Conmebol adota protocolo rígido para entrada no Maracanã, mas não impede aglomerações

Exames, exigência de máscara e cuidados com a higiene são seguidos, mas torcedores se aglomeram nas arquibancadas

Por: Alexandre Lopes  -  30/01/21  -  22:35
Protocolo rígido da Conmebol é aprovado em decisão
Protocolo rígido da Conmebol é aprovado em decisão   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

O dia 30 de janeiro de 2021 ficará, para sempre, na memória dos amantes do futebol brasileiro e, em especial, dos cerca de 5 mil 'sortudos' que tiveram a oportunidade de, como convidados, jornalistas ou staffs, acompanhar a decisão do que, sem sombras de dúvida, entrará para a história da Libertadores como a competição mais inusitada de todos os tempos. Na decisão da maior competição futebolística das Américas, Santos e Palmeiras puderam, mesmo que de forma tímida, ouvir os gritos e a empolgação da torcida após um longo período de portões fechados. Muitos cuidados e protocolos foram seguidos. Dentro do estádio, porém, não se viu distanciamento


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A equipe comandada pelo técnico Cuca não sabia o que era um torcedor na arquibancada desde o dia 7 de março de 2020, quando venceu o Mirassol por 3 a 1 pelo Campeonato Paulista. Já o Palmeiras não era empurrado pela nação alviverde desde 14 de março, no empate por 0 a 0 contra a Inter de Limeira. A torcida, é verdade, não está de volta de forma definitiva, e os próximos confrontos voltarão a ser com portões fechados. Apesar disso, neste sábado histórico para o futebol brasileiro, jogadores e torcedores, mesmo que poucos, puderam se reencontrar. E não faltoemoção aos gritos, a plenos pulmões, de “Vamos ganhar Porco” e “Vai pra cima deles Santos”.


Para que isso acontecesse, porém, um 'esquema de guerra' foi montado pela Conmebol. Ninguém foi autorizado a entrar no Maracanã sem a comprovação, por meio de teste feito em laboratórios autorizados, de que não estava com o coronavírus. Jornalistas, torcedores contemplados, patrocinadores e staff tiveram que ir, horas antes do jogo, em um 'posto de controle' da confederação para que o exame fosse conferido e validado antes de receber a credencial que dava acesso ao estádio.


O biomédico santista Carlos Campos, proprietário do Laboratório de Analises Clinicas Cellula Mater, foi um dos torcedores santistas convidados para assistir à partida. Campos, inclusive, teve participação ativa no protocolo da Conmebol desde os primeiros dias de preparação para a final, já que vários atletas, familiares e torcedores procuraram seus exames para conseguir o credenciamento.


“Fiquei impressionado com a organização e o profissionalismo de toda a equipe da Conmebol. Todos os processos foram realizados com êxito para que a partida pudesse acontecer, desde o recebimento das credenciais. Outro ponto que temos que destacar é que todos os exames de PCR exigidos para a credencial foram avaliados por médicos autorizados. Em menos de 30 minutos foi avaliado o meu laudo, tirei a foto e recebi a credencial. A Conmebol está de parabéns”, disse.


Do caminho do hotel até o estádio, os torcedores não encontraram problema e fizeram o trajeto em cerca de 30 minutos. Já na porta do Maracanã, não foi difícil encontrar jornalistas e torcedores contrariados por conta das informaçõesimprecisas passadas pelos organizadores. Debaixo de um sol escaldante, com uma sensação térmica beirando 40 graus, as pessoas buscavam entender como acessariam o estádio, andando de uma porta a outra, até encontrarem a forma correta de acesso.


Achado o acesso, para entrar no estádio, porém, a situação foi facilitada, mesmo com os cuidados com a pandemia. Pias, apesar da água fervendo por conta do calor, foram colocadas nas entradas para que os convidados higienizassem as mãos e, em seguida, álcool em gel era distribuído e a temperatura medida. Os cuidados da Conmebol chamaram a atenção do empresário santista Geraldo Pierotti, que também é conselheiro do Alvinegro. Ele foi convidado para a partida por um dos patrocinadores e compareceu ao Maracanã ao lado dofilho, também completamente apaixonado pelo Santos.


“É uma sensação de alegria e de prazer. Costumo ir em quase todos os jogos, tenho cadeira cativa na Vila Belmiro, mas há quase um ano não via um jogo de perto. Por conta da pandemia, infelizmente, os cariocas foram impedidos de assistir à partida. E tenho certeza que a maioria torceria para o Santos. O Maracanã era o nosso palco nos anos dourados. Todas as medidas de segurança da Conmebol foram importantes para o espetáculo”, afirma.


Início dos problemas


Por alguma decisão injustificável da Conmebol, apenas um dos anéis inferiores do Maracanã acabou sendo liberado aos torcedores. De um lado, os do Santos. Do outro, quase que misturados, os do Palmeiras. A grande maioria, é verdade, utilizou máscaras o tempo todo. Outros, porém, ignoraram a situação, apesar dos apelos das equipes de segurança.


Torcida do Santos durante a final
Torcida do Santos durante a final   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Ao longo do jogo, porém a situação acabou saindo do controle. Por mais que a orientação fosse que os torcedores permanecessem em seus lugares marcados, com uma boa distância entre um e outro, a maioria, na base da empolgação e da emoção, acabou esquecendo a orientação e começou a torcer como se fossem um só, com direito a abraços e milhares de selfies.


O sistema de som do Maracanã, inclusive, pediu diversas vezes durante a partdia para os presentes no local colocarem a máscara.


Imagens registradas por A Tribuna durante a partida mostram a aproximação dos torcedores. O Maracanã, atualmente, possui capacidade para quase 80 mil torcedores. Com um pouco mais de planejamento, os convidados poderiam ter sido divididos em outros setores do estádio, o que evitaria esse tipo de problema.


Palmeirenses assistem a final da Libertadores
Palmeirenses assistem a final da Libertadores   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Quem trabalhou no jogo, porém, elogiou bastante a estrutura montada dentro do estádio para a imprensa que, ao contrário da torcida, não ficou aglomerada. “É algo maravilhoso. Cada um no seu quadrado, todo mundo de máscara e respeitando a pandemia. Me senti absolutamente seguro ao entrar no Maracanã por conta dos protocolos de segurança. Claro que algo pode acontecer, ninguém esta imune. Mas tudo foi respeitado para os riscos serem minimizados. Ver a torcida no estádio, de novo, é um prazer. São esses caras que fazem o futebol. São o combustível de uma transmissão”, afirmou o radialista santista Alexandre Prieto.


Apesar do protocolo da Conmebol ter sido testado, ainda não há prazo para que o futebol brasileiro possa a voltar a ter torcida dentro dos estádios. Nos últimos dias, o Brasil voltou a ter números altíssimos de contágios e mortes provocadas pelo coronavírus.


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