Revolução portuguesa em 3 meses

Treinador Abel Ferreira cruza o Oceano Atlântico para obter na América a maior glória da carreira e recuperar um elenco que não estava bem sob comando de Vanderlei Luxemburgo

Por: Bruno Rios  -  31/01/21  -  23:51
Palmeiras recebe o River Plate para confirmar a vaga na final da Libertadores
Palmeiras recebe o River Plate para confirmar a vaga na final da Libertadores   Foto: Divulgação/Palmeiras

Se hoje o palmeirense pode sorrir de orelha a orelha, um dos responsáveis é o técnico Abel Ferreira. O português de 42 anos teve um início de trabalho fulminante no Brasil, conquistando a torcida e o elenco. Em 90 dias, ele não só levou o Palmeiras ao bicampeonato da Copa Libertadores como conduziu o time à final da Copa do Brasil, contra o Grêmio, a ser jogada em 28 de fevereiro e 7 de março.


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Mais que isso: o treinador deu padrão tático à equipe, que em nada lembra o time que, até outubro, patinava nas mãos de Vanderlei Luxemburgo. Segundo o jornalista Mauro Beting, da Jovem Pan, TNT Sports e SBT, um dos principais acertos de Abel é recuperar o meia Gustavo Scarpa e o atacante Rony, que recentemente passou a fazer os gols tão esperados desde sua chegada ao clube, em fevereiro de 2020.


“Tendo acabado de chegar a um clube, uma cidade, um estado, um país e um continente, o Abel fez o Palmeiras ir mais longe do que eu imaginava. Para mim, o Vanderlei é um dos maiores treinadores do Brasil, ao lado do Telê Santana, e o maior da história do Palmeiras, mas o trabalho não estava legal. Méritos do Abel, que em pouco tempo conseguiu resgatar jogadores e dar alternativas táticas e técnicas ao time”.


Sem peso


Os acertos do português impressionam ainda mais pelo fato de, profissionalmente, ele só ter treinado duas equipes antes do Verdão: o Braga, de Portugal, e o PAOK, da Grécia. O jornalista Bernardo Ramos, do BandSports, lembra que Abel sequer era acostumado a grandes jogos como os que têm disputado no Brasil. Na Liga dos Campeões da Europa, o máximo que chegou foi à 3ª fase preliminar com o time grego.


“Ainda assim, ele chega aqui e, em três meses, coloca o time no topo da Libertadores e na final da Copa do Brasil, praticando um futebol muito melhor, embora com suas limitações, em relação ao que a equipe mostrava com o Luxemburgo. Isso mostra como estão atrasadas as ideias do futebol brasileiro”.


Além do entusiamo no dia a dia e à beira do campo durante as partidas, o treinador português chamou atenção na entrevista de apresentação ao mostrar conhecimento do histórico do Verdão, citando as Academias de décadas atrás, e a sinceridade quando questionado sobre a necessidade de melhorar a performance do time, mesmo sem tempo para treinar.


“Não me peçam para que, sem treinar, o time jogue como as minhas equipes anteriores jogavam, pois não há tempo”. Ainda assim, o futebol mudou da água para o vinho. Abel possui cerca de 70% de aproveitamento, além de resultados expressivos, como os 3 a 0 sobre o River Plate, na Argentina, pela semifinal da Libertadores, e o massacre de 4 a 0 para cima do Corinthians, pelo Brasileirão.


“Nem o Santos de Pelé e as Academias do Palmeiras foram perfeitas, mas esse time atual está atingindo o máximo com pouco tempo de trabalho e em três frentes (Brasileirão, Libertadores e Copa do Brasil). O Verdão atual pode melhorar defensivamente, em especial na bola aérea, mas tem como um dos méritos a transição ofensiva”, analisa Mauro.


Na última semana, Abel se definiu em uma entrevista coletiva como um otimista, dando uma pista do intenso trabalho desenvolvido com o elenco do Verdão no dia a dia. “Aconteça o que acontecer, sou sempre positivo. Quando Deus quer uma coisa, ela acontece e temos que aceitar. Para ganhar títulos temos que estar em clubes como o Palmeiras. Por isso atravessei o Atlântico”.


Carreira


Como jogador, Abel Ferreira foi lateral-direito e passou, entre 1997 e 2011, por Penafiel, Vitóriade Guimarães, Braga e Sporting Lisboa, onde encerrou a carreira. Teve dois importantes momentos proporcionados por treinadores brasileiros. O primeiro foi com Paulo Autuori, que promoveu sua estreia na elite portuguesa pelo Vitória de Guimarães. O outro foi com Felipão, que o convocou para a seleção daquele país.


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