É por amor a São Vicente que a dona Neusa Machado Blume, 80 anos, vai às urnas todo ano, mesmo isenta da obrigação. “Se eu não lutar por mim e pela minha gente, quem vai?”, justifica. No entanto, apenas a atenção na escolha dos candidatos não quer dizer que a Vila Cascatinha, onde mora desde 1947, recebe os devidos cuidados.
“Tudo por aqui está fedendo, vivemos com problemas de esgoto. Tanto na descida do quartel quanto na Avenida Nove de Julho, canos de esgoto a céu aberto, as crianças da rua vivem se machucando quando jogam bola, já caíram dentro da vala... Isso não tem cabimento”.
Pra completar, ainda há lixo por todos os lados, “falta de respeito do povo, mas também de limpeza”, diz ela, e problemas no asfalto. “Obras inacabadas de vários governos. Começam e largam. Ruas todas pela metade, algumas com paralelepípedo, outras abertas na terra e buracos”.
Parque São Vicente
Onde mais há moradores insatisfeitos é no Parque São Vicente. Por lá, o que a estudante Larissa Camargo, 22 anos, reclama é da precariedade na iluminação pública. “Lâmpadas amarelas, muitas queimadas, que não adiantam nada. Quando saio com os meus cachorros à noite, evito caminhos escuros, por medo de ser abordada”.
Às quintas, a feira livre é na rua lateral, a Tupi. Ao fim do dia, quando acontece a lavagem, a falta de inclinação na rua não ajuda a água fétida a escoar, o que concentra todo o odor nas janelas das casas. O problema é ainda agravado pela falta de bueiros e os poucos existentes entopem com lixo. “É insuportável respirar ali. Dá nojo até de pendurar roupas... Depois fica tudo fedido”.
Vila Margarida
Enchentes são o principal ônus de residir no bairro, afirma o porteiro Ronival dos Santos, 43 anos. Morador há 28, afirma que pouco melhorou na Vila Margarida e México 70 desde então. “Na Vila, o problema é pra escoar a água da chuva. Muitas ruas ainda estão desligadas da rede de esgoto e parece que nenhum governo se importa. Valas a céu aberto, trazendo doença, muitos ratos... Serviço de dedetização eu nunca vi”.
Com família na comunidade ao lado, que já constou entre as cinco maiores favelas da América do Sul, o vicentino teme pelas altas da maré no verão. “Todo ano, é a mesma coisa. Pior que [a água] sobe de repente... E também não tem o que fazer. Ninguém quer viver nesta condição. Espero do próximo governo que olhe para os bairros também, não só a praia”.
O que foi feito
A Prefeitura de São Vicente informa que, desde novembro de 2019, os ônibus municipais são geridos pela Otrantur Transportes e Turismo, com demanda mensal de um milhão de passageiros. Quanto à pavimentação, foram 90 quilômetros de vias recapeadas, totalizando 181 ruas e avenidas.
Já na Iluminação, 3.290 pontos foram atendidos com novos postes e lâmpadas de LED, nos bairros Itararé, Gonzaguinha, Boa Vista, Centro, Beira Mar, Bitaru, Voturuá, Japuí, Náutica, Rio Branco, Irmã Dolores e Humaitá.
Limpeza e restauração de canais
Segundo o Município, a instalação de novas comportas nos canais soma 7 quilômetros, além de 15 quilômetros de limpeza nos bairros México 70, Vila Margarida, Bitaru, Catarina de Moraes, Jóquei Clube, Catiapoã, Sambaiatuba, Vila Fátima e Cidade Náutica.
Desobstrução de galerias pluviais
De janeiro de 2017, a agosto de 2020, a cidade informa 3.818 serviços de desobstrução de galerias. Já quanto ao recolhimento de resíduos, a média anual é de 89 mil toneladas de sólidos domiciliares e 54 mil toneladas de limpeza urbana.