
Decisões equivocadas e posturas, dentro e fora de campo, que comprometeram a campanha do Alvinegro ( Foto: Raul Baretta/SFC )
Confirmada a inédita queda do Santos para a Série B do Brasileirão na noite desta quarta-feira (6), saltam aos olhos razões para explicar o revés histórico do Peixe. Algumas causas estão bem claras, refletindo momentos, decisões equivocadas e posturas, dentro e fora de campo, que comprometeram a campanha do Alvinegro. Confira oito delas:
Mudança frenética de treinadores
Desde que o presidente Andrés Rueda assumiu o cargo, em 2021, foram contratados oito treinadores: Ariel Holan, Fernando Diniz, Fábio Carille, Fabián Bustos, Lisca, Odair Hellmann, Paulo Turra e Diego Aguirre. A lista aumenta com as inclusões de Orlando Ribeiro, então técnico do sub-20 do Peixe e que encerrou interinamente a temporada passada, e o atual Marcelo Fernandes, que está como efetivo, mas retornou para a comissão fixa do clube. Os que duraram mais foram Carille (entre setembro de 2021 e fevereiro de 2022) e Hellmann (de janeiro a julho deste ano). Muitos nomes, com características distintas de comando, e pouco tempo de trabalho para cada um. Não poderia dar certo. E assim foi.
Vila Belmiro perde a força
Apesar da torcida santista, na maioria das vezes, esgotar os ingressos disponíveis, a Vila Belmiro parece ter perdido sua magia e o medo que impunha aos adversários, muito em razão das equipes de baixa qualidade técnica formadas pelo Peixe ao longo destes anos. Para se ter uma ideia, o Santos tinha invencibilidades de sobra envolvendo o estádio e contra equipes grandes do futebol brasileiro. O verbo ter passou a ser mesmo conjugado no passado, até porque muitas foram por água abaixo.
Indefinição no comando do futebol
Se a ciranda de treinadores foi extensa no Santos, o mesmo raciocínio se aplica à contratação de dirigentes esportivos, além dos períodos em que o cargo ficou vago no clube, até a chegada do atual, Alexandre Gallo. Felipe Ximenes, trazido por Orlando Rollo no final do ano passado, foi demitido por Andrés Rueda nas primeiras semanas de 2021, pouco antes da final da Libertadores contra o Palmeiras. O presidente, inclusive, chegou a se confessar arrependido por ter mandado embora no mesmo ano o substituto, André Mazzuco. Depois, tanto com o inexperiente Edu Dracena, com o ultrapassado Newton Drummond e com o desinformado Paulo Roberto Falcão, o Peixe enfrentou problemas dos mais diversos dentro e fora de campo.
Falta de assertividade em contratações
Constantes mudanças de treinadores e indefinições no comando do futebol do Santos só poderiam resultar em falta de assertividade de contratações. Atletas com longos vínculos, custos altos e baixa produtividade foram uma constante, que ajudaram a inchar um elenco de qualidade absolutamente duvidosa.
Falta de vitórias longe de casa
Se a Vila Belmiro perdeu sua magia, os problemas nos jogos realizados longe de seus domínios também foram constantes - e isso acontece há tempos. Nesta temporada, especificamente, o Peixe fez 31 partidas nestas condições, com oito vitórias, seis empates e 17 derrotas.
Saldo de gols absurdamente negativo
O saldo de gols do Santos no Brasileirão retrata fielmente o caos que foi a campanha que resultou no rebaixamento para a Série B. O time encerrou o campeonato com absurdos 25 gols negativos, com 38 gols marcados e 62 sofridos. Só não havia levado mais gols que os rebaixados de longa data América-MG e Coritiba.
Problemas disciplinares
Em meio aos resultados ruins, problemas disciplinares também ajudaram a compor o cenário da queda. Em julho, o atacante Soteldo passou a treinar em separado, por conta da desobediência a uma ordem do então treinador Paulo Turra, por ter se recusado a treinar com os reservas. Pouco antes, em junho, Lucas Pires e Nathan foram punidos por terem sido flagrados numa balada na madrugada, quando havia treino marcado para as 10 da manhã. Mais recentemente, o atacante Marcos Leonardo e o meia Jean Lucas teriam se atrasado para a apresentação antes da viagem para Curitiba, para o jogo do último domingo, contra o Athletico.
O fator Andrés Rueda
Marcado pelo maior vexame da história do Santos, Andres Rueda Garcia entrega o clube com sua autoestima seriamente abalada. Apesar da fama de bom gestor, e ter conseguido equalizar algumas contas, a carência de títulos e os seguidos insucessos em várias competições ajudam a compor um cenário nebuloso. Vaiado com frequência pelos torcedores, é a imagem de um Santos em baixa.
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