. Houve problemas internos com os jogadores, que quiseram controlar a armação da equipe. Foi muito ruim. Faltou personalidade a Sampaoli no Mundial”, diz Yarroch.


O jornalista, entretanto, entende que o treinador merece uma segunda chance. “Se foi uma decisão correta do Santos contratá-lo, só o tempo irá nos dizer. Sampaoli merece uma revanche. Com exceção da seleção argentina, a maioria dos seus outros trabalhos foi muito boa. Ele é um técnico que dá potencial às suas equipe e agora tem um desafio muito grande que é o de voltar a ser ele mesmo depois de um fracasso tão grande quanto foi na última Copa do Mundo”.


As críticas mais pesadas a Sampaoli, no entanto, vêm da Espanha, onde ele comandou o Sevilla na temporada 2016/2017. Repórter do Diário de Sevilla e autor de um livro sobre o treinador - O amadorismo e eu - José María Lopez Guerra, garante que o técnico é "medíocre".


“Como treinador, ele diz que joga no ataque, mas taticamente é um desastre. Se o Santos tiver bons jogadores, ele jogará bem, mas se não tiver, será como a Argentina foi na Copa do Mundo. Como pessoa, posso te dizer que ele nunca quis falar com a imprensa e, às vezes, era até mal-educado”.


Ainda de acordo com José María, o começo de Sampaoli na equipe espanhola foi bom, mas o time se perdeu e terminou o campeonato de maneira frustrante. “Não deixou saudades nenhuma. Ele é um técnico que tem mais nome do que qualquer outra coisa. Além disso, enganou a todos aqui, porque dizia que não estava negociando com a Argentina e ele estava fazendo isso sim. Tanto que assumiu a seleção”.


Logo A Tribuna
Newsletter