Moysés Fernandes é o 12º candidato à Prefeitura de Santos entrevistado por A Tribuna

Se eleito, o candidato do Partido Verde pretende reposicionar a Secretaria de Meio Ambiente para que ela tenha um poder de decisão maior

Por: Da Redação  -  24/10/20  -  11:24

Moysés Fernandes (PV) é o 12º candidato à Prefeitura de Santos entrevistado por A Tribuna. Se eleito, pretende reposicionar a Secretaria de Meio Ambiente para que ela tenha um poder de decisão maior nas políticas públicas. Além disso, o candidato acredita no modelo de parcerias público-privadas (PPPs) para o gerenciamento de equipamentos públicos na área da saúde e para a construção de moradias populares. Ele pretende criar a Zona Verde para atrair mais empresas ao Município.


Se o senhor for eleito, qual será a prioridade do mandato?


O primeiro ato da nossa gestão é ir a pé até o Legislativo para entregar um projeto de lei para a criação da Zona Verde no Município, um dos principais pontos do nosso plano de governo. Será uma área com incentivos fiscais para que Santos volte a atrair empresas, pois estamos perdendo competitividade para outras cidades. A gente teve uma perda muito grande de postos de trabalho ao longo dos últimos anos. Algumas dessas vagas foram fechadas por conta da pandemia, mas isso já vinha ocorrendo e precisa ser enfrentado. Não vamos gerar empregos só porque a gente quer. A Câmara terá um papel importante ao participar dessa discussão e para a aprovação dessa nova legislação. 


No seu plano de governo, você fala da revisão tributária dos comércios do Centro Histórico. Essa Zona Verde englobaria os bairros dessa região?


A gente pensa fortemente na região central, nessas áreas que precisam ser ocupadas, como a Vila Mathias e o Paquetá. Quando a gente olha para Santos há 20, 30 anos, nós tínhamos indústrias aqui. Um exemplo era uma que trabalhava com sardinha e tinha mais de 3 mil postos de trabalho. A gente precisa criar condições para que esses produtos sejam processados aqui. Essas cargas não podem passar apenas pelo Porto de Santos. 


Pretendemos criar um núcleo de especialistas ligado ao gabinete do prefeito para captação dessas empresas e fazer um trabalho sistemático para que dê resultado. A gente precisa levar essa informação às empresas para mostrar que a instalação delas nessa Zona Verde vai gerar o retorno aguardado por elas e gerará mais empregos na Cidade. Precisamos tornar Santos novamente competitiva. Sei que a isenção de impostos nem sempre é bem vista por parte da população, mas isso gera naturalmente outro tipo de arrecadação e outros efeitos, como mais empregos.


O candidato pretende manter as Organizações Sociais (OSs) no gerenciamento de equipamentos públicos municipais?


Não é o modelo que eu acredito que seja o mais adequado até por conta daquilo que a gente escuta falar sobre as OSs. Existem outros modelos que poderíamos utilizar, como o do Hospital do Subúrbio, em Salvador (BA), uma experiência de parceria público-privada (PPP) e hoje é considerado uma referência de equipamento público. Além das PPPs, eu farei questão de valorizar o servidor público. Infelizmente, todo mundo bate no servidor, mas, durante a pandemia, se não fossem os hospitais públicos e os profissionais do SUS, a gente, talvez, tivesse um número de mortes ainda maior no País. As pessoas perceberam que se houver recursos e uma gestão razoável do setor, o sistema de saúde dá conta. O problema é que estão deixando sucatear o setor, chegando a um ponto insustentável. E isso sobra para o servidor, que não tem insumos e equipamentos necessários para fazer o melhor atendimento. 


Para o pós-pandemia, o candidato cita como uma de suas propostas o acompanhamento psicológico dos cidadãos. Como surgiu essa ideia?


Ninguém está saindo ileso desse processo que estamos vivendo. Eu mesmo cheguei a pensar em não disputar a eleição por tudo o que aconteceu comigo. Eu não saí ileso dessa pandemia. Sou um profissional liberal que atende empresas. Muitas fecharam e isso me afetou. Estou hoje como candidato pelo compromisso que assumi com o PV. Muitos servidores e muitos cidadãos foram afetados. Isso não é algo fácil, mas precisamos em estratégias e parcerias para viabilizar isso, dando respaldo para essas pessoas que estão passando por muitas dificuldades. Cuidar de pessoas pode ser apenas um discurso e precisa ser levado para prática. Caso contrário, isso cai no descrédito e no vazio, como a gente já viu em outros momentos. 


Como garantir a formação continuada dos professores da rede municipal e valorizá-los, assim como os demais servidores?


É importante valorizar verdadeiramente os servidores públicos e não da boca para fora. A lei hoje impede aumento dos vencimentos, mas, se houver condição, vamos reajustar os salários para repor a inflação do período. Não posso ser leviano, pois não dá para saber quais serão as condições financeiras da Prefeitura em 2021. Valorização não é só salário e vamos discutir isso com os sindicatos. O servidor precisa de reconhecimento, de projeto e de uma estrutura adequada. Temos uma grande tecnologia disponível hoje, mas ela está à disposição nas nossas escolas? Um exemplo próximo está na Praia Grande, onde temos escolas muito bem equipadas e até em melhores condições do que colégios particulares. Isso tudo foi feito por uma gestão pública. Se você pegar uma criança e colocá-la diante de um professor com uma estrutura nova, com tecnologia, onde o docente pode colocar o seu talento para fora, ele vai se sentir valorizado. Se você insere ele dentro de um projeto onde se sente parte daquilo, vai se sentir estimulado. O prefeito nada mais é do que um gerente da Cidade. Para o gerente fazer um bom trabalho, ele precisa sair do gabinete, visitar escolas e hospitais e conversar com as pessoas, sem intermediários, para entender o que está acontecendo no Município. 


O senhor cita no plano de governo a intenção de reposicionar a Secretaria de Meio Ambiente. O que isso significa?


É você dar condições para ela realmente funcionar. Temos uma questão importante que é o lixo. A gente está em uma situação em que o nosso aterro sanitário está próximo de esgotar sua capacidade, e precisamos resolver essa situação. Hoje, estão querendo instalar uma URE (Unidade de Recuperação de Energia), que é um nome bonito, mas que, na prática, é uma usina para queimar lixo e que produzirá resíduos tóxicos, que, segundo especialistas, não poderão ser colocados no aterro. O transbordo desse material para o Interior será custeado pelos santistas. Precisamos dar garantias para que essa secretaria possa atuar e que as principais políticas passem pela avaliação dela. 


Quais são os seus planos para as empresas municipais, como CET-Santos, Cohab Santista e Prodesan?


Precisamos olhar a CET-Santos e a Cohab Santista com mais cuidado para saber o que acontece ali e o motivo de terem grande número de funcionários. Precisamos entender a falta de projetos para o setor habitacional e por qual motivo os semáforos deixam de operar a cada chuva. Em relação à Prodesan e à usina de asfalto dela, eu vejo que elas são capazes de gerar riquezas e empregos à Cidade ao participar de licitações. A Prodesan, com o seu quadro de técnicos, pode gerar diagnósticos ricos e, a partir deles, gerar um planejamento de ações. Por outro lado, temos um grande número de comissionados e temos que entender quem são essas pessoas. Não sou contra comissionados, mas eles precisam ter sua competência reconhecida. Sobre a usina de asfalto, ela pode voltar a participar de licitações no Estado. Ela não é competitiva por qual motivo? Precisamos entender o que está acontecendo e que as empresas voltem a trabalhar para o desenvolvimento de Santos. 


Como o senhor pretende lidar com a questão dos moradores em situação de rua?


Precisamos trabalhar com a Saúde, com a Assistência Social, com a Segurança Pública e com o Empreendedorismo. Algumas pessoas estão alcoolizadas e são usuárias de drogas, que precisam de um atendimento específico. Algumas não saem da rua, porque não enxergam algo além e a Assistência Social tem esse papel para mostrar que um outro mundo é possível. Existem pessoas que perderam o emprego e foram para as ruas. Após essa separação, é preciso, por meio de parcerias, entrar o Empreendedorismo, que serve para ajudar as pessoas a voltar ao mercado de trabalho. Poderíamos aproveitá-las nos serviços de zeladoria. É desumano a gente fechar os olhos e permitir que elas fiquem lá. Algumas pessoas ligadas à criminalidade se passam por moradores em situação de rua e, por esse motivo, a Segurança Pública precisa estar envolvida. 


Como melhorar a zeladoria da Cidade?


Fazendo. Ela precisa ser feita durante todo o ano e não às vésperas do período eleitoral. O prefeito, como um gerente, como um síndico, zela pela estrutura da empresa e do prédio. O prefeito precisa cuidar da Cidade e precisa estar na rua. A preocupação não pode ser apenas a próxima eleição. Precisa ir além disso.


No plano de governo, o senhor cita a necessidade de o Município ter mais calçadas acessíveis e calçadas verdes. A ideia é que o Município assuma essa responsabilidade que hoje é dos donos de imóveis?


Se isso for possível, por que não? Precisamos criar um padrão na Cidade. A gente joga tudo hoje nas costas do cidadão e do servidor público, quando, na verdade, essa responsabilidade deve ser de quem está à frente do poder público. Não podemos permitir que os idosos caiam na rua por falta de acessibilidade, que o cadeirante não consiga subir em uma calçada. O munícipe já paga muito imposto. 


Como enfrentar o deficit habitacional?


Hoje, temos um deficit superior a 10 mil moradias e temos quase 4 mil pessoas vivendo em situações irregulares. Eu quero mudar as coisas, mas sabemos que não temos recursos para tudo isso. O cobertor é curto. Existem algumas cidades construindo moradias populares por meio de PPPs. Não quero levar o santista para São Vicente, Cubatão, Praia Grande ou Guarujá. Essas moradias precisam ser construídas aqui. 


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