"Está na hora de Guarujá correr para alcançar outras cidades da Baixada Santista”, desabafa o vigilante Mauricio Tadeu Serra, 47 anos. Morador da Vila Lígia há 5 anos, ele acompanhou toda a passagem da atual gestão e afirma que ‘a não ser que você só ande na praia’, não há condições de ser motorista sem perder as estribeiras.
As maiores dificuldades enfrentadas são justamente no planejamento do trânsito (ou “falta de”, como diz Mauricio). “A começar pela pavimentação – que não acontece. Em Santos, onde me criei, frequentemente a gente vê recapearem boa parte da praia, como as avenidas principais. Aqui, não. Principalmente nesse pedaço que eu moro e vou trabalhar, organização não existe, caminhões param no meio da pista e a Engenharia de Tráfego não fiscaliza, não multa”.
Outro problema, na visão de Mauricio, é na sincronização dos semáforos. “Na Avenida Thiago Ferreira, no Itapema, Vicente de Carvalho, parece que cada farol funciona quando quer. A gente perde o maior tempo no trânsito, porque não dá pra andar muito a cada vez. Também existem radares absurdos, como um em frente a uma igreja com velocidade de 30km/h. Onde já se viu isso em via pública?”, questiona.
Pro turista ver
Ainda por terminar, os investimentos na orla são inegáveis. Em agosto deste ano, foi anunciado o plano para duchas, lava-pés e banheiros públicos nas praias do município.
Já na periferia, a população mal tem água. “Nos dias mais quentes, sempre falta por aqui”, conta o estudante Kaio Marcelo Salomão Rodrigues, 18 anos, do Pae Cará. “A gente corre para guardar durante o dia, porque sabe que à noite não vai ter. Garantido mesmo, só quando chove”.
O fisioterapeuta Ali Abdul Rahim, morador das Astúrias, compara com nitidez a diferença entre praia e barros. “Não dá pra negar que a atual gestão fez um trabalho focado em turismo. Melhorou a iluminação, asfaltou as vias... Mas o guarujaense que mora em outros lugares sente falta de atenção. É para esse lado que o próximo prefeito deve olhar”.
Trata Brasil
Entre 2019 e 2020, Guarujá subiu 7 posições no Trata Brasil, índice que classifica as cidades de acordo com as condições de saneamento básico. Os dados informam um total de 82% das residências com acesso a água potável pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Já o tratamento de esgoto está presente para 67,93% dos domicílios. Este ano, o órgão registra 920 novas ligações, sendo que outras 19,2 mil ainda estão pendentes para a totalidade dos atendimentos.